Prólogo

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Giannetti

Nunca fui de querer ser vista por todos à minha volta, até porque meu mundo não segue os padrões de vida que minha família leva. Eles acham que são os maiores entre todos e que todo o mundo tem de saber onde e como eles vivem, viciante, né? É assim que os Yostem vivem, desde meu avô até meus sobrinhos iludidos com a vida banhada em milhões, só para não dizer bilhões, né?

Sempre tive o que queria, tudo? Não, tudo não. Tenho dinheiro, ok, mas me falta amigos?! Falsos, tenho por todo o mundo. Emprego, coisa que não preciso, pois meus pais deixaram uma herança incontável e a mesada que recebo do meu avô e meu irmão. Mas sinto que me falta algo para ter tudo realmente, ou até mesmo algo que me torne feliz. Meu irmão é quem lida com os problemas das empresas e cuida de mim como ninguém, apesar de pertencermos a uma das famílias mais cheias de taxas. Vivemos divididos, e a regra "cada um por si, Deus para todos" se aplica entre os Yostem.

Eu só tinha dois anos quando nossos pais morreram e Hugo doze anos. Desde então, ele é tudo para mim. Ele agora é casado e tem três filhos, todos fofos, e a Marisa, um amor de pessoa, meu irmão ganhou ao se casar com ela.

— Giannetti Yostem, sempre vindo sem ser convidada em minha casa, você já não tem as suas? — Com um sorriso, chega me dando um abraço, que eu sempre busco — Diz lá, como estás? O que tramas?

— Hugo, fiz merda nenhuma.

— E então, o que se passa?

— Nada, só quis ver meus sobrinhos e me despedir. Cadê eles? — Falo me levantando e me dirigindo para as escadas indo ao andar de cima. Quando já estava prestes a chegar em cima, Hugo diz:

— Saíram com a Marisa. Agora diz o que realmente queres! Por que estás assim e que merda você fez?!

— Nada, eu já disse, agora vou me embora. Você é chato, sabias?! Então já não posso ver meus sobrinhos?

— Giannetti, o que você fez?

— Falhei com o projeto dos Villas.

— Como o quê?

— Não consegui acabar o VNT, e o prazo é já para amanhã.

— Como assim, você deveria acabar isto na semana passada.

— Mas não consegui, podes me ajudar?!

— Eu faço isto já, não se preocupe com isto.

— Obrigada, e amanhã vou para o Brasil.

— Fazer? — E segui-me até a porta.

— Quero estar lá somente.

— Na casa dos nossos pais? Ou no AP?

— Sim, quero me sentir perto deles, na casa deles.

— Poderia ir contigo, mas a empresa está com um problema e tem mais isso que você trouxe...

— Entendo, Mano, não se preocupe, e na real eu não queria tua companhia, preciso de paz.

— Traga para mim a pasta de couro de papai esquecida no escritório, ou no quarto.

— Está bem, tchau — Dou dois beijos em suas bochechas — Quando a Marisa chegar com as crianças, cumprimenta-os por mim, tá? E fale que os amo.

— Está bem.

— Hugo!

— Cabeça de atum?

— Eu te amo, tá? — Senti um aperto e uma necessidade de ficar e o abraçar.

— E eu ainda mais, vem aqui, meu bebê — Me puxa para um abraço, que parece mais com uma despedida do que um até logo, e eu não queria parar aquele abraço.

Saio de casa dele e vou para o meu apartamento. Ligo para o Otávio, mas sempre caía na caixa postal. Depois de receber uma pizza sentada no sofá do meio da sala, recebi uma ligação de meu avô, a estas horas, coisa boa é que não é.

CALL ON

— Yostem sénior, como é que vai?

— Netti, estou bem e bem cansado, minha neta de olhos castanhos, e tu?

— Ainda não morri, então devo estar bem. E você sabe que eu vou morrer antes de ti, né?

— Querida!

— Sim, Vovô.

— Tenha muito cuidado, esteja atenta a cada passo que alguém der em direção a ti, e nunca abaixe a cabeça para ninguém.

— Porque tudo isto? Eu já sei disso, você mesmo me ensinou desde muito cedo.

— Só confie em mim, tá?

— Sim, mas vovô.

— Nada, não vá dormir, que sua viagem amanhã vai ser cansativa — E encerra a ligação.

CALL OFF

Não vou mais arrumar minhas roupas, lá já tem de tudo que vou precisar. Simplesmente vou sair com a roupa do corpo, e por quê aquele velho disse isto para mim, por quê? Já tenho problemas demais para lidar com isto também. Sem mais demora, vou para a cama e, em seguida, já estou dormindo.

MANHÃ

Despertei graças ao alarme que programei para todas as manhãs e vou logo ao banheiro e tomo uma ducha super confortante. Me arrumei e fui ao aeroporto, não queria estar aqui por mais tempo.

...

A viagem foi meio cansativa e turbulenta, pois havíamos passado por uma tempestade, mas já me encontrava na casa em que meus pais viveram e me tiveram. Sinto uma paz e tristeza ao mesmo tempo.

Deveria já pegar a pasta de couro que Hugo mencionou ou hei de esquecer, que nisto eu sou a chef.

— Cadê, cadê? — Olho em todos os cantos do escritório e não encontro a pasta. — Onde ele pôs a bendita pasta? — Pego o celular e ligo para ele.

CALL ON

— Hugo!

— Sim, já chegaste? Me ligaste muito tarde!

— Já sim, e não encontro a pasta. Tens a certeza que deixaste no escritório? Ou no seu apartamento?

— Claro

Giannetti YostemOnde histórias criam vida. Descubra agora