CAPÍTULO 8 - BÔNUS

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Massimo De Leone

Quando cheguei em na vinícola, no domingo a noite, não encontrei Helena pela casa e conclui que ela estava dormindo.
Mas na segunda cedo, quando desci, a casa estava tomada pelo cheiro de café e dos bolos que ela costumava fazer.

Conversei brevemente com ela e depois segui para a sede da vinícola, pois tinha uma reunião com Afonso e precisava resolver outros assuntos antes do nosso encontro.

Estávamos negociando parte de suas terras para que eu pudesse aumentar a plantação de vinhas, aquela região do Sul, era perfeita para o tipo de vinho que estávamos exportando, mas ele estava dificultando as coisas.

— Vi sua funcionária almoçando em Milagres, no sábado — ele comentou no fim da reunião.

Um fim de semana longe da vinícola foi bom para distrair a cabeça, mas não a ponto de esquecer que Afonso estava interessado em Helena.

Eu não tinha nada a ver com a vida da garota, mas me incomodava com essa conversa fiada dele.

Ou será que você tambem está interessado?

Uma voz alertou, mas eu ignorei.

Se Afonso se envolvesse com Helena, eu corria o risco de perder a funcionária e estava muito satisfeito com o trabalho dela. Quis me convencer de que era apenas isso.

— Deve ter ido comprar alguma coisa — comentei sem muito interesse.

— Ela estava com a neta de Silvino, seu funcionário. Acho que já fez amizade com Marina.

Afonso vivia pelas minhas terras e conhecia grande parte dos meus funcionários, muitos já tinham trabalhado para ele e quando saiam de sua fazenda procuravam trabalho na vinícola.

— Ela é nova na cidade, é bom que faça amizades — conclui e peguei um café.

— Estou interessado nela, De Leone, a garota é muito linda mesmo, acho que nunca vi uma moça tão bonita aqui pela região — declarou.

Isso eu não tinha como negar. Helena era toda linda.

— Você fala isso de toda carne nova que aparece por essas bandas — provoquei.

— Pois é, mas aquela ali é demais, mesmo que você não me passe o telefone dela, pode ter certeza de que uma hora eu consigo — rebateu e tive vontade de mandá-lo a merda.

— Quem tem que dar o telefone é ela — falei sem muita paciência.

— Uma hora eu consigo, nos fins de semana sempre tem alguma coisa no centrinho de Milagres, qualquer hora eu esbarro com ela por aí — disse e se levantou da mesa.

Me despedi de Afonso, extremamente incomodado com aquele papo furado.

Quando entrei em casa, caminhei pela sala, que estava com todas as janelas abertas, tinha um vaso de flores na mesa de centro e um cheiro gostoso de limpeza pelo ar.

Fui até a cozinha, bebi uma água, mas não encontrei Helena, imaginei que ela estivesse na horta, pois era o horário que ela aguava suas plantas.

Me aproximei de uma janela dos fundos e a avistei fazendo carinho em um gato preto.
Já tinha visto o bichano em volta de casa, mas não dei muita atenção.

Eu não gostava de interagir com pessoas, o que dirá com animais.
Ela conversava e acariciava aquele bicho como se ele fosse a coisa mais preciosa do mundo.

Naquele fim de tarde, ela estava usando uma calça jeans e uma regata branca.
Constanza sugeriu que eu providenciasse um uniforme para ela, mas declinei da ideia.

Dificilmente eu recebia visitas e gostava de olhar suas curvas bonitas, mesmo que fosse dentro de uma calça jeans. Ainda mais, depois daquele incidente com a toalha.

Deixei Helena cuidando do gato e fui para o meu quarto.
Assim como no resto da casa, as janelas estavam abertas e o quarto organizado e cheiroso.

Todas as minhas propriedades do Brasil e Itália, tinham funcionários muito competentes e caprichosos, mas Helena, colocava sua alma em cada detalhe.

Sempre fui muito analítico em relação a tudo, então era fácil perceber os centímetros que ela deixava entre uma almofada e outra ou a forma quase perfeccionista que ela arrumava os objetos.

Admirava pessoas que prestavam um serviço bem-feito, fosse na limpeza de uma casa, ou na hora de fechar um grande negócio.
Havia beleza na dedicação e eu enxergava isso nela.

Após um banho revigorante, eu desci para jantar e mais uma vez meus olhos me traíram e ficaram a observando enquanto me servia.

Ela era calada, mas depois da cena da toalha, se fechou ainda mais.

— Como foi o fim de semana? — perguntei para puxar assunto.

Ela já tinha recolhido as coisas da mesa e voltou para servir um café que eu havia pedido.

— Tranquilo, fui a cidade comprar umas coisas que precisava e depois descansei bastante — sua resposta breve deixou claro que ela não queria muita conversa.

— Quando eu estiver fora nos finais de semana ou no seu horário de descanso, pode usar a academia, a piscina e a sala de cinema que vive fechada. Não tem muito o que fazer por aqui, então vai servir para passar o tempo — sugeri.

— Obrigada, mas eu não acho certo, aqui é o meu trabalho — explicou.

— Eu sei, mesmo assim você está autorizada a usar — afirmei e ela assentiu.

Helena voltou para cozinha e depois de beber meu café subi para o quarto e liguei para Constanza.

Ela agradeceu a minha visita no fim de semana e me lembrou sobre a mala de roupas que Vitoria tinha enviado para Helena.

Acreditei que minha funcionaria ainda estivesse acordada, então peguei a mala e desci para entregar a ela.

Bati em sua porta umas duas vezes, até que ela abriu de olhos arregalados, parecendo um pouco nervosa.

Helena já estava usando um pijama curto, bermuda e regata. Não tinha nada demais naquela roupa, mas fiquei desconsertado.

— Precisa de alguma coisa? — perguntou e depois olhou para a porta do seu banheiro.

— Minha irmã costuma doar roupas e vestidos para minhas funcionárias. A pedido da mulher do meu amigo Álvaro, ela separou algumas coisas pra você — Expliquei e ela abriu um sorriso.

Algumas pessoas poderiam não gostar desse tipo de doação, mas Helena olhou com certa ansiedade para a bolsa de roupas.

— Agradeça ela por mim, comprei umas coisas no sábado, mas roupa nunca é demais — comentou e eu lhe entreguei a bolsa.

Enquanto ela colocava as coisas em cima da cama analise seus cabelos que desciam quase até a cintura.

Meu olhar vagou por sua bunda e coxas e me amaldiçoei.

Talvez não tenha sido uma boa ideia contratar uma mulher tão bonita.

— Depois eu olho tudo, muito obrigada — agradeceu.

Lhe dei um aceno de cabeça e estava prestes a ir embora, quando o gato preto saiu do seu banheiro e miou.

Helena me encarou de olhos arregalados.

— Desculpe, senhor De Leone, ele entrou aqui e eu fiquei com pena de mandá-lo embora — explicou.

Com a casa toda aberta, era fácil do bichano entrar.

Helena passava muito tempo sozinha, então o gato poderia lhe fazer companhia.

— Pode ficar com ele, desde que ele não entre no meu quarto ou no escritório — avisei e um sorriso daqueles surgiu em seus lábios.

— Obrigada, pode deixar que vou mantê-lo longe desses lugares.

Assenti e fui embora,  ainda sem saber por que tinha permitido que ela ficasse com aquele pulguento.

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O DESPERTAR DO VIÚVO: SERÁ RETIRADO EM 24 HORAS Onde histórias criam vida. Descubra agora