Opostos

181 6 42
                                    




Ela estava tão perto que ele poderia sentir a respiração quente batendo contra seu queixo. Ele não pôde controlar a vontade de se aproximar um pouco mais dos lábios dela.

E então ela fechou os olhos.

Porque queria tanto aquilo quanto ele.

"Pega! Não deixa ela colocar isso na boca!"

Gritava Marselha de longe ao mesmo tempo que passos fortes se aproximavam. A atenção dos dois quase beijoqueiros foi atraída imediatamente para as costas do sofá onde estavam e para o corredor principal da base, de onde vinham os barulhos.

"Um docinho não vai matar ela! Deixa!"

Agora era Alícia quem gritava afobada ainda mais atrás no corredor.

Logo, Sofia, o bicho de Marselha, pôde ser visto correndo a todo vapor pelo corredor em direção ao salão principal. O bichano levava consigo algo rosado na boca, que quando mais perto Raquel pôde ver que tratava-se de um marshmallow.

Pelo corredor surgiram então Alícia e Marselha correndo como desesperados. Então Sergio e Raquel foram flagrados. Ele com as mãos na cintura dela, ela com as mãos em volta do pescoço dele. De lado no sofá, as pernas sobrepostas quase que completamente uma sobre a outra. Tão pertos o suficiente para respirarem o mesmíssimo ar.

Alícia freou no exato momento em que avistou a cena, Raquel retirou as mãos de Sergio de prontidão e ele fez o mesmo. Marselha continuou correndo atrás de Sofia pelo saguão principal enquanto o bicho se contorcia atrás de móveis e cantos da sala.

Sergio parecia que havia sido flagrado cometendo o pior dos crimes, Raquel mirava a amiga com olhar de paisagem, Alícia olhava sacana para os dois.

— Sergio! Me ajuda a tirar isso da boquinha dela! — Marselha gritou desesperado do outro lado da sala e Sergio viu uma oportunidade de sair da situação antes que o pavor sujasse suas calças.

"Você tava beijando ele?" Foi o quê Raquel entendeu perfeitamente da mímica facial de Alícia enquanto ela se aproximava do sofá.

— Eu não... Não! — Raquel sussurrou de volta, voltando aos poucos para a realidade.

— Você tava comendo a boca do doutor Sergio! — Alícia afirmou em sussurro quando chegou perto o suficiente da amiga para encará-la.

Mais atrás das duas, Sergio e Marselha travavam uma luta voraz com uma mola peluda de meio metro lutando pela defesa de seu marshmallow gliterizado.

— Eu não estava beijando o doutor Sergio, pelo amor cale a sua boca!

— Você estava convencendo o doutor Sergio a ficar na sua pesquisa dessa forma? Raquel, você já foi menos baixa...

— Pelo amor de Deus, Alícia!

— Você ia foder com o doutor Sergio no sofá do salão principal!

Nesse momento, um grunhido de dor foi ouvido no ambiente. Era Sergio quem havia sido mordido por Sofia.

— E você estava no quarto do doutor Marselha?! — a loira constatou finalmente com a situação.

Alícia paralisou e desfez contato visual. Raquel sabia que a havia pego agora.

— Eu não... Mas o quê houve com as suas mãos? — Alícia finalmente notou as novas luvas da amiga.

...

— Pelo amor de Deus, você nunca cuidou de uma criança ou algo do tipo? — Raquel reclamou do favor que Ágatha estava fazendo em ajudá-la a beber seu suco no café da manhã quando a menina acabou por derramar um pouco sobre a gola da camisa da professora.

All seasonsOnde histórias criam vida. Descubra agora