seven wings (TobiIzu)

quinto arco

Tobirama novamente estava lá, no mesmo lugar de uma semana atrás, mas com o objetivo muito diferente do da última vez. Caminhou em silêncio até o cemitério à sua frente, o qual encontrou Izuna em outro momento naquela mesma cidade. Foi diretamente por um caminho desconhecido até a lápide que leu da outra vez, onde dizia 'Nara Uchiha' e tocou a pedra áspera com a palma da mão, passeando os dedos pelo topo enquanto lia as informações que estavam ali, sem dar total atenção. E mesmo quando sentiu o cheiro que duraria muito tempo em sua memória, não se virou ou reagiu de alguma forma.

Desde que o havia visto naquele dia, cuidado dele e até o posto para dormir, nunca mais havia posto os pés em Tóquio até agora. Na verdade, nunca havia saído do céu. Era muito raro de acontecer — mesmo que de alguns tempos para cá, presumia que viria em frequência maior que desejada por seu cérebro. Até agora Deus não havia lhe chamado para nada, o que de certa forma aumentava sua preocupação sobre si mesmo e toda aquela situação em que se encontrava.

— Pelo menos não está me seguindo desta vez.

Suspirou profundamente, virando-se para ele em seguida, o observando com aquela expressão fria e fechada de sempre, como antes agasalhado e os cabelos presos para baixo, que balançaram com a brisa fria que passava por ali de vez em quando.

Izuna deu alguns passos para a frente, ficando diante da lápide com uma expressão vazia enquanto também passava a mão por ali, contudo, com algum sentimento que não sabia decifrar. Ele em seguida franziu o cenho, e com a outra mão segurou uma das mechas do cabelo, colocando em frente ao rosto.

— Obrigado. — disse ele, com o que aparentava ser muito esforço — Pelo que fez da última vez. Estava realmente muito bêbado, e não lembro de quase nada além de você naquele dia.

O albino não fez ou expressou nada, somente continuou a passar a mão na lápide.

— Quem é? — perguntou, virando a cabeça para ele, que continuava a acariciar a pedra

— Minha mãe. — falou ele sem receios, como esquecesse momentaneamente com quem estava falando, ou simplesmente estava muito agradecido — Ela sempre foi muito boa e não tinha motivos para ir pro mesmo lugar que eu e meu irmão. Foi recentemente que ela se foi, mas... Sempre soube que ela não iria pro inferno. — ele sorriu mínimo, mesmo que o maior não pudesse ver por conta do cabelo que cobria o rosto — E já que eu não posso mais vê-la, nem mesmo de longe, eu venho aqui de vez em quando. — depois, virou o rosto para ele, franzindo levemente o cenho — Estava procurando por você. Mas até que não demorou para voltar aqui. — colocou um sorriso convencido no rosto, encarando o do anjo — Veio me ver, foi?

Desviou o olhar, colocando as mãos nos bolsos e caminhando para fora do cemitério, sabendo que o Uchiha o seguia.

— Eu não venho muito à Terra. — respondeu, caminhando devagar e consequentemente logo tendo o moreno ao seu lado — Mas até que gostei da cidade. Nunca havia estado tanto tempo no mundo humano, e sempre que estava, sempre em missões. Não tinha tempo para fazer turismo.

— Vocês anjos gostam de fazer isso, não é? De não curtir a vida. — deu de ombros — A vida de vocês é eterna mesmo.

— A sua também.

Ele riu amargo.

— Essa eternidade é a mais pura morte, se você não sabe.

O encarou de canto de olho enquanto caminhavam; o moreno continuava de cabeça baixa, sem mostrar muitas emoções entre as rugas, que não existiam quando tinha aquele rosto relaxado e pensativo. Sua aparência era jovem, bem jovem. Diria que a de um adolescente. Provavelmente ele morreu como um. Franziu levemente o cenho por conta disto. Se sentir atraído por alguém assim, mesmo que também tivesse a aparência de alguém em torno de sua faixa etária de vinte e poucos anos, não o tornava meio errado, mesmo que achasse que já fazia algum tempo desde que o menor havia morrido? Ou talvez fosse só a impressão, as pessoas humanas tinham vários jeitos e aparências, algumas pareciam jovens mesmo mais maduras e algumas mais velhas mesmo muito novas.