seven wings (TobiIzu)

segundo arco

Não estava em batalha desta vez. Tobirama somente estava caminhando entre os corredores de seu próprio templo. Era incrível como não se cansava de fazer isso todo o tempo. No olimpo era ensolarado sempre, lá não existia noite, somente no céu dos mundanos. Desde a última batalha que houve, e do... "Empecilho" que nela ocorreu, a mente do albino não conseguia retirar aquele peso do corpo, a culpa por trabalhar ao lado de um demônio... Era um ato de sobrevivência, mas ainda assim...

Suspirou, parando em frente a um quadro pintado pelo melhor pintor dos céus como presente para si. Era Deus ali, piedoso, os anjos deitados e ajoelhados sobre seus pés, estendendo as mãos, erguendo cabeças de demônios pelos cabelos como oferenda para o Senhor. Seu olhar encarou justamente sua imagem sobre aquela tela pintada com folha de ouro, prata e bronze, um vermelho feito de romãs para seus olhos escarlates. Estava sentado sobre o chão, tocando um dos pés do Salvador enquanto para ele erguia-lhe a cabeça daqueles seres tão vis. Os cabelos eram negros como ébano, a pele branca como marfim, olhos mortos e sem vida enquanto da boca e pescoço escorriam sangue. Lembrou justamente daquele demônio.

Aquele descendente do mal, aquela criatura luxuriosa... Sentia ódio dele só de lembrar da pequena cicatriz em suas asas, escondida por suas penas. Era para ter feito justamente o que mostrava a pintura, ter trago a cabeça empalhada dele — por mais que não tivesse gosto de colocar cabeças de demônios como decoração de seu templo, diferente de alguns anjos. Mas não deveria prestar atenção naquilo agora. Ele não merecia sua atenção, nem em mente. Principalmente quando uma de suas criadas apareceu apressada, se curvando e fazendo um leve barulho por conta dos colares de ouro que carregava sobre o busto.

— Senhor. — ele disse, a voz cansada por conta da correria que ocorreu

— O que foi? — continuava olhando para a pintura, fingindo estar a admirando

— Estão requisitando o senhor, em nome de Deus e do esquadrão dezessete.

— Dezessete? — indagou, confuso, finalmente olhando para ela, que permanecia com a cabeça baixa, asas vermelhas e medianas em suas costas estáticas — O que querem comigo?

— Não disseram, senhor. — falou a cupido — Somente pediram para lhe passar a mensagem sobre uma reunião que haverá no templo de Minato.

— Entendido. — suspirou — Pode voltar aos seus serviços, Agari.

— Sim, senhor.

A criatura de asas escarlates se levantou, assentindo ao ajeitar o vestido qipao e sair dali mais lentamente do que chegou, sem a pressa de antes ao colocar as mãos para frente. O anjo a observou ir embora, e quando se foi de vez, virou-se, caminhando agora até a saída do templo com destino ao de Minato, deixando a pintura para trás como se agora tivesse alguma maldição.

O rosto do demônio ainda pingava sangue.

×××

— Estou realmente agradecido por ter vindo o mais rápido possível, Tobirama. — Minato sorriu ao lhe ver entrando na imensa sala destinada somente a reuniões de seu esquadrão

Tobirama assentiu para ele, observando as outras pessoas que faziam o mesmo consigo. Alguns estavam surpresos, outros nem tanto. Havia anjos que já trabalharam consigo, que se transferiram de esquadrão e tudo mais. Certos deles o olhavam normalmente, mas sabia que não iam muito com sua cara. Não era muito amigável também, no fim das contas. Só porque tinha seis pares de asas não significava que também levariam seu caráter a sério, coisa que já havia ocorrido algumas vezes — mais perto de muitas.

O loiro, o comandante daquele esquadrão, foi um dos únicos que não ligava tanto para sua falta de atenção em certos momentos, palavras impulsivas em outros, grosseria em certos momentos. Sua personalidade era instável, contudo, o menor ainda assim tinha paciência para o aguentar em todas as suas conversas. Sua calma e tranquilidade espiritual era tanta que ele se assemelhava ao seu irmão, em certas horas. Talvez por isso também gostasse de passar o tempo com ele.