cap 4: final de semana part 2

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O domingo havia chegado, e junto dele uma preguiça terrível que se instalou em meu corpo. Eu tinha acordado antes de todos da família de Larry, e caramba, que experiência terrível. Fiquei com muita vontade de acordar Larry, porém ele dormia tão calmamente que eu desisti dessa ideia rapidamente. Pensei em cozinhar o café da manhã da família, mas desisti também, eu nem sabia cozinhar.
Eu não podia usar meu celular muito pois ele já estava em 20% e aqui não tinha carregador para iPhone, ou seja, eu estava na pior com toda certeza.

Suspirei irritado e me deitei novamente no colchão, eu havia dormido junto de Larry ontem a noite; quando acordei ele estava me abraçando tão forte que foi difícil sair e se levantar. Encarei o moreno que dormia tranquilamente e com a respiração regulada, um sentimento de conforto invadiu meu corpo e eu não me importaria de acordar todo dia junto dessa imagem, de Larry dormindo, eu me acostumaria fácil  fácil com isso. Corei com esse pensamento. Desde ontem a noite é inegável para mim que eu sinto algo por ele, talvez eu esteja sendo muito emocionado? Sim, ou talvez não, no entanto, nunca havia sentido nada do que senti com ele junto de outra pessoa. Ele era diferente, me tratava diferente, e eu amava isso.

– Jimmy...?– escutei uma voz sonolenta atrás de mim. Dei um pequeno pulo pelo susto e me virei para ver quem havia me chamado, me surpreendi ao ver a mãe de Larry escorada na porta – dona Helena? – falei surpreso. Ela me deu um sorriso.

– ora querido, meu filho cabeça oca te deixou sozinho? Vem comigo para cozinha, você deve estar morrendo de fome, coitadinho – a primeira coisa que se notava quando você falava com a mãe de Larry era o seu sotaque nordestino característico do Rio grande do Norte, a mulher havia me dito noite passada que ela veio de lá para o Rio de janeiro em busca de oportunidades de emprego, algo que acontece com muita frequência aqui na região sudeste.

Eu sorri sem graça e segui a mulher para o andar de baixo, me ofereci para ajudar em  alguma coisa na cozinha mas ela apenas recusou e disse que só queria conversar, somente eu e ela estávamos acordados na casa inteira.

– então Jimmy.... – ela quebra os ovos na frigideira – como conheceu meu filho? – pergunta ainda focada no fogão – eu sou novato na escola, o Larry foi uma das primeiras pessoas a falar comigo – digo sem muita enrolação e escondendo a parte em que matamos 3 horas de aula na segunda feira – interessante, ele parece gostar bastante de você – ela fala com uma voz sugestiva e eu sinto minhas bochechas ganharem um pouco de cor avermelhada  – é n-né? Somos amigos afinal – tento sair do assunto, ela solta uma risadinha – você é um doce de garoto, eu facilmente me acostumaria com sua presença nos churrascos de família – eu fico totalmente corado, ela dá uma outra risada e muda o assunto enquanto coloca os ovos já fritos num prato pequeno e me ergue um bule com café e uma xícara – é simples mas é de coração – ela diz sorrindo e se senta ao meu lado.

Continuamos conversando mesmo após terminarmos de comer, ela é uma pessoa tão carismática e gentil, Larry realmente tem sorte de ter uma mãe assim, minha mãe normalmente não é o que todos consideram amorosa e legal, na verdade ela é bem o contrário disso e sempre apoia as merdas que meu pai fala como se fosse a verdade absoluta do universo. Escutamos o barulho de alguém descendo as escadas apressadamente e eu logo virei a cabeça com expectativa, esperando ser Larry, e realmente era, ele já estava arrumado para sair porém com um rosto totalmente de sono, adorável.

Me vi sorrindo sem perceber – vai pra onde em plena 9 da manhã? – sorri da sua cara de confusão – 9 da manhã, ué mas o relógio lá do quarto disse que já eram 11 horas, acordei desesperado achando que estava atrasado pra irmos na casa do Franz – Helena gargalha alto ao meu lado e ele a olha com uma cara de “eu já entendi o que aconteceu” e revira os olhos – depois que um certo garoto de cabelos pretos me contou que um certo rapaz estava se atrasando para irem pegar o ônibus eu resolvi mudar o horário do relógio – ela explica e eu senti uma grande vontade de rir – mas pra quê mano – ele resmunga irritado e senta numa cadeira próxima a minha e pega um pão.

os burgueses da zona sul ( Lebre E Coelho )Onde histórias criam vida. Descubra agora