cap 3: final de semana parte 1

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Sabe aquele momento que você simplesmente quer sair de casa para não precisar escutar seus pais falarem, porque eles são chatos e irritantes ? Muito específico? Desculpe, mas é o que eu literalmente estou querendo fazer. Papai começou a fazer um discurso dizendo como eu iria ser um ótimo militar e como eu casaria com uma bela mulher para ter belos filhos, porém eu nada falei, o melhor é nem dar bola pra esse tipo de gente.

– ei Jimmy – olho para meu pai com uma expressão de desinteresse.

– sim?

– Wesley me falou que vocês deram carona para dois garotos do alemão essa semana, você vê como eles são diferentes de nós? Eles não tem nossa mesma educação e nem nosso jeito correto de pensar não é? Eles não são marginais e criminosos ? – bato na mesa irritado e levanto apressado em seguida, olho para meu pai com o olhar de mais ódio que eu já fiz e eu vi meu pai mudar de uma expressão zombeteira para uma cara séria – que tipo de comportamento é esse? – ele grita para mim.

– vocês não cansam de ser idiotas? Eles são pessoas normais assim como qualquer um de nós! E não pai, eu não vou servir o exercito nem casar com uma bela moça, eu prefiro morrer do que ter um futuro assim – sai da cozinha irritado e com o passo apressado fui para a porta de saída de casa. Bati a porta com força e somente continuei andando sem nenhum rumo pelas ruas de Ipanema.

Pensei em ligar para Leon, mas não, ele está no reforço escolar agora, o seu pai realmente tá pegando pesado com ele por causa da escola. Por já ser de tarde não tinha mais aula, então a escola não era um lugar que eu poderia ir. Foi então quando um pensamento surgiu em minha mente e eu apenas peguei meu celular e fui no whatsapp.

– Jimmy? Precisa de algo? – disse Larry do outro lado da chamada.

– Larry eu.......

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Fazia uns 5 minutos  de que havia chegado na entrada do alemão, e caramba aqui é realmente grande. Pensei então sobre o motivo que me levou a ligar pra Larry em um  momento em que  eu estava tão necessitado de ajuda, bem, se passou uma semana desde que comecei a estudar lá na escola e nós nos aproximamos muito nessa semana, ele realmente era alguém que eu considerava para ligar nessas horas. De repente senti o meu celular vibrando dentro do meu bolso e o peguei para atender a ligação.

– já tá aí? Eu já tô chegando na entrada.

– já tô aqui Larry – no mesmo momento em que respondi o vi descendo o morro  acenando para mim com um sorriso que eu logo retribui.

Nós nos cumprimentamos e Larry me levou até um pequeno bar no início da favela, onde um grupo de homens que usavam juliet e camisa de time estavam sentados jogando truco. Larry me apresentou e disse que ia me levar pra sua casa, e depois de uns segundos um dos homens disse um " Pode subir, a chefia liberou." Larry me explicou que se tratavam de olheiros, eles estavam no nível cinco do tráfico e ficavam analisando quem subia ou não o morro.

A favela era claramente muito diferente do lugar que eu moro, eu percebia isso a cada passo que eu dava lá dentro, entretanto não parecia tão ruim quanto ouvi falar a respeito, crianças jogando bola nas ruas estreitas ou becos, pessoas conversando e rindo, não tinha uma cara tão ruim.

Comentei isso com Larry e ele riu da minha surpresa, disse que era normal pensarem coisas assim das favelas mas que não deveria se ter preconceito. Me falou também de algumas dificuldades que ele passa por aqui, como por exemplo quando chove forte e as ruas ficam alagadas chegando até a entrar dentro das casas, ou por causa do tráfico que infelizmente era presente pelas ruas daqui e que ele conhecia uma pessoa que era aviãozinho e trabalhava pro dono do morro com drogas. " no fim, cria de favela não é triste, só e fudido mesmo" disse Larry. Enfim o que eu sei é que rapidamente chegamos à sua casa, de primeiro andar, pelo o que vi visualmente.

os burgueses da zona sul ( Lebre E Coelho )Onde histórias criam vida. Descubra agora