Aveiro II

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Finalmente chegou o dia do encontro do Tomás e da Bea. Estavam ambos ansiosos! Mas, uns minutos antes de a Bea chegar a casa do Tomás, ela sentiu-se, outra vez, nervosa. "Mas que coisa, bolas! Tem calma! Porque é que fico assim?!?!?!", questionava-se a Bea. Quando, por fim, chegou a casa do Tomás e o viu lá fora à sua espera, o nervosismo passou por completo.


A Bea saiu do carro e o Tomás, automaticamente, deu-lhe um beijo na face e abraçou-a. Os pais e o irmão da Bea, que estavam lá ao lado, não comentaram nada, mas a ela desconfia que terão pensado nalguma coisa...


A Bea cumprimentou a mãe do Tomás e a sua irmã mais velha (mais velha entre os mais novos) e comeu uma fatia de bolo acabadinha de sair do forno. De seguida, o Tomás perguntou-lhe, com um tom muito natural, se ela queria ir com ele ao campo de futebol abandonado. A Bea entendeu que era o momento de saber que truque é que o Tomás tinha para si. E respondeu afirmativamente.


Foram a pé, conversando, rindo... afinal, estavam muito contentes!


Chegaram ao campo. Era um campo de futebol que pertencia ao clubezinho da terra. Estava cheio de plantas grandes, os balneários estavam meio vandalizados... não era propriamente um cenário romântico, mas, para ambos, desde que estivessem um com o outro, o pior cenário possível tornar-se-ia sempre o cenário mais romântico e bonito do universo.


- Escolhe uma carta - disse o Tomás, fazendo um leque com o baralho.

- Esta. - escolheu a Bea. Era um 9 de copas (corações).

- Assina a carta com esta caneta, por favor.

- Wow! Nunca assinei uma carta antes! Isto é uma maneira para teres um autógrafo meu, não é Tomás? - disse a Bea, rindo.

- É isso mesmo! - respondeu o Tomás - Agora... vou à procura do Ás de copas... aqui está. - assinou-o e, de cada lado do coração central da carta, escreveu um "I" e um "U", formando "I [coração] U". Dobrou a carta da Bea e a sua e meteu a sua carta dentro da sua boca.

- Também faço isso com a minha? - perguntou a Bea.

- Sim.


O Tomás, depois de terem as cartas dentro da boca, aproximou-se da Bea, pegou nas duas mãos dela e beijou-a ao de leve. A Bea não estava nada à espera e riu-se. Depois, o Tomás tira de dentro da sua boca... a carta assinada pela Bea. Esta arregalou os olhos e retirou a carta que estava dentro da sua boca. Era a carta do Tomás.


- O quê?!?!?!?!?!?! Mas que ...? Como fizeste isso? Essa era a carta que estava na minha boca e... a tua carta... que... o quê?! - exclamou a Bea, incrédula.

- Foi um magic kiss. Porquê? Não gostaste? - perguntou o Tomás, rindo-se divertido da expressão da cara da Bea.

- Eu... eu... adorei!!!! Wow!!!


Saíram do campo e foram para casa. Andavam de mão dada, falavam da sua vida... estavam felizes, mesmo muito! Até a mim me doía quando os via tristes, quando se encontravam a 200 km um do outro...


Foram para o quarto do Tomás, sentaram-se na cama e continuaram a conversar. Há uns meses atrás, antes deste encontro, já tinham estado sentados, na mesma cama, só que com uma pequena grande diferença: há 4 meses atrás, mantinham uma distância de 50 cm ou 1 m. Desta vez, não. O Tomás envolvia a Bea com um braço e beijavam-se, trocavam carícias. Há 4 meses atrás, nenhum deles imaginava que as suas vidas pudessem ter mudado tanto...


Jantaram e foram para o carro para ver a atuação de ginástica da irmã mais velha do Tomás. A carrinha tinha 7 lugares e eram ao todo 7 pessoas: o pai do Tomás, a irmã do Tomás, 3 amigas da irmã dele, o próprio Tomás e a Bea. Querem adivinhar onde ficaram sentados os "pombinhos"...? Nos bancos de trás, claro, para que ninguém os chateasse muito! Rezaram o terço todos juntos. Enquanto rezavam, a Bea e o Tomás estavam de mão dada. Pelo que me descreveram, imagino que a cena daria para uma fotografia muito fofa...


Antes do sarau, O Tomás e a Bea foram dar um passeio. Passaram por uma ponte e pararam lá. Ficaram longos minutos aí, fazendo festas um ao outro e beijando-se. Foi um momento muito bom, para ambos.


Voltaram, por fim ao pavilhão. Quando o espetáculo acabou, o pai do Tomás e aquela gente toda da carrinha, foram levar a Bea a casa da sua avó. Nessa viagem, ambos fizeram uma coisa que nunca tinham pensado fazer. Espero que o lado mais perverso das vossas mentes não esteja a imaginar coisas porque não foi nada disso que aconteceu! Estavam a 50 cm da irmã do Tomás, a uns 150 cm do pai dele e "namoravam" no sentido físico da palavra (só beijos e carícias, nada mais!). Corriam o risco de alguém se virar para trás, mas estava escuro, ninguém notava. Isto foi o seu goodbye kiss.


Por fim chegaram a casa da avó da Bea. FOi uma despedida dolorosa, pois não tinham ideia de quando se voltariam a encontrar. Abraçaram-se e não deu para mais nada, pois estava mesmo muita gente por perto.


A Bea e o Tomás sentiam-se tristes, mas ao mesmo tempo estavam satisfeitos. Preferiam viver sabendo da existência longínqua um do outro do que viverem sem saberem que o outro existe. Eu admiro a paciência que eles tiveram. Admiro o facto de conseguirem manter uma relação tão forte à distância...

A Distância Que Nos AproximaOnde histórias criam vida. Descubra agora