Férias! - Parte V

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Quando o Tomás deixou de ver a Bea pela janela, abriu a carta. Eram duas folhas, quatro páginas escritas com uma letra certinha e muito bonita, por sinal. Começou a ler. Na carta estava escrito o que a Bea havia pensado acerca do Tomás desde o dia em que se conheceram. Era uma carta muito bonita, uma autêntica carta de amor. A carta acaba com a Bea a dizer que "... mesmo que me apagassem todas as memórias, eu não me iria esquecer de ti. Sabes porquê? Estás gravado na minha memória; mas estás ainda mais marcado no meu coração...". O Tomás teve que por os óculos escuros para que ninguém reparasse que os seus olhos tinha ficado húmidos. Leu e releu a carta muitas vezes durante a longa viagem de comboio. Quando chegou ao destino, o pai dele, que já esteve na mesma situação, percebeu que o seu filho queria estar sozinho, a recordar o que se tinha passado; no entanto, a sua mãe não o largava com perguntas. É natural, é o instinto maternal.

O Tomás respondeu à carta, escrevendo um e-mail à Bea. Também ela se emocionou ao ler aquelas palavras doces e queridas. Enquanto lia o mail, ouvia a voz do seu amado na cabeça. Era reconfortante, mas triste.

Os pais da Bea continuaram a massacrá-la com a cena do "desenvolvam a amizade! Se não resultar, vais ser iludida e cais num fosso donde não sairás!", dizia o pai dela.

"Eu estaria a viver no engano se não namorasse com ele. Se fôssemos só amigos, estaríamos a enganar-nos mutuamente, pois eu continuaria a amá-lo e ele amar-me-ia e seria uma mentira se sentíssemos estas coisas e se não pudéssemos demonstrá-lo por causa do "desenvolvam a amizade". Nós já desenvolvemos a amizade! Nós estamos a desenvolvê-la ainda mais!", pensou a Bea. Ela nunca expressou oralmente estas palavras, pois tinha receio de faltar ao respeito aos pais, e ela não queria isso, pois poderia perder o "bónus" que eles têm dado. Ela só desabafava com o Tomás, comigo, com a Cate, a Bá e a Kaká. O Tomás não entendia porque é que os pais dela não aceitavam a 100% o seu namoro.

- Os teus devem ter aceitado melhor porque compreendem-nos! O meu pai não teve que viver a 200 km da minha mãe! Não teve os problemas que nós temos em relação à distância - dizia a Bea para o Tomás.

- Deixa estar, não stresses... eles acabarão por perceber, um dia. - tranquilizou-a o Tomás.

A Distância Que Nos AproximaOnde histórias criam vida. Descubra agora