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ㅡ Você fede a alfa. ㅡ franziu o cenho. Jungkook bufou e revirou os olhos ao escutar aquela voz asquerosa. ㅡ O que está aprontando, querido irmão? ㅡ se aproximou.

Já era de manhã, e ele voltaria para casa depois de cuidar do seu pai a noite toda. Foi seu dia de ficar com o velho Jeon. Na verdade, ficava todas as noites. Somente quando precisava viajar para receber a marca — de Seokjin — um dos seus irmãos ficava em seu lugar.

Pela manhã, sempre havia um dos filhos, alfa lúpus, na casa dos Jeon.

— Quando vai me deixar em paz?

— Olha como fala comigo, ômega.

Jungkook bufou, desafiador, e cuspiu no chão com desprezo. Era um gesto que ele repetia sempre, como uma pequena provocação que sabia exatamente como irritar Ji-Ho. Havia algo quase cômico na situação, já que Jungkook tirava um prazer silencioso em vê-lo perder a paciência, mesmo sabendo que, em algumas ocasiões, aquilo lhe renderia uma surra. Ainda assim, ele não resistia à satisfação de provocar o "irmão", como se aquele ato o mantivesse no controle, mesmo que por um breve momento.

— Você é o único ômega com coragem de fazer isso. Ahh... acha que não posso te matar só porque somos "irmãos"? Não fiz até hoje por respeito ao pai, mas acredite, Jungkook, você não é meu irmão! E quando o velho se for, é melhor sumir da minha frente.

— Acha que eu quero ficar na sua frente? — Jungkook gargalhou, jogando a cabeça para trás. — Me faz rir demais, "irmão" — disse, carregando a última palavra com puro sarcasmo.

Ji-Ho sorriu de volta, mas era um sorriso cruel. Aquele ômegazinho sempre o tirava do sério. Um dia, ele o colocaria no lugar que lhe pertencia — abaixo de qualquer alfa. Sem aviso, Ji-Ho agarrou as bochechas de Jungkook, apertando-as com força, arrancando um grunhido de dor.

— Fica lindo com esse biquinho de peixe, Jungkook — disse, apertando ainda mais, enquanto o ômega se debatia inutilmente para soltar sua mão. — Você fede a alfa. É só uma putinha mesmo.

— Hugh... — Jungkook gemeu, seu rosto contorcido pela dor, mas o olhar ainda desafiador.

— O quê? Não entendi, ômega. Quer falar? Cadê o marrentinho que estava aqui agora há pouco, hein? — Ji-Ho provocou, apertando ainda mais o rosto de Jungkook, que resistia com os olhos cheios de raiva.

— Então é você que bate nele? — disse uma voz vinda de trás.

Jungkook reconheceu de imediato. Era Seokjin.

O alfa tentava, com todas as forças, controlar seu cheiro, seu instinto de posse. Não por medo de Ji-Ho, mas por consideração a Jungkook. Ele sabia que o ômega detestava alfas dominantes e o último que ele queria era que Jungkook percebesse o quanto seu lobo queria proteger e reivindicar o ômega ali, na frente do "irmão".

Seokjin sabia que Jungkook não apreciaria o cheiro de ameaça ou posse, ele era um ômega arisco para aceitar isso.

Nem sabia por que estava ali. Sabia que Jungkook tinha pulado a janela e o viu chegar à casa do irmão. Não que o estivesse perseguindo. Não, mas... ele havia sido espancado. Estava sendo cuidadoso.

E por esse cuidado, estava ali, à frente do alfa que tinha suas mãos no rosto do ômega.

— Você... bateu nele? — rosnou Seokjin novamente, ao ver o alfa ainda com as mãos em Jungkook.

— Você de novo. — Ji-Ho afirmou.

— Você com as mãos no meu ômega de novo.

Então, Ji-Ho, abruptamente, recuou soltando Jungkook. E o fitou.

Só o fitou.

Jungkook olhou assustado para Seokjin, seus olhos negros e profundos o atraíam de uma forma quase hipnotizante. Algo no modo como ele respirava, no jeito que olhava, falava e simplesmente existia, fazia seu coração bater mais rápido.

— Seokjin... — murmurou, esfregando as bochechas doloridas.

— Bom dia, Jungkook-ah. Vim lhe buscar — respondeu Seokjin calmamente, com um tom calculado, deixando subentendido que aquilo tudo era parte de um teatro. — Deve estar cansado, parece que lhe deram uma bela surra um tempo atrás. Está se sentindo melhor?

— Estou me sentindo melhor — mentiu Jungkook, tentando manter a compostura.

— Não parece — Seokjin comentou, sem desviar o olhar.

Jungkook desviou, incomodado com a intensidade do alfa e, ignorando seu irmão.

— É melhor irmos.

— Sim — Seokjin assentiu, pronto para levá-lo embora dali.
...

— Jamais repita isso...— sussurrou Jungkook com raiva ao entrar em casa, com Seokjin logo atrás.

— Me desculpe, eu... já arrumei minhas malas. Estou de partida. Não vou mais lhe abusar — Seokjin disse, pegando sua mochila perto da porta.

Jungkook travou. Como assim, ir embora? Ele não podia deixar isso acontecer.

— Sinto muito — disse de repente, correndo até o alfa e colocando as mãos em seus ombros. Seokjin parou, prestes a abrir a porta. — Não vá — pediu, com a voz rouca.

Mas Seokjin não se virou.

O alfa não respondeu, não sabia o que Jungkook realmente queria dizer.

— Seokjin — disse Jungkook, a urgência na voz. — Eu sinto muito. Eu realmente sinto muito. Você me ajudou tanto e eu...

— Eu sei — respondeu Seokjin. — Mas isso não melhora as coisas.

— Não — Jungkook murmurou.

— E não torna as coisas mais justas — completou Seokjin, a determinação em seu tom.

— Não — repetiu Jungkook. — Eu fui injusto.

— Sim — confirmou Seokjin, virando-se para abraçar o ômega.

Jungkook não se mexeu.

Naquele momento, por um instante que fosse, não estava sozinho. Seokjin estava ali, envolvendo-o em seus braços, e Jungkook sentiu-se acolhido e seguro pela primeira vez, sem ser pelo seu tio.

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