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Seokjin sentiu que Jungkook precisava daquele abraço. O ômega parecia carregar um vazio profundo, uma dor que ia além do físico. Havia uma solidão em seu olhar, um peso que se acumulava em seus ombros.

Ele sabia que, por trás da fachada forte e do orgulho, Jungkook enfrentava batalhas internas que o deixavam exausto.

— Você... quer mesmo que eu fique? — Seokjin perguntou, um tanto sem jeito, enquanto mantinha Jungkook em seus braços, sentindo o calor do ômega.

Jungkook balançou a cabeça em uma afirmativa.

— Eu quero — afirmou.

— Sinto muito por ter atrapalhado seus planos, Jungkook. Mas não poderia ver essa situação e não fazer nada. — Seokjin apertou um pouco mais, sentindo a fragilidade de Jungkook.

— Ele... ele está muito doente. E meus irmãos, quer dizer, eles são meus primos. Eles são... um tanto...

— Não precisa falar se não quiser. Está cansado?

Olhou para ele, separando minimamente o abraço, observando por alguns segundos, se afastando, de forma a poder ver o seu rosto.

ㅡ Eu estou sim.

Seokjin percebeu a vulnerabilidade em seu olhar e se esforçou para transmitir conforto.

— Eu posso fazer algo para você comer — sugeriu o alfa, tentando não parecer desesperado, mas a preocupação escapava em sua voz.

Jungkook hesitou por um instante, a ideia de aceitar ajuda lhe trazendo um misto de alívio e vergonha.

— Não quero te dar trabalho... — murmurou, mas a fome em seu estômago era mais forte que o orgulho.

— Não é trabalho se eu quero fazer — Seokjin insistiu, um sorriso gentil surgindo em seu rosto. — Deixa eu cuidar de você um pouco.

Seokjin não queria ser invasivo, mas perdia toda a sua compostura com o ômega à sua frente. Por que estava se comportando daquele jeito? Deixando sua vida pelo outro? Havia quase três dias sem trabalhar e ligou para o hospital para pedir férias. Ele não era desse tipo.

Estava apaixonado? Como uma pessoa se apaixonava de uma forma tão rápida por alguém que nem mesmo gostava de alfas? Como poderia querer cuidar de alguém que não queria ser cuidado? Um ômega mandão, bagunceiro e respondão?

Mas estava ali, olhando para o rosto de Jungkook, que tinha uma fisionomia forte e doce ao mesmo tempo. Seu maxilar exalava masculinidade e sua boca parecia a de um adolescente.

— Seokjin? — sussurrou ele, ou pelo menos foi o que pensou ter ouvido. Pois estava perdido nas órbitas negras de seus olhos. Viu os lábios dele formarem seu nome mais do que de fato ouviu sua voz.

E então, de alguma forma, o momento parou. Só tinha olhos para Jeon Jungkook. Estava... estava apaixonado pelo ômega?

— Desculpe. — Ele se livrou do abraço um pouco sem graça, voltando à realidade. — Eu... eu vou fazer.

— Eu vou tomar um banho — disse desconcertado, saindo para o banheiro da pequena casa, agora limpa.

Seokjin poderia se afogar naqueles olhos. Pensou. Poderia muito bem se afogar em Jungkook.

...

Muito provavelmente, ele queria evitar Seokjin e decidiu que não sairia do quarto, embora não houvesse motivo algum para isso, somente a vergonha. De qualquer forma, ele não deixara o outro ir embora, o que era nítido: havia um desejo pela companhia do alfa.

E, pior, pedir para Seokjin ficar era o mesmo que pedir para estar ali cuidando de si. Mas só em saber que ele iria embora doía. Ele percebeu que doía em seu coração pensar em não vê-lo de 15 em 15 dias ou nunca mais. Se desesperou com a sensação.

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