Nine

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Eda e eu estamos assistindo a um filme juntos, hoje decidimos ficar no apartamento dela porque é sexta feira e ela quer me levar para conhecer um hotel fazenda que ela gosta. 

O filme parece ser legal, mas confesso não prestar atenção em nada porque minha concentração está na mão dela me fazendo um cafuné. É bom estar assim com ela... apenas curtindo a presença um do outro. 

Então a campainha toca. 

— Você está esperando alguém? — pergunto porque normalmente ela nunca recebe visitas, não quando eu estou aqui. 

— Não estou — ela responde —, mas para eu não ser avisada deve ser meu pai. 

— Seu pai? — merda, eu não estou pronto para conhecê-lo como meu sogro ou algo do tipo — O que preciso fazer? Me escondo no quarto?

Ela ri.

— Não seja ridículo, ele já sabe sobre você, porque você deveria se esconder?

— Eu estou no apartamento da filha dele, numa sexta feira à noite, e com pretensões de fazer com você coisas nem um pouco liberadas para menores de idade — minha mente começa a se agitar, eu realmente não queria encontrá-lo agora — Então ele tem boas razões para não gostar de mim agora. 

— Quando meu pai estava me passando o cargo, ele só tinha boas coisas para falar de você. Acho um pouco difícil ele passar a te odiar. 

— Mas antes eu não comia a filha dele — eu sussurro. 

— Não seja um bundão, eu vou abrir a porta, não saia daí. 

E eu não saio. 
Tento arrumar meu cabelo do jeito que consigo, mas fica óbvio que eu estava bem confortável na casa da filha dele, começando pelo fato de que estou em um conjunto de moletom e não nos meus ternos tradicionais.

— Ah, Serkan, não sabia que você estava aqui! — ele se aproxima com um sorriso. 

— Eu vim ver como sua filha estava — essa é a minha melhor resposta, me sinto ridículo. 

— Nós viemos juntos — Eda ri do meu estado nervoso — Aliás, nós vamos passar o fim de semana no hotel fazenda. Serkan só ficou um pouco tímido por estar saindo com a filhinha de papai.

Ela agora não consegue segurar essa língua? 

Seu pai ri.

— Eu fico feliz por ver minha filha tão feliz, isso é o que importa — ele toca o meu ombro e é como se houvesse saído dez quilos das minhas costas —, mas claro que deveríamos fazer isso mais fácil e ter um jantar em família. 

— Era essa a minha intenção, Senhor Yildiz, mas enfim, coincidentemente você veio aqui hoje. 

— Ele queria até se esconder no quarto pra evitar o encontro — Eda fala de novo. 

— Eda... — ela e seu pai sorriem. 

— Bem, eu só vim entregar alguns papéis pessoalmente. Sabe como é, Serkan, a gente sai da empresa, mas ela nunca realmente sai de você. 

— Sei sim, senhor Yildiz, mas garanto que Eda está fazendo tudo muito bem, ou você precisaria voltar às pressas — eu brinco, elogiando ela e Eda fica vermelha. 

— Ah, não me chame de senhor Yildiz, você já é da família.

Eu acho que estou suando agora.

Eu, nos meus plenos 35 anos, suando por estar conversando com o pai da minha namorada, o cara que foi meu ex chefe, e minha namorada que é a minha atual chefe. 

BO$$Onde histórias criam vida. Descubra agora