Capítulo um: Akai-to

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A academia Ninja, responsável por realizar o treinamento dos futuros shinobis, era particularmente movimentada naquele ano.

Os pequenos e futuros ninjas pareciam ter muita energia para gastar, pulando e correndo por aí, deixando os instrutores de cabelos em pé.

Mas pequenos sons de choro e tristeza podiam ser ouvidos perto dos arbustos que ficavam um pouco afastados da academia.

Eles eram de um garotinho de cabelos negros como a noite mais sombria, e que possuia também olhos negros, sem nenhum sinal de luz. O pequeno rapaz chorava de frente a sua marmita, onde estava a comida do dia.

De repente, ele para de chorar ao ouvir sons de passos em sua direção.

Do meio do mato, surge uma garotinha de curtos cabelos azuis como o céu estrelado, enquanto possuía olhos perolados como se refletisse a luz da lua.

São olhos realmente belos. O garoto pensou secretamente.

— P-por que e-está c-chorando? — A garotinha perguntou.

O menino percebeu na hora que a garota era bem tímida, e que ela estava realmente se esforçando para dizer algo.

— ..Minha..minha mãe esqueceu de colocar meus tomates na minha comida... — Ele fala, meio cauteloso mas sem querer assusta-la, dando uma pequena fungada ao meio do choro, que começava a parar.

— A-ah... s-se q-quiser, p-posso t-te dar os da m-minha merenda... — Ela gagueja e cora, realmente que nem um tomate vivo.

O garotinho amava tomates.

— Faria isso? — O menino pareceu surpreso.

— S-sim, é c-claro. — Ela respondeu.

— ... Sabe quem eu sou? — o menino arqueou sua pequena sombrancelha, sentia que talvez aquela menina pudesse ser que nem as outras, que estavam somente interessadas em si.

A menina corou e balançou rapidamente sua cabeça em negação, com a ação que deixou ela meio tonta.

— É-é que...eu..eu n-não tenho n-nenhum a-amigo! — Ela cora ainda mais — Eu p-pensei que eu p-pudesse arrumar um a-amigo hoje...

O garotinho se supreende. Ele achou que a garota era uma de suas fãs da academia, mas parecia que ela nem sabia quem ele era, o que deixou ele confuso. Ele nem sabia que existia uma alma feminina por parte das estudantes que não prestasse atenção nele.

Ele pensou por uns instantes.

— Tudo bem. Pode ficar aqui comigo. — ele disse por fim.

Um sorriso brilhante iluminou o rosto da garotinha.

— O-obrigada! — Ela se curva e se aproxima timidamente do lugar onde o garoto estava.

Ela se senta e abre sua marmita.

O garoto salivou só de ver as grandes e deliciosas fatias de tomate, postas delicadamente sobre o gohan¹.

— A-aqui está, pode pegar. — A garota diz, gaguejando menos.

O garoto pega seus hashis e retira as rodelas da merenda da garota, as colocando na sua.

Mas aí ele percebe que seria falta de educação não dar algo em troca, e olha sua marmita em busca de algo para dar a garota.

Ele percebe que a garota estava olhando timidamente os doces que sua mãe tinha embalado para ele.

Que sorte, justamente o que ele não gostava. Ele odiava doces.

— Aqui, para você. — Ele pega os hashis e coloca os doces na marmita da menina.

— A-Ah! N-não é necessário! — Ela cora muito, e tenta devolver os doces com os próprios hashis, porém o menino impede.

Ele bate os hashis dele nos dela, para impedir que ela os devolvesse.

— É uma Troca. — Ele fala. — Seu tomate pelos meus doces.

— C-certo. — A garota concorda.

— Obrigado pela comida! — Os dois batem as mãos uma na outra, prestando respeito,  e começam a comer logo depois.

A garota ia começar a comer, até que o menino pergunta primeiro.

— Você... qual é o seu nome?

— H-Hinata...Hinata Hyuuga.

— Prazer, Hyuuga-san. Me chamo Sasuke. Sasuke Uchiha.

— Muito prazer. — Ela fala suavemente,  sem gaguejar dessa vez.

Sasuke finalmente reparou no cabelo curto.

— Acho que você é a primeira garota da academia que eu vejo que tem cabelo curto. —Ele deixa escapar.

— Hm...é porque corre um boato de que um garoto bem popular da academia gosta de garotas de cabelo longo, e eu não queria que ele pensasse que eu gostava dele, dai eu deixei curto. — Hinata fala.

Sasuke engasgou com o arroz. Era exatamente isso que ele havia pensado a princípio. Que ela era somente mais uma de suas fãs.

Mas que culpa ele tinha? Ele só falou que gostava de cabelos longos por causa de sua mãe! As outras garotas que entenderam errado!

— Uchiha-san, está bem? — Hinata bateu nas costas dele para desengasgar.

Sasuke respira um pouco e depois responde a garota.

— Estou bem. E é melhor que me chame de Sasuke, se me chamar de Uchiha-san vai gerar uma confusão aqui na academia. — Sasuke fala, mas era obviamente mentira. Não tinha nenhum outro uchiha na academia cursando nesse mesmo ano, era só uma desculpa para a Hyuuga não chamá-lo tão formalmente.

— Bom, só se você me chamar de Hinata, o que acha? — A garota fecha a sua marmita delicadamente, a pondo de lado e olhando para ele com um sorriso.

— Fechado, Hinata-chan. — Sasuke sorri e o rosto de Hinata logo volta a ficar vermelho que nem um pimentão, mas ela não gagueja quando diz:

— Fico feliz que meu primeiro amigo seja você, Sasuke-kun. — Agora foi o vez do moreno corar, mas diferente de Hinata, o tom rosado só passou um pouco pelas suas bochechas e na ponta de suas orelhas, meio que imperceptível.

E assim foi formada uma amizade que nós nunca teríamos pensado que poderia existir, e o que será que o futuro revela para esses dois?

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Glossário.

Gohan¹: Basicamente o arroz japonês, que é mais "cremoso" do que o arroz brasileiro, que nos estamos acostumados.

❝ 𝗨𝗻𝗶𝗱𝗼𝘀. ❞┇𝖲𝖺𝗌𝗎𝗁𝗂𝗇𝖺.Onde histórias criam vida. Descubra agora