14. Veneno e Remédio

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Juliette descia as escadas da mansão ouvindo uma conversa baixa vindo da direção da cozinha, tentava ouvir sobre o que se travava, mas pôde captar apenas o som um pouco exaltado da risada de Sarah e algumas palavras desconexas de Deborah e Washington.

A cantora havia acordado há algum tempo e notado que Sarah não estava mais na cama, mas o cansaço do dia anterior de ensaios que haviam terminado tarde da noite, ainda a prendia na cama. Notou que Ralph dormia na caminha ao lado de sua cama e se tranquilizou, a loira com certeza estava por perto.

Levou alguns minutos para se recompor e conseguir levantar, tomar seu banho e descer, mas quando pisou fora do quarto o cheirinho receptivo do café tomava conta de todo o ambiente. Sentiu o estômago roncar na mesma hora, estava tão cansada em meio a correria da noite passada que mal havia se alimentado.

Inclusive, isso só não havia se tornado mais comum nos últimos dias devido à grande insistência de Giu que pegava muito no pé da amiga e dos cuidados, um pouco exagerados, de Sarah quando estava presente. Com a turnê se aproximando e a frequência dos ensaios aumentando, Juliette mal conseguia cuidar de si. Estava feliz por finalmente ter um final de semana com a agenda livre em tanto tempo.

Quando se aproximou da entrada da cozinha, pode observar os três conversando e aparentemente se divertindo bastante juntos. Finalmente estava em paz em ver Sarah convivendo tão bem com sua família e alguns de seus amigos.

Desde que resolveram dar uma chance para aquele relacionamento, a rotina nos últimos dois meses havia sido assim, Juliette fez de tudo para inserir Sarah em seu meio e fazer com que ela fosse acolhida e se sentisse à vontade ali. Os dias com a loira na mansão se tornavam cada vez mais leves e a aproximação dela, principalmente com o irmão da cantora e com Deborah foi uma surpresa muito boa.

Sempre que podiam as duas arrumavam um tempo para estarem juntas, nem que fosse em meio a correria da semana. Apesar da distância, estavam fazendo as coisas funcionarem relativamente bem.

Disfarçavam, ou pelo menos tentavam se limitar a uma relação mais amigável na presença de dona Fátima. Não que a mais velha tivesse algum problema com aquilo, mas porque Juliette queria manter o olhar inocente da mãe sobre as coisas e deixar ela assimilar a relação aos poucos para não ter que dar maiores explicações sobre o rumo incerto do que elas viviam.
Ela apenas tinha revelado à mãe, que Sarah era alguém muito importante pra ela e que queria manter sempre por perto, que fazia seu coração feliz. Não foram necessárias mais palavras para que Dona Fátima entendesse e as duas mantivessem a conversa nas entrelinhas.
Mas não podia negar que a liberdade de não estar na frente dos pais lhe entusiasmava. Até porque as duas pareciam funcionar com algum tipo de magnetismo e não conseguiam se desgrudar quando estavam perto uma da outra.

A morena se aproximou de Deborah que estava sentada a mesa com uma caneca de café em mãos e a amiga logo percebeu sua presença. Ela levou o dedo a boca em sinal de silêncio, olhando em direção a Sarah e Washington que estavam de costas em frente ao balcão e ainda não haviam notado sua aproximação. Deborah apenas sorriu e assentiu.

- Não acredito que deu certo, olha só que dupla de milhões! - Sarah disse estendendo a mão para que o cunhado tocasse de volta.

- Quem te viu e quem te vê, eim Sarinha? Quase uma master chef! - Washington respondeu tocando na mão da loira de volta.

- Hum hum, posso saber qual o prato do dia? - Juliette disse já próxima aos dois, que quase saltaram juntos se assustando.

- Ai pexte! Tu já tá aí, é?

- Nossa amor, que susto! - Sarah disse tentando equilibrar o prato que segurava.

A morena se aproximou rindo e abraçou a loira por trás, dando um beijo em seu ombro e se esticando na ponta dos pés tentando alcançar a bochecha da loira que se curvou para que ela deixasse um beijo ali também.

Por Trás de Nós - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora