Meio amargo

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Quem é vivo sempre aparece não é mesmo. A vida acadêmica, pessoal e o trabalho chamaram com força e eu precisei dar mais atenção. Levo essa história com posso, espero que entendam ❤️

Alerta gatilho: Ansiedade. Drogas.

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Ela saiu em direção a porta e as alunas apenas se afastaram abrindo caminho para que não fossem atropeladas.

Sergio soltou o ar que nem sabia que prendia e se recostou na parede. Sua mente era um breu e seus ouvidos zumbiam. Uma lágrima escorreu pela lateral de seu rosto sem que ele se desse conta.

— Ela não pode fazer isso... — O cochicho de Manila para as demais amigas que ainda estavam congeladas na porta o chamaram a atenção e ele secou as lágrimas para evitar inutilmente que as garotas vissem.

— Sim, ela pode. E mesmo que não pudesse, eu não posso continuar com isso agora. — Ele disse mais para si mesmo do que para as garotas. — Foi um prazer conhecê-las um pouco mais, meninas!

Ele as sorriu com esforço e caminhou corredor adentro para seu quarto. Destino a arrumar suas coisas e ir embora de ali o quanto antes.

...

— Você não pode fazer isso! — Prieto grunhiu de volta para Raquel.

— Mas é claro que eu posso! Eu sou a líder dessa pesquisa!

— Eu já disse que a partir do momento em que a porra do governo se meteu na sua pesquisa bem mais do que as bolsas das suas alunas ou o seu salário como professora, você não pode fazer o que bem entender! — Ele cuspiu as palavras contra ela já irritado.

— Tenho motivos sólidos para isso! Ele me desrespeitou dentro do meu laboratório e interviu na minha pesquisa sem minha devida autorização, passou por cima das minhas ordens!

— Ora, por favor, Raquel. Eu já trabalhei em pesquisas e nós dois sabemos que não é bem assim que as coisas funcionam. O quê o doutor Sergio fez não é realmente passível de justa-causa como para expulsá-lo da expedição!

— Ele não é confiável, Prieto! — Ela se desesperou.

— Não confiável se tornará a sua pesquisa quando eu precisar levar até o ministro que os dois cientistas espanhóis mais comentados no mundo científico atualmente por conta da pesquisa do século estão agindo como crianças e não conseguem trabalhar juntos, principalmente levando como causa um motivo idiota que você tirou da sua cabeça! — Ele contra-atacou.

A carranca dela piorou e suas bochechas inflamaram em tons vermelhos.

— Primeiro, não sou espanhola. Eu sou basca. — ela o corrigiu e ele suspirou de tédio — E depois, eu não conheço esse cara! Você sabia que ele começou a pesquisa dos biorremediadores de pragas de plantação em associação com instituições de pequenos agricultores da agricultura familiar e logo depois vendeu a pesquisa para grandes latifundiários? As pessoas esquecem as coisas rápido demais! Ele foi indicado a um nobel por essa merda!

Ela fingiu que não desconfiava que o havia acontecido a mesma coisa que antes aconteceu com ela na fórmula que havia criado com Fábio, e fingiu que não sabia que ele não compareceu aquela premiação.

— E daí? Que merda isso tem a ver, Raquel? O cara vendeu para quem deu mais, porra! As pessoas querem dinheiro, isso te assusta? O quê você está fazendo aqui afinal, me diz?

— Eu estou aqui porque acredito na minha pesquisa e em um futuro mais saudável para as próximas gerações! Você pode ter certeza que o dinheiro...

— Ah, Raquel! Vamos, por favor! Essa ladainha toda você deixa para as entrevistas, para um cafezinho com a Greta Thunberg, para o green peace ou para quando você receber o seu nobel com um sorrisinho no rosto enquanto fala esse tanto de besteira militante mas na verdade está pensando nos bilhões que vai lucrar vendendo as auroras para dar um título verde às empresas mais poluidoras desse planeta! — Ele gargalhou alto. — Sem esse papo de miss ciência para cima de mim, por favor!

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