Seven

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E ela se vai.
Mas eu não esqueci de nada.
E é por isso que eu tiro a semana inteira para trabalhar de casa. Nessa altura eu já não dou a mínima se ela pode me demitir depois, talvez seja até melhor.

O pai dela me mandou mensagem dois dias depois, dizendo que iria reunir a gerência antiga e a atual para um jantar, mas eu recusei. Não vou colocá-la em uma posição desconfortável, mesmo que eu esteja louco de saudades e que eu realmente goste do seu pai.

Será como se nunca tivessemos acontecido.
Ou ao menos eu achava que seria...

— Você faltou ao jantar com o meu pai — ela diz, me pegando de surpresa quando estou no estacionamento da empresa.

Eu não respondo.
Nunca conversamos em ambiente de trabalho, não é agora que isso vai acontecer.

— E não esteve aqui na última semana — ela continua a falar e eu ignoro. Caminho em direção ao elevador e ela me segue, eu já posso notar alguns funcionários olharem para nós, mas eu não ligo. Eu sei que ela vai parar de falar em breve.

— Agradeceria se você não me deixasse falando sozinha — ela diz baixinho, quem vê de fora deve achar apenas que estamos caminhando casualmente até o elevador.

Como sempre nesse horário o elevador vai subir cheio e eu me direciono ao canto, mas ela fica ao meu lado. Fazendo aquela vibração entre meu corpo e o seu voltar a aparecer, merda, isso me irrita.

— Por que você não veio? — ela pergunta de novo.

— Por que você quer saber? — dessa vez respondo, porque não quero que os funcionários comentem que eu estava a ignorando.

— Porque eu sou a sua chefe — ela diz nitidamente irritada.

Bem, se ela não está se esforçando para não dar o que falar na empresa, porque eu deveria?

— Me demita então.

Eu posso ouvir a respiração de cada funcionário pausar quando eu termino de falar. Agora eu quero sair da droga dessa caixa de lata ou sinto como se eu fosse explodir esperando pela resposta dela.

— Serkan... — ela chama quando eu tento chegar até a porta do elevador, para descer no primeiro andar que ele parar.

Quando olho para trás ela está sorrindo, em um maldito sorriso grande e brilhante. E eu me sinto um idiota porque eu senti falta disso.

Senti falta dela.

— Porque você está sorrindo? Não tem graça — talvez eu também esteja com vontade de sorrir... me sinto ridículo.

— Olha onde estamos, onde tudo começou... e agora você tentando correr do elevador — ela ri de novo.

As pessoas ao nosso redor estão tensas, olhando de um para o outro, como se tivessem medo de se mover e serem demitidas.

— Licença — ela pede para passar, até chegar ao meu lado e segurar a minha mão — Você poderia apertar o botão do próximo andar, por favor? — ela diz para o que está ao lado do painel e eu ainda estou chocado com sua mão entrelaçada na minha — Estou indo tomar um café com o meu namorado.

Acho que chocado já não é uma palavra que define como eu me sinto agora, mas com certeza é o sentimento que roda a cabeça de cada pessoa da empresa que me vê de mãos dadas com ela enquanto passamos pelos corredores até a sala de café.

E eu me sinto como um garotinho segurando a mão do seu primeiro amor, meu cérebro foi reduzido a esse toque.

— Será que vocês poderiam nos deixar a sós por alguns minutinhos? — ela pede a dois funcionários que estão terminando seus cafés na sala de descanso.

— C-claro, senhorita Yildiz — eles fogem da sala.

— Você não vai dizer nada? — ela me questiona.

— E-eu não sei o que dizer? — o nervosismo do funcionário parece ter me contagiado.

— Você me falou uma coisa na última noite que nos vimos...

— Eu disse muitas coisas a qual eu me arrependo... — mas ela me corta antes que eu termine minha sentença.

— Você disse que estava apaixonado por mim — seu tom de voz é suave — Eu queria... saber se... esse sentimento ainda existe.

Ela parece insegura agora, como se minutos atrás não tivesse dito que era minha namorada na frente de várias pessoas dentro de um elevador lotado.

— Eu não deixaria de gostar de você em uma semana, então sim, eu ainda estou fodidamente apaixonado por você Eda Yildiz.

— Eu não sabia o que fazer — ela suspira — Claro que eu sabia que também estava me apaixonando por você, mas como falar sobre isso? Eu posso gerenciar crises enormes na ICE, mas crise em um relacionamento está fora do meu limite. Eu passei essa semana inteira ensaiando uma maneira de conversar com você, de dizer que estava apaixonada por você e que eu não queria terminar nada, mas olha o que eu fiz? Dei um show no meio de um elevador lotado e nesse momento todo mundo da empresa deve estar comentando sobre nós.

— Sim, devem estar dizendo algo tipo "Como será que Serkan derreteu o coração de gelo da nossa princesa?" ou "Serkan é quente como fogo por isso a princesa de gelo não resistiu" — eu provoco.

— Não tem graça, Serkan — ela fala, mas sorri de leve — Estamos indo contra as próprias regras da empresa.

Me aproximo mais dela, tocando seu rosto com a ponta dos meus dedos, fazendo com que seus olhos encontrem os meus.

— Eu quero que você repita o que disse antes.

— O que? — ela primeiro parece confusa, mas logo entende o que estou dizendo — Só se você repetir primeiro.

— Eu estou fodidamente apaixonado por você, Eda Yildiz — eu não escondo, eu não preciso mais esconder o que sinto.

— Eu também estou enlouquecidamente apaixonada por você, Serkan Bolat — ela cruza os braços no meu pescoço e me deixa um selinho.

— Então nada mais importa — eu deixo outro selinho em sua boca — Você está pronta para quebrar as regras mais uma vez?

— Por você? — ela sorri — Estou.

E eu entrelaço minha mão na dela, saindo da sala de café e andando pelos corredores da empresa de mãos dadas como gelo e fogo. Ela em sua postura imponente de sempre e eu queimando por ela ao meu lado.

BO$$Onde histórias criam vida. Descubra agora