Mais um dia desgastante a aguardava, depois de uma madrugada em claro. Já era a segunda noite em que você mal conseguia dormir, com preocupações lhe invadindo a mente. Mesmo tomando os calmantes, sua cabeça não lhe deixava em paz, e isso estava acabando com seu humor e disposição para voltar à missão.
Não que fizesse diferença, já que não precisaria acordar tão cedo no dia seguinte. Era isso o que lhe afundava. Talvez, se tivesse se esforçado mais, se dedicado mais, não estaria neste estado. Esses pensamentos machucam e desesperam, fazendo o coração palpitar e a pressão subir.
Quando você achou que se afundaria no limbo de sua alma, a campainha tocou. Foi inesperado, já que não esperava visitas. Poucos sabiam seu real estado, porque não gostava de falar sobre suas dores com muitas pessoas. Achava perigoso fazê-lo, pois temia que os outros começassem a fofocar e isso não lhe agradava.
Ficou surpresa ao atender a porta e ver cinco figuras que conhecia muito bem. Porém, não esperava vê-los em sua casa, já que sabia que estavam em missão. Era muito mais importante do que se preocupar com alguém, que mal consegue ajudar quando vai para uma.
— Vocês... precisam de alguma ajuda? — perguntou, tentando disfarçar o cansaço.
— Estamos preocupados com você, na verdade — um deles confessou, porque ninguém dizia nada.
— Por favor, não se preocupem comigo. Concluir a missão é prioridade, precisamos dar um fim ao Paranormal para vivermos em paz — você respondeu, encarando o chão.
— Não podemos deixar uma amiga nesse estado!
— Arthur, por favor... — disse, evidentemente exausta e demonstrando que não queria discutir.
— Nós somos uma equipe, [Nome]. E amigos! Eu não vou deixar mais ninguém para trás. — Outro homem, que estava ao lado de Arthur, parecia um pouco bravo.
— Joui, não adianta ficar irritado. — Um rapaz, de cabelos longos e pretos, pousou uma das mãos sobre o ombro alheio.
— Eu sei que não! Meu medo é deixá-la sozinha. — Joui rebateu, com o medo de perder mais um amigo estampado em seu rosto.
— Ei, [Nome] — chamou a única mulher do grupo. — Não adianta remoer as coisas que deram errado.
— Eu sei, Liz, mas não sei lidar com o fato de que poderíamos ter salvo o tio Chris. E, por incompetência minha, acabamos perdendo ele! — você gritou, nervosa, e socou a porta com tanta raiva e frustração.
Todos ficaram em silêncio. Era uma ferida aberta para todos, mas parecia afetar mais a você e César — apesar de ele não demonstrar muito. Mesmo que Chris tivesse sido um pai ausente para ele, os dois estavam conseguindo se aproximar aos poucos.
Pensar nisso fazia seu coração apertar ainda mais, pois sabia como era ter uma relação familiar conturbada. Não conseguir proteger a reconciliação deles lhe afundava cada vez mais naquele poço de culpa, e César parecia saber disso. Mas, não sabia o que dizer para você.
— [Nome], lutar contra o Paranormal é isso. Nós não sabemos se vamos voltar vivos para casa — Elizabeth respondeu, tentando ser o menos grossa possível.
— Eu sei! Quando aceitei entrar para a Ordem, eu sabia dos riscos! Só não pensei que seria tão doloroso assim.
Mais uma vez, você socou a porta, o que lhe causou um arranhão no punho. Todos a olharam, assustados. Não esperavam essa explosão, pois você era aquela que mais conseguia manter-se calma dentro do grupo. Talvez, agora eles soubessem que isso não era tão verdadeiro assim.
Ao perceber o que fez, você os encarou, assustada. Quando teve a reação de trancar a fechadura e fingir que não aconteceu, o homem que até então só estava fumando, lhe impediu.
— Nós todos estamos frustrados por perder o tio Chris, [Nome]! Acha que nós queríamos isso também? Foi uma missão fracassada!
— Se eu não tivesse errado aquele tiro, teríamos tido uma chance de salvá-lo!
— Se nós não tivéssemos errado, podíamos tê-lo salvo. Não fique carregando a culpa sozinha.
— Pare de tentar fazer eu me sentir melhor, Thiago. Isso não vai funcionar!
— [Nome], por favor, nos deixe ajudar. Somos uma equipe, não somos?
Arthur começou a ajudar Thiago a empurrar a porta.
— Por que vocês ainda se importam? A gente já perdeu tanta gente por causa dessa missão!
— Por isso não queremos perder mais uma! — Joui gritou, frustrado.
Nesse momento, todos ficaram em silêncio. Você parou de forçar a entrada, usando a madeira para apoiar a testa e chorar. A dor que sentia parecia não ter fim, por mais que as lágrimas escorressem. Enquanto estava apoiada, sentiu que eles tentavam, com cuidado, entrar em sua casa.
Você escorou-se contra a parede, deslizando o corpo até sentar no chão com os joelhos juntos ao peito, abraçando-os como se fosse uma criança.
Quando entraram, todos sentaram-se perto. Você sentiu duas pessoas, uma de cada lado, te abraçando fortemente. Abrindo os olhos, viu que se tratava de Arthur e Joui. Thiago, Liz e César estavam ali também. Aquilo lhe deixou um pouco mais calma, mas lágrimas ainda caíam.
— Eu sei que isso dói, [Nome] — Joui falou, com a voz embargada. — Mas precisamos continuar, para que ninguém mais se machuque.
— O caminho não vai ser fácil, mas precisamos continuar. — Liz pousou uma das mais em cima da sua, tentando lhe passar algum tipo de conforto.
— Podíamos ter perdido mais, se você não estivesse lá.
— Você pode pensar que não, mas você é importante 'pra equipe — Arthur murmurou, apertando ainda mais o abraço.
— Importante 'pra gente. — César acrescentou.
— Nós vamos estar sempre com você, ok?
Você se sentiu acolhida naquele momento. Mesmo com a mente bagunçada e confusa, conseguiu se concentrar no aconchego e na calmaria que eles transmitiam. Aquilo lhe trouxe a paz que tanto procurou nesses dois dias. Sentindo toda aquela união e carinho, pensou que valia a pena continuar por eles.
So I'm living for you
Yeah, I'm living for you
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Imagines Ordem Paranormal
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