Casa-se Comigo!

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Eis a primeira regra da amizade entre cavalheiros: Nunca, jamais se engrace com a irmã de seu melhor amigo.

Não e ponto. Nem pense nisso.
Não. Encoste. Um. Dedo. Sequer.

Colin Bridgerton nunca fora homem de seguir Regras. Mas promessas? Ele as encarava com a maior seriedade.

A amizade com Henry Featherigton havia sido a âncora dos anos turbulentos de sua juventude, por demais valiosa para ser arriscada. Portanto, fez um pacto consigo e agarrou-se a ele resolutamente – pelo menos o melhor que pôde – por anos.
Onze anos.
Onze longos anos.

Mais de quatro mil dias lutando contra a tentação de tomar Penelope Featherigton em seus braços e... Bem, os detalhes variam daí em diante. Basta dizer que, à parte o contato casual exigido pelas convenções sociais, ele jamais encostou nela – com uma exceção.

Após o funeral de Henry, a abraçou por horas enquanto ela chorava. Mas é óbvio que essa ocasião não conta. Hoje, todavia, Colin se viu tentado a quebrar sua promessa. Não, “quebrar” era eufemismo. Ele queria mandar os princípios às favas, queria pisoteá-los, esmagá-los até que não restasse nada além de areia triturada sob suas botas.

Droga, a visão de Penelope, tão linda em seu vestido de noiva, ocupava todos os seus pensamentos.

Não apenas ocupava, preocupava.

– Onde diabos está o seu noivo?

– Não sei ao certo – ela respondeu.

Ele andava de um lado para o outro no minúsculo anexo da capela, desviando o olhar do pescoço emoldurado por um delicado cacho avermelhado.

– Como o bastardo ousa te deixar esperando?

– O Sr. David não é um bastardo. É o filho legítimo de um advogado.

– Pouco me importa se ele é o Príncipe de Gales. O homem fez uma promessa a você e não está aqui para cumpri-la. Isso faz dele um bastardo.Um bastardo atrasado, ainda por cima.

– Ele não está atrasado, Colin – ela fez uma pausa. – Ele não vem.

– Impossível.

– É deveras possível. Na verdade, é evidente. Ele não está aqui, nem ninguém da família. – Penelope soltou um suspiro derrotado. – Deve ter mudado de ideia no último minuto.

– Mudado de ideia? Que tipo de idiota mudaria de ideia quanto a se casar com você?

– Um que queira uma esposa diferente, eu suponho. Alguém menos opinativa, mais maleável. Você, melhor do que ninguém, sabe que posso ser difícil.

Difícil Em se tratando de Penelope, a única dificuldade que ele tinha era manter distância.
Não era difícil, entretanto, entender por que um homem mais fraco poderia achá-la intimidadora. Penelope sempre fora mais esperta que Colin e Henry juntos. Era forte e confiante, afinal ter perdido a mãe tão cedo não lhe deixara opção.

E ela era passional. Se acreditava em algo, defenderia seu ponto de vista com unhas e dentes, sem jamais recuar. Ela acreditava que mulheres deviam ter direito ao voto, que prisioneiros deviam receber rações melhores, que viúvas de soldados mortos em combate deviam receber pensão. E que os filhos de beberrões jamais deveriam passar o Natal sozinhos.

Um homem tinha de ser muito otário para deixar uma mulher dessas escapar.

– Já chega! – ela exclamou. – Vou procurar o pároco e avisá-lo de que o casamento foi cancelado.

A irmã do meu melhor amigo Onde histórias criam vida. Descubra agora