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Não, Jungkook não precisava de ninguém cuidando de si. Só precisava de alguém que o amasse.

Sabia o que os alfas da sociedade queriam ter um ômega para proteger, era sempre assim. Mas não era isso que queria. E tinha certeza que acabaria solteiro por isso.

Jungkook era, à sua própria e estranha maneira, único.

Um ômega fora dos padrões, coisa que achava que não poderia existir.

Mas sabia, que Seokjin não estava ali por gostar dele. Não romanticamente. Era só o instinto protetor de seu alfa lúpus.

Porque tinha que gostar de cheiro de alfa mesmo? Não dava para acreditar.

Se viu sentado em frente a uma tela branca. Havia de terminar outro quadro, planejava trabalhar em um novo o dia todo. Colocou os fones e começou a pintar. Queria ficar disperso do meio e forcar na quadro que seria uma encomenda para um cliente.

Enquanto as músicas tocavam em seus ouvidos, Jungkook mergulhava na pintura mais uma vez, perdendo a noção do tempo. A cada pincelada, uma nova dimensão se abria na tela, e ele se deixava levar pela inspiração. Só percebeu que estava terminando a obra quando a bateria do celular pediu por uma nova carga, trazendo-o de volta à realidade.

Olhou para a o quadro e se percebeu que Seokjin estava lá, presença do alfa ali, retratado mais uma vez em sua pintura. Novamente o pintara.

Um quadro com ele pequeno, com sobretudo azul e em local totalmente azul. Jungkook sorriu. Estava bom. Mais uma vez ganharia dinheiro pintando o alfa. Bom! Era só assim para conseguir pintar direito. Era só assim para sua mente trabalhar e se sentir empolgado com algo. Era só assim para se sentir vivo.

Jungkook sabia que quando o seu pai fosse embora, nada o segurava naquele mundo. Seria um abismo.

Olhou para o quadro e analisou. Estava lindo e tristonho. Como se prendesse a respiração e um oceano. Em um abismo. Sim! Seria o nome daquele quadro: Abismo.

Respirou fundo e se levantou. Ufa! Sua bunda havia doido. Olhou no relógio e nem se deu conta que passava das 22 horas. Havia ficado o dia todo pintando aquele quadro. Sua barriga roncava e ainda tinha que dar conta do alfa intrometido em sua casa.

Ao sair do quarto, Jungkook sentiu como se estivesse em um lugar completamente diferente. Tudo estava limpo, uma sensação de calma pairava no ar. Piscou várias vezes, tentando se acostumar com a mudança. Seus olhos encontraram Seokjin na cozinha.

ㅡ Jungkook. ㅡ O alfa sorriu e coçou a nuca. ㅡ Eu fiz sopa. ㅡ ele deu de ombros, parecendo um pouco nervoso. Puff! Estava com medo novamente, mas dessa vez de Jungkook.

O ômega o encarou com um olhar gélido por um momento, antes de voltar sua atenção para a casa. Tudo estava limpo. Era como se fosse um lar.

ㅡ Obrigado! ㅡ respondeu encarando o alfa pelo canto dos olhos e indo se sentar na mesa da cozinha com a cabeça baixa, sentindo-se envergonhado. O alfa arrumara sua casa.

O alfa colocou a sopa na mesa e se sentou em frente a Jungkook. Era tudo muito estranho, mas o ômega estava começando a gostar daquela sensação de normalidade. Após algumas colheradas de sopa em completo silêncio, Seokjin olhou para Jungkook de maneira desafiadora e disse:

ㅡ Você precisa comer regularmente.

ㅡ Você acha que eu não sei disso?

ㅡ Alguém já lhe disse que você é um ômega muito respondão? ㅡ  Seokjin perguntou, soltando um suspiro.

ㅡ O tempo todo. ㅡ  Jungkook disse dando nos ombros. E ele notou, pela respiração dele, que o alfa sorria. ㅡ Posso lhe fazer uma pergunta?

ㅡ Sim.

ㅡ Transaria comigo?

Que? Seokjin quase se engasga arregalando os olhos. Não esperava repentina mudança no rumo da conversa. Soltou o ar sério.

ㅡ Não imaginava essa pergunta

ㅡ  E o que você imaginava?ㅡ  retrucou o ômega. ㅡ É tão difícil assim? Acha difícil que eu arrume um alfa? Está aqui por pena?

Jungkook se encolheu um pouco ao não ser respondido. Não estava muito arrumada naquela noite, suas mãos e corpo cheios de tintas azuis, e, mesmo que estivesse arrumado... bem, ele não consideraria um bonito ou bom ômega. Sua barriga roncava só em lembrar que fora rejeitado outro dia pelo alfa.

ㅡ Eu não disse isso, embora você parece que precisa bastante encontrar alguém e que precisa, sim, de ajuda. Só de olhar vejo isso.

ㅡ Não te chamei para assumir esse papel, podemos separar isso? Está aqui porque quer, Dr. Kim.

O ômega o encarou com um olhar sério, depois voltou a atenção de novo para a sopa, terminando  e voltando para o quarto. Deixando o alfa atônico.

ㅡ Transaria sim ㅡ  sussurrou o alfa. Gostaria que o ômega estivesse ouvido.

...

Jungkook saiu pela janela, querendo evitar que o alfa o visse. Talvez devesse pensar que ele estava zangado. Bem, estava um pouco, mas não tanto assim.

Riu ao lembrar dos olhos arregalados de Seokjin diante de sua sinceridade. Ele não se importou, achou graça. Nunca foi muito bom com palavras doces, sempre foi meio rude, e era bom que o alfa soubesse disso.

Ao atravessar a rua, Jungkook conferiu se a porta da casa do pai estava bem fechada antes de entrar. Não havia ninguém lá, é claro. Era tarde, todos estavam dormindo, e ele passaria a noite com o velho.

ㅡ Está melhor, pai? ㅡ Jungkook perguntou quando viu o velho Jeon se mexer.

ㅡ Você fede a tinta e a alfa lúpus. Mas não é nem dos seus irmãos. ㅡ O velho resmungou.

ㅡ Eu sei. ㅡ Jungkook abaixou a cabeça.

ㅡ Está namorando, filho? Já posso partir? ㅡ Ele tossiu sem forças. ㅡ Arrume um alfa, filho. Um alfa bom que cuide de você, deixe este velho descansar.

E Jungkook chorou. Não queria deixar seu tio, que o amava como um pai, ir embora. Chorou segurando sua mão, sentindo o perfume que sempre o reconfortava. Chorou porque só tinha ele. Chorou porque não parava de pensar em como queria que Seokjin fosse esse alfa, mas sabia no fundo que não seria.

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Os capítulos serão pequenos nessa fic, ok?

Se não entender alguma coisa ou quiser fazer uma crítica podem ficar a vontade. Se quiserem ajudar ficaria feliz!!

Posso demorar para atualizar.

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