Túmulo

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Túmulo —

Eles murmuram pelas ruas:
- Meu Deus, você emagreceu, já estava na hora!
E eu dou de ombros, e jogo para fora:
- Adoro passar fome, e sentir cada osso do meu corpo doer, e me diga, como é ser feia por dentro e querer morrer?

Algo na minha mente pede para que tudo isso pare
Alguém na minha mente tenta me manter consciente
Mas há tantos barulhos exteriores
Que meu mundo se suspende, derrubando-me para frente.

Não sou nenhum poeta, ator ou astro
Só tenho vários problemas
Uma garrafa de vinho, mentalmente fragmentado.

- Ele se foi, se foi
Então por que essa voz não some? Perdoe-me.

Nesses momentos, não tenho paciência e só quero dar um soco
Jogo meu punho contra a parede e vejo destruir-me os ossos.

Hoje comprei espécies de porcos em extinção, aluguei por um final de semana uma fazendinha
E murmurei - Vocês são minha salvação.

Algo na minha mente pede que tudo isso pare
Alguém na minha mente tenta me manter consciente
Eles murmuram pelas ruas:
- Ele só se casou por interesse
E eu dou de ombros, e sinto o mundo cair na minha frente.

Por isso no meu carro ando a noite
Sentindo seus retratos no banco de trás
Depois que alguém vai
Aonde se pode enterra-la definitivamente sem ninguém perceber a grande paz?

(A voz na minha mente)
Tenta me manter consciente.

Por isso os porcos podem me ajudar, engolido seu terno
Sem mais provas, cordas, ou algo que me incriminará.

(E a voz na minha mente)
Já não murmura tão mais consciente
Independentemente dependente
Vermelho ardente

Bairro NovoOnde histórias criam vida. Descubra agora