Agatha Volkomenn sempre ficava sozinha na sala de rituais, pois quase todo mundo na Ordo Realitas a achava mal-educada e estranha. Ela compreendia o repúdio dos membros, mas não entendia as poucas pessoas que a tratavam bem. Poxa, ela fora responsável pela morte de um adolescente após realizar o ritual de troca de corpo com ele. Como alguém poderia ter empatia por ela? Enquanto divagava por esses pensamentos, duas pessoas entraram na sala: Arthur Cervero e você.
Agatha ficou surpresa com a chegada de vocês dois, então demorou-se no canto onde enxugava suas lágrimas. Estava chorando a morte da agente Elizabeth Webber, que foi assassinada na última missão. Ela estava desolada por não ter conseguido se desculpar com a cientista forense, por todo o caos que causara na Escola Nostradamus. Por não querer falar sobre isso, tentou fingir que estava tudo bem e foi em direção ao balcão.
— E aí, o que vai ser hoje? — ela perguntou com mais desinteresse que o normal.
— Eu preciso tatuar um ritual — Arthur respondeu. — Agatha, 'tá tudo bem? — perguntou preocupado, pois conhecia a ocultista.
— 'Tá tudo ok, Arthur. Vão para alguma missão de novo?
— Vamos. Estamos indo para Canadense e, pelo que tudo indica, será mais complicado que a última missão.
— Entendo. A tatuagem vai custar 20 pilas.
— Posso negociar o preço com você depois? Eu só tenho 13 contos!
— Sabe que não funciona assim, mano. Como é que vamos comprar o resto dos materiais se eu vender fiado pra tu toda vez?
— Agatha, pode fazer a tatuagem nele. Eu complemento o valor que faltar, ok? — você sugeriu sorrindo para ela. Foi só aí que a ocultista lembrou que você estava lá também.
— Ai, obrigado, [Nome], salvou minha vida! — Arthur agradeceu com os olhos brilhando, fazendo você sorrir mais ainda.
— Beleza. E você, o que vai querer, [Nome]?
— Só... conversar com você depois...
— Ok, irei tatuar o Arthur e já conversamos. É urgente?
— Acho que sim, mas dá para esperar você terminar o serviço.
— Beleza, vai demorar uma hora e meia. Senta lá, Arthur. — Agatha apontou para uma cadeira no canto da sala, onde havia uma mesa com várias tintas pretas para tatuagem.
[...]
Uma hora e meia se passou e, após terminar o serviço, Arthur deu seus últimos R$13,00 para Agatha e você complementou o que faltava. O guitarrista saiu meio triste da sala, pois agora não tinha grana nem para comer uma coxinha. Você e Agatha ficaram com dó, mas não podiam fazer nada quanto a isso. Se ela fizesse fiado para Arthur, teria que fazer para os outros membros da Ordo, o que não estava em seus planos.
Após estarem sozinhas, um silêncio um pouco incômodo se instalou no local. Aquilo estava deixando Agatha desconfortável, pois você era uma das pessoas que a tratava bem naquele lugar, então pensou ter feito alguma besteira que a magoou. Com isso em mente, começou a pensar no que poderia ter aborrecido você.
— Olha, eu prometo não perguntar se posso matar animais na sua frente, se é isso que 'tá te incomodando — Agatha começou a dizer, atraindo seu olhar para ela.
— O quê? Não, não é nada disso! Eu sei que você não vai matar os animais daqui... Eu só quero saber se você 'tá bem — você respondeu com um olhar sério e preocupado.
— Claro que 'tô bem. Eu preciso estar bem para continuar enfraquecendo a membrana.— Agatha, você pode conversar comigo se quiser. Sei que passou por muita coisa antes, então quero ser uma boa amiga e ouvir seus desabafos. Não precisa guardar tudo para si.
— [Nome], você não sabe da metade do que passei antes de vir pra cá. E eu só 'tô aqui porque o senhor Veríssimo precisava de ajuda para enfraquecer a membrana.
— Não sei mesmo, por isso percebo a dor que você carrega no seu interior. Eu sei que é difícil confiar nas pessoas, mas tente se abrir com quem te quer bem, pelo menos!
— Olha, [Nome], eu agradeço por você ser legal comigo, mas existem coisas que só eu posso carregar e suportar.
— Não tem receio que esse fardo seja maior do que consiga carregar?
— Acho que nada pior do que eu vivi pode acontecer.
— Entendo... Quero que saiba que pode conversar comigo quando quiser, ok? Quando sentir que precisa dizer algo, estarei aqui para lhe ouvir.
— Ok. Obrigada por isso, [Nome]. Você e o Arthur já me ajudam muito só de serem legais comigo.
— Todos merecemos uma segunda chance na vida, não é?
— É, acho que sim.
— Você é uma garota forte, Agatha. Eu admiro muito isso — você falou e, logo em seguida, deixou a sala de rituais.
Agatha ficou assustada com sua última fala. Fazia tempo que não se sentia feliz, então achou estranho. Sua vida nunca foi fácil e, depois que se envolveu com o paranormal, as bizarrices só aumentaram. Porém, sentiu-se um pouco mais forte que antes após ouvir suas palavras. Ela pouparia você de seu passado obscuro, mas cogitou se abrir mais com você e Arthur, afinal, vocês acabaram se tornando pessoas importantes para ela.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Imagines Ordem Paranormal
FanficImagines de ordem paranormal feitas pelo projeto "ImaginesLand"