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O advogado de Linda conhecia Simon e Sara desde que eram mais novos. Foi ele quem cuidou de todo o processo legal que envolvia o funcionamento do pequeno hotel que Linda construiu em Pádua, há anos atrás, e manteve funcionando até então.

O hotel tinha um estilo rústico e aconchegante que remetia ás casas da Toscana. Seu interior apresentava uma decoração com ar leve e delicado.

A construção de três andares contava com dez quartos, uma cozinha ampla e confortável, um salão de refeições e duas salas de estar em que, em uma delas, Linda montou uma pequena biblioteca e na outra, colocou uma lareira.

Havia uma estufa e mesas para refeição ao ar livre no gramado dos fundos, onde também estava localizada uma grande e robusta árvore e um balanço preso a ela.

O hotel era para Linda mais do que uma propriedade, havia sido a primeira coisa em que ela aplicou suas economias, que gerenciou com as próprias mãos e trabalhou com uma equipe que, de tantos anos, viraram seus amigos e família.

— Simon e Sara, espero que estejam bem, na medida do possível — o advogado disse, sua expressão gentil

— Estamos tentando, Duarte — Simon respondeu com um meio sorriso

— Bom, não vou prolongar mais isso. Já havíamos conversado brevemente sobre os imóveis que sua mãe deixou e agora, lendo o testamento, a casa de vocês está no nome dos dois, Linda deixou uma poupança para Sara, para garantir seus estudos, e Simon, ela deixou o Hotel em seu nome.

— Como? — Sara indagou, um pouco alto demais

— Linda deixou escrito o desejo de que Simon pudesse administrar o hotel futuramente. Eu imagino que não eram os planos dela para logo, você ainda não entrou na faculdade, mas é assim que está registrado.

— Mas não pode ser... —  Sara olhou para Simon, confusa — Você não pode ficar não é? Você tem a Julliard pra cursar.

— Bom, há sempre a opção de vender o hotel também. Eu posso ajudá-lo com isso, claro

Simon sentiu-se um pouco atordoado.

Cuidar do hotel de sua mãe não era nem de longe um plano que ele tinha para sua vida. Ele queria ir para Juliard, queria sair de Pádua, queria tornar-se um grande astro da música.

Mas Simon estava embebido em culpa há dias.

Não conversou muito com Sara desde o velório e não saia do quarto com frequência. Rosh e Ayub iam vê-lo mais de uma vez ao dia, até que ele parou de atendê-los.

Sempre que fechava os olhos, Simon via o rosto triste de sua mãe, no canto da sala de estar, olhando-o depois da discussão com Sara.

Sentiu não ter se despedido dela antes que saísse de casa naquela manhã.

Sentiu por não ter acertado as coisas com ela naquela noite.

Talvez pela saudade que sentia da mãe ou por gostar de sentir o coração quente após dias, ao acreditar que ela confiava nele o bastante para lhe deixar o hotel, Simon tomou sua decisão

— Eu vou ficar — Simon soltou, abruptamente. Passou a mão pelos cabelos, ajeitou-se na cadeira — Eu vou cuidar do hotel, Duarte.

O advogado assentiu, sorrindo.


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Oi galera, leitores! Queria muito que você comentasse se encontrou alguma referência do filme "10 coisas que odeio em você"
É divertido colocar trechos aqui e adaptar. Seria mais divertido ainda saber que vocês reconhecem os trechos.

Até a próxima att.
Tentarei postar toda terça e sexta.
Bjo
Ju.

Das coisas que odeio em vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora