sumiço

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Colin sacudiu a cabeça em descrença.

– Não pode ser... Isso não faz o menor sentido.

Perry adiantou-se para confrontá-la diretamente.

– Você fugiu com esse homem? Por vontade própria?

– Como nos encontrou aqui?

– O cocheiro me contou

– Você não negou quando ofereci o meu dote como moeda de troca, devo acrescentar.

Colin não conseguia acreditar no que estava ouvindo.

– Você deu o seu dote para ele?

– Sim. – Ela terminou de descer os últimos degraus. – Em troca de me desobrigar do noivado tão em cima da hora.

– Eu nunca deveria ter concordado – David interveio. – Eu tinha um futuro promissor no Ducado sabe. Mas agora, quando tudo isso vier à tona, vou me tornar motivo de chacota em toda Londres.

– Oh, David... Por favor. Ninguém pensa em você nem metade do que você acha que pensam.

– Como é que é? Eu estou nos jornais pelo menos duas vezes por ano.

– Você é um homem de uma família influente. Abafe o escândalo e compre seu assento no Parlamento. Daí em diante, construa sua reputação na política... e, se me permite acrescentar, vai ser até melhor assim. No máximo, as pessoas vão julgar que você escapou por pouco. Vão inferir que foi minha culpa e que você fez bem em se livrar de mim.

– Ajude-me a entender o que está acontecendo aqui, Penelope – Colin apertava a ponta de seu nariz. – Se você cancelou o casamento naquela manhã, por que foi à igreja? E com todos os seus baús prontos?

Penelope olhou para todos os cantos menos para ele.

– Oh, meu Deus. Você planejou tudo isso?

– De certo modo. Eu não tinha como saber se você ia sugerir uma fuga, mas deixei tudo preparado caso sugerisse.

– Mas você disse que não queria fugir. Foi contra o tempo todo.

– Porque eu sou do contra. Está no meu sangue – ela mordeu o lábio. – Se eu concordasse de primeira, você teria suspeitado.

Colin deu-lhe as costas, passando a mão pelos cabelos.

– Inacreditável.

– Me desculpe. Sei que errei. Mas já fazia um ano que eu estava preocupada com o seu sumiço. Você nunca mais foi me visitar... e há meses eu percebi que não podia levar essa história do casamento adiante e...

– Há meses? – David guinchou.

– Por que ainda está aqui? – Colin girou para encará-lo.

– Porque... – David puxou a bainha de seu colete. – Creio que também mereço um pedido de desculpas.

– Para o inferno se você acha que vai ouvir um de mim.

– Sinto muito, David. – Penelope se aproximou dele – Muito mesmo. Deveria ter desmanchado nosso noivado há eras. Mas eu teria lhe prestado um tremendo desserviço se me tornasse sua esposa. Acho que nós dois sabemos que não combinamos em nada.

– Talvez não, mas... – David apontou com ojeriza na direção de Colin. – Mas, de todos os homens, tinha que ser justo ele?

– Sim – ela olhou de relance para Colin. – De todos os homens, só podia ser ele.

A emoção apertou seu coração como um punho cerrado.

– Você ouviu a minha Esposa – ele disse a David. – Agora já pode ir. Volte para Londres e divirta-se levando ainda mais corrupção ao Parlamento.

A irmã do meu melhor amigo Onde histórias criam vida. Descubra agora