Ela se forçou a ficar acordada vendo o sol pela janela desaparecer pouco a pouco. Algumas horas tinham se passado desde a saída do Capitão, e no momento ele ainda não tinha voltado para aquela casa. Estava sozinha, perdida em seus pensamentos com uma angústia em seu peito, pois, estava se sentindo responsável pela tomada de decisão dele, que no caso, era correr o risco.
Mikasa sempre soube que o Capitão era mestre no seu ofício, e sempre tomava as melhoras decisões para o momento, mas aquela havia sido uma estúpida decisão. Sair em plena luz do dia para procurar ervas, com tantos titans transitando lá fora depois de tudo o que passaram, era simplesmente um ato estúpido. Sabia que em outro momento ele não agiria assim precipitadamente, se arriscando desse jeito, inclusive por alguém. Então a sua mente lhe jogou o fato que ele estava agindo para a proteção dela, pois este, nutria sentimentos amorosos por sua pessoa.
Se horas antes Mikasa ainda tinha algum tiquinho de dúvida sobre esse amor que o Capitão tinha por ela, agora não tinha mais, desde que esta ação foi sua maior prova de que ele realmente estava falando sério.
Não conseguiu seguir com o seu plano de ficar acordada, quando a dor tinha se tornado um anestésico. Além de tudo, a febre e a fraqueza no corpo sugou toda a sua força, de modo que até o ato de pensar e se manter consciente tomava um grande esforço.
Então chegou um momento em que tudo escureceu, e ela não respondia mais as coisas que aconteciam ao seu redor.
Algumas vezes Mikasa teve flashes muito rápidos.
A visão estava um pouco embaçada. Mas, dentro dessas poucas vezes em que abriu os seus olhos, enxergava a ponta de seus próprios pés e o lampião ainda aceso, iluminando-a na escuridão. Em outro momento, encontrou apenas uma profunda escuridão e barulhos de insetos, o que indicava que a chama do lampião tinha se apagado, e que provavelmente era muito tarde da noite. Na terceira vez encontrou o lampião em cima da mesa aceso novamente clareando todo o ambiente e a própria visão que tinha sobre ela. A figura do Capitão ao seu lado da mesa passando algo úmido em sua perna, e depois ele na sua frente sussurrando "beba" quando um líquido amargoso desceu pela sua garganta. E então, como uma miragem, o rosto dele se apagava em um borrão desaparecendo como uma sombra.
Não soube distinguir se aquele conteúdo fazia parte dos seus sonhos ou se era a realidade, entretanto, quando tudo ficou escuro novamente, Mikasa mergulhou em um profundo silêncio. Um silêncio sem sonhos, sem sensações, sem dor, sem pensamentos. Apenas um vazio. Era como se nada existisse mais, era como se estivesse desaparecendo, a sua consciência falecendo.
~Trigésimo quinto dia~
Um zumbido estridente passou por toda a extensão dos seus ouvidos, ficando mais forte quando sumia para dentro da sua cabeça, o que causou grande desconforto. Apertou os olhos com força em resposta, abrindo os seus olhos. Encontrou luz à frente quando olhou para a janela aberta. Recuperou a sua respiração, enchendo os seus pulmões de ar fresco que resgatou no ambiente. Olhou para o teto e soube que agora estava acordada, e que tinha consciência.
As sensações como dor na garganta, febre, fraqueza e ânsia de vômito tinham desaparecido, e ao que tudo indicava, a dor na sua perna diminuiu bastante.
Apoiou os cotovelos sobre a mesa notando que tinha força, e ergueu o seu corpo ficando meia sentada sobre a mesa. Colocou a mão à frente do seu rosto, para dosar a claridade que cortava a sua visão, provocando ardência em seus olhos. Talvez passou muito tempo dormindo, e não se deu conta da noção de tempo.
Mikasa caiu o olhar para a sua perna enfaixada. Passou os dedos levemente em cima do esparadrapo. Estava limpo, sem uma mancha de sangue, e sentia que ao contrário de antes, estava com um aspecto bem melhor. Ficou parada procurando juntar os fragmentos de memória e instantaneamente a sua última lembrança veio à tona, dos últimos acontecimentos.
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Não Posso Negar
RomanceErwin decide enviar o Capitão Levi para uma missão fora das muralhas e sugere Mikasa para ir com ele. Ele decide ir sozinho, mas ela decide ir com ele. Na porção de tempo que passaram fora, algo entre eles começa a surgir. Talvez um possível relacio...