Six

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Eu estou bêbado.
Ok, não tão bêbado quanto eu gostaria de estar, mas tudo que ouço são os borrões das pessoas conversando ao meu redor. E sim, estou em um bar e sozinho. Tem como ser mais deprimente que isso?

Me sinto estúpido, mas eu não queria ficar em casa. Eu queria sair com outras pessoas, conhecer alguém, talvez encontrar outra mulher e foder a Eda para longe de mim. No entanto, a quem eu estou tentando enganar? Ela marca cada pensamento que ronda a minha cabeça desde que saí de casa.

Não quis chamar Leyla porque não queria atrapalhar os planos dela, da mesma forma que ela provavelmente passaria a noite me olhando com pesar por não gostar da maneira que Eda me trata na empresa.

— Você está sozinho? — uma mulher loira toca o meu ombro, a maneira que ela me olha é bem sugestiva e eu sei que ela está procurando uma foda sem compromisso.

— Eu tenho namorada — respondo. Ao menos eu gostaria de ter.

— Não tão boa, já que você está aqui sozinho — a estranha responde e eu me calo porque ela está certa, mas Eda sequer é minha namorada de verdade então suas palavras não me chocam.

A loira sai e eu posso voltar a ocupar meus pensamentos com uma determinada morena...

Meu telefone toca e é ela. Um enorme e brilhante "BO$$" está escrito na tela do meu celular e eu sorrio pensando no quanto eu gosto que ela seja minha chefe, no quanto eu a admiro, no quanto eu acho sexy ver ela administrar uma empresa mundialmente conhecida.

Onde você está?

— Em um bar — percebo a loira olhando pra mim de novo — Com uma amiga.

Você está com Leyla? — ela demora um pouco antes de falar.

— Não, com outra amiga — a loira continua me olhando como se fosse testemunha da minha miséria.

Me dê a localização desse lugar, Serkan.

— Você não precisa sair da sua torre alta, princesa.

E desligo.
E infelizmente eu me sinto bem com o que fiz, o que significa que eu vou me arrepender amanhã.

— Oi — vou em direção a loira — Você se importa de tirar uma foto minha aqui? — aponto para o bar.

— Claro que não me importo, sua namorada precisa ver o que está perdendo.

E ela tira uma foto minha com o meu copo de whisky na mão, mas a loira estranha não para por aí, ela também tira uma selfie nossa e posta no story do meu Instagram.

E eu quero que Eda veja, porque ela não pode fazer nada sobre isso.
O pensamento é reconfortante, se eu estou irritado por não poder demonstrar que me importo com ela, ela também não pode fazer o mesmo por mim. Estamos quites.

Eu passo os próximos trinta minutos na mesa das amigas da loira estranha e eu sequer perguntei seus nomes. Elas riem sobre algo que eu não entendo, elas bebem bebidas que eu não gosto e eu fico só quieto.

— Serkan — posso jurar ouvir a voz de Eda.

— Serkan — a voz se repete e eu finalmente olho por cima do meu ombro para encontrar ela me encarando.

Meu plano de fazer ela ver minha publicação deu certo, mas eu não esperava que ela fosse vir.

— Caralho — a loira xinga alto — porque você não disse que a sua namorada é porra da Eda Yildiz?

Ótimo, mais uma para o clube das pessoas encantadas pelo brilho da princesa de gelo.

— Porque ela não é minha namorada — respondo.

— Vamos, levante — ela ordena — Eu vou te levar pra casa.

— Por que você não fica também? — a loira pergunta — Sabe... curtir um pouco... depois a gente pode fazer um after na minha casa, eu e vocês dois.

A loira diz e eu posso jurar que ela olha para Eda como se fosse devorá-la.

— Desculpe, mas eu não divido o que é meu.

Bem, eu também não quero dividir você Eda, mas eu não sou seu. É o que eu quero dizer, mas me mantenho em silêncio porque gosto do que ouvi. 

A loira desiste de tentar convencer Eda a ter um threesome e eu desisto de tentar negar ir para casa com ela. Eda me leva e todo o caminho até meu apartamento é silencioso, o vento da estrada acaba limpando a minha mente e eu sei que essa noite é decisiva. Que eu não posso mais dar continuidade a isso.

— Você pode me explicar o que deu em você? — ela pergunta assim que cruzamos a porta de entrada do meu apartamento.

— O que deu é que eu não vou mais ser o seu segredinho sujo, Eda — sou direto, não precisamos fingir nada por aqui.

— Do que você está falando?

— Eu só não quero mais continuar com isso... vamos só seguir em frente, não vai ter dano algum — eu tento convencer a mim mesmo sobre isso — Não é como se houvesse alguém que soubesse sobre nós para tornar isso uma grande coisa.

— Ceren sabe sobre nós — ela tenta se ajudar — Leyla também, você me disse que havia contado a ela... e... as mulheres do bar.

— Ceren é sua amiga, provavelmente ela preferiria se atirar na frente de um trem do que revelar um segredo seu. Não vou nem mencionar as mulheres do bar porque eu nem sei seus nomes... E bem, Leyla não conta, me arrependo de ter contado para ela porque todo dia ela parece me olha com pena pela maneira que vê você me ignorar.

— Então é isso? Você está insatisfeito porque precisa da validação dos outros?

— Não. Eu estou assim porque não aguento mais não poder sequer olhar para a mulher que eu estou fodidamente apaixonado. Eu sequer tenho uma boa desculpa para todas as vezes que ameacei demitir um funcionário quando os pego falando de você pelos corredores... caralho eu estou esgotado, Eda. Eu não aguento mais passar a noite com você, para durante o dia eu ficar me questionando se você ao menos vai olhar pra mim quando passar pelo meu andar. Eu não preciso de um anel de compromisso ou mijar em você como a porra de um cachorro marcando território, mas eu não posso continuar fingindo que isso não me incomoda.

— Serkan... — ela tenta me parar, mas eu preciso desabafar tudo. E graças ao álcool eu não consigo segurar minha língua.

— E o pior, eu não sei nem como dizer que quero acabar com isso, afinal o que é exatamente isso que nós temos? Eu deveria te mandar uma mensagem escrito "Desculpa Eda, não vou mais poder foder você. Boa noite."?

— Serkan... — ela tenta me parar de novo, mas minha mente estala.

— Você tem vergonha de mim? — a pergunta sai antes mesmo que eu pudesse formular um pensamento coerente sobre isso.

— Não seja idiota, Serkan. Porque eu teria vergonha de você? — Ela realmente parece chocada comigo.

— Não sei... Por eu não ser o príncipe do petróleo como o seu amigo. Ou por eu ser seu subordinado.

Seu silêncio cai como uma resposta pra mim e eu me sinto mal. Não quero acreditar que a imagem de adoração que eu sentia por ela me impediu de ver que ela é mesquinha nesse nível...

— Serkan você precisa entender que... que... — ela gagueja.

— Que o quê, Eda? Você é a chefe, sim e foda-se, mas você não pode namorar um colega de trabalho? Não pode se apaixonar por alguém com um cargo minimamente inferior ao seu? Eu nunca vou ser bom o bastante pra você?

Mas ela não responde nenhuma das minhas perguntas e mais uma vez seu silêncio parece ser a resposta que eu preciso.

— Só vá embora, ok? — Eu abro a porta do meu apartamento para que ela saia — Só vamos esquecer isso.

— Esquecer? — sua voz parece quebrada, mas eu não quero olhar pra ela.

— Eu já esqueci — dou minha última palavra — Até mais na empresa, senhorita Yildiz.

BO$$Onde histórias criam vida. Descubra agora