Fugitivos Nunca se Dão Bem

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Mikasa recolheu o que restava de dignidade dentro dela, tomando uma dose da sua coragem que pouco tinha em seu peito, desencanando do seu quarto e procurando não transparecer que alguma coisa estava fora do lugar, como ela, o que era difícil, porque nunca precisou fingir nada. Ela não gostava dessa palavra "fingir" ou "mentir", preferindo a opção de ocultar suas emoções sem transparecer qualquer coisa em sua face, se escondendo das suas próprias lembranças e pensamentos que queriam vir com força.

Caminhou a passos precisos pelo corredor, porém calmos, se deparando com Eren e Armin logo mais a frente. Os dois a esperavam no corredor dos dormitórios com suas caras sonolentas, somada a ressaca.

–Mikasa!– Eren acenou quando viu a Ackerman continuando o trajeto quando ela os alcançou. – Você dormiu bem?

– Dormi. – Ela confirma levemente com a cabeça evitando olhar para ele.

Eren achou aquela resposta meio seca e estranha. Não evitou em olhar para Armin que também o encarava da mesma forma, compreendendo que tinha algo de diferente.

– Você está bem? –Indaga Armin agora.

– Eu estou... –Disse ela tentando não parecer tão nervosa diante deles.

–Conseguiu falar com o Capitão ontem? – Eren curioso continua puxando assunto, e ela hesita em falar parando de andar.

– Sim. – Mikasa desvia do assunto. – Porque estão com essas caras?

Embora estivessem bem arrumados, Mikasa conseguia perceber que os dois estavam "destruídos", expressando um cansaço aparente e uma lerdeza mental e corpórea, que de longe era notável.

Na noite anterior, quando Mikasa desapareceu como fumaça para ir atrás do Capitão Levi, Eren, Armin e os outros trataram de secar o que tinha na garrafa se livrando depois da prova do "crime". Se os superiores não tivessem uma prova não teriam ninguém para culpar, então se encarregaram de jogar a garrafa dentro de um pequeno poço que acharam por ali nas redondezas, mas, algumas horas depois, Eren, Armin e os outros começaram a sentir o verdadeiro efeito daquilo, uma maratona de sensações horríveis.

Armin passou mal vomitando o que tinha comido aquela noite quando tudo ao seu redor não parava de girar, Eren mal enxergava um palmo à sua frente por sentir que sua visão estava embaçada demais, andando sempre tropeçando no chão. Sasha ficou afobada querendo tirar a roupa no meio dos outros para tomar banho no lago, Jean ficou tagarelando o tempo todo sobre o quanto Mikasa era incrível, e os únicos que realmente permaneciam sãs ali eram Connie e História que tentaram acalmar os ânimos dos outros sem que chamassem a atenção dos demais que residiam dentro do castelo.

–Aquela bebida que Sasha roubou deixou a gente no pior estado possível. –Diz Armin ainda se sentindo um pouco mal. Seu estômago revirava. –Você ficou ruim Mikasa?

–Bom...– Mikasa se lembrou de ter ficado meio tonta quando foi procurar o capitão e depois sentiu sua cabeça latejar. –Meu corpo reagiu de uma forma diferente, não foi tão ruim assim sabe...– Ela lembrou das sensações que o Capitão lhe fez sentir durante o ato em que o prazer foi intensificado umas 10 vezes mais. – Foi... até bom.

–Ao menos alguém aqui se sentiu bem. –Diz Eren com um sorriso de lado, mas fez careta quando se concentrou no seu estado. – Eu nunca mais bebo aquilo, que sensação horrível.

Mikasa amenizou a sua feição com as expressões cômicas que Eren fazia a respeito do Whisky, era até divertido vê-lo com a cara torcida, emburrado, dando a entender que repugnava bebida alcoólatra de agora em diante, e por aquele pequeno momento de admiração, Mikasa se permitiu esquecer de tudo.

Não Posso NegarOnde histórias criam vida. Descubra agora