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Simon estava deitado de bruços quando acordou de seu sono e, à medida que foi tomando consciência, sentiu todo seu corpo doer. Apertou os olhos com força e então os abriu devagar, sentindo-se atordoado, a visão ainda turva.

Com a boca seca, esticou o braço para alcançar a jarra de água sobre a mesinha lateral e não a encontrou - nem a jarra e muito menos a mesa - o braço caiu para o nada, batendo na base da cama.

Mais atento, percebeu que não estava em um dos quartos do Hotel, mas sim em sua casa, no seu quarto. Ficou ainda mais confuso de não lembrar como havia parado ali.

Moveu-se lentamente, usando os braços de apoio para erguer o tronco, chutou as pernas para fora da cama e sentou-se, o corpo ainda pesado.

Ouviu leves batidas na porta e em seguida, viu Ayub abri-la com um copo de água em sua mão.

— Você acordou, finalmente

Simon fez menção de responder mas deteve-se quando sentiu a cabeça doer, levou a mão até a têmpora instintivamente, massageando-a por alguns minutos em silêncio.

— Rosh! Simon acordou! — Ayub gritou para fora do quarto, ainda na porta, e Simon contraiu-se com a pontada na cabeça que o barulho lhe causou

— Quanto eu bebi? — Simon perguntou, a voz arrastada

— Pelo que parece, mais do que deveria.

Rosh adentrou o quarto com passos rápidos, movendo-se sem muita intenção de fazer silêncio, sentou-se ao lado de Simon na cama em um pulo, fazendo-os subir e descer com o colchão.

— Sabe o que minha avó dizia? — ela perguntou para o amigo, dando-lhe um cutucão no braço.

— Não — Simon choramingou, sabia que os amigos estavam torturando-o.

— Se você não sabe beber, beba mijo.

Ayub soltou uma risada alta e Simon pôde ver um sorriso divertido formando-se no rosto de Rosh à medida que uma careta formava-se no seu

— Eu já entendi

Ayub se aproximou, sentando-se também ao lado de Simon e ergueu o copo para ele.

— A água e o analgésico são para te ajudar com as dores da ressaca.

— Já para a ressaca moral… — Rosh disse de forma reticente e Simon arregalou os olhos.

— O que eu fiz?

Rosh e Ayub entreolharam-se mas antes que dissessem algo, Simon estendeu a mão no ar

— Esperem — abaixou a cabeça e apertou o nariz na altura dos olhos, forçando-se a pensar — Eu fui aquela festa porque estava irritado com Sara. Havia muita bebida e… dança e… nossa, muita bebida.

Os dois amigos assentiram enquanto ele falava — Não lembro de ter encontrado vocês. Na verdade… — Simon os olhou, apreensivo

— Na verdade você nem sequer tem falado com a gente — Rosh completou

— Há algum tempo — Ayub encarou as mãos em seu colo

Os três ficaram em silêncio, olhavam para todo lugar menos uns para os outros

— É… Sobre isso…

— Não precisa explicar, Simme

— Preciso sim, Rosh. Eu tenho sido um péssimo amigo — Simon curvou o tronco para frente e apoiou a cabeça em sua mão, encarando a parede à frente.

Havia fotos de Simon presas, registros dele pequeno, na praia, pescando com a mãe, alguns pôsteres do The Ark e desenhos que ele mesmo fez.

— Não vamos te culpar por isso. Nenhum de nós sabe realmente como é perder a mãe — Simon olhou para Ayub que sorria para ele em conforto

Das coisas que odeio em vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora