Ten (Final)

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— Você lembra dos papéis que meu pai veio me trazer dias atrás? — Eda pergunta quando estamos dirigindo em direção a casa dos seus pais para jantar, ou melhor, me apresentar a família dela.

E inexplicavelmente eu não estou nervoso sobre isso.

— Lembro, pensei até que poderia haver algum problema com a empresa, mas fazendo parte do controle eu com certeza saberia.

— Na verdade, aqueles papéis são sobre você... — Eda começa a usar o seu tom de voz calmo e eu sei que ela está só me preparando para algo que não vou gostar de ouvir — Meu pai queria te fazer uma oferta.

— Tenho a sensação de que não vou gostar de ouvir o que você tem a dizer, mas continue — viro a curva na estrada, acompanhando as ordens do GPS.

— Ele... Mmm... queria te dar uma promoção no trabalho — quando ela menciona isso eu logo lembro dos comentários dos funcionários.

— Eu não quero — sou direto.

Não quero receber nada só por namorá-la.

— Eu sabia que você provavelmente diria isso, mas ele está insistindo muito para que eu te convença — ela suspira — Você sabe que você merece isso.

— Eu sou um ótimo funcionário? Sim, sou, mas eu não quero receber nada por namorar você.

— Ah, mas não é bem assim — ela ri nervosa — No dia que você faltou ao jantar com ele, meu pai já estava com esses planos. Quando ele percebeu que você não iria aparecer eu contei pra ele sobre nós...

— Isso muda um pouco, mas minha resposta ainda é a mesma.

Eu não preciso saber quais os planos dele, eu estou satisfeito com a minha vida profissional. Ganho o suficiente, trabalho o suficiente, não preciso de uma mudança agora.

— Mas porque você está me contando isso só agora? — pergunto.

— Porque ele provavelmente vai te propor hoje, ele me perguntou se eu já havia falado com você e eu neguei, não acho que seja um assunto meu para que eu tivesse que te entregar os papéis.

— Você é a minha chefe, Eda, de quem mais seria esse assunto se não seu? — finalmente chegamos no destino e os seguranças abrem o portão para que eu entre com o carro — Você não concordaria com essa promoção se você não fosse minha namorada?

— Você é o melhor no que faz, você sabe disso, eu provavelmente aceitaria sim, você merece isso.

— Porque eu sinto que vem um "mas"?

Ela ri e desce do carro.

— Você vai entender quando ele falar com você.

Entramos na casa de mãos dadas e fomos recebidos pela família dela. Eda não é filha única, pelo contrário, é a filha do meio de três filhos. O mais velho, Deniz, que recusou cargo na empresa para seguir como médico, então vem Eda, para depois vir Melo, que está iniciando sua carreira de atriz.

Seu pai, a qual me proibiu de chamá-lo de senhor Yildiz, Alexander e sua mãe Ayfer, são pessoas boas de conversar. O jantar é confortável a maior parte do tempo, uma confusão divertida ver tantas pessoas de personalidades diferentes em um único lugar.

— E seus pais Serkan, o que fazem? — é Melo que pergunta.

— É só minha mãe, na verdade, e ela é arquiteta. Fui adotado quando eu tinha nove anos, ela tinha acabado de perder o marido quando me encontrou. 

— Ah, desculpe — ela parece arrependida de ter perguntado — Eu não sabia... perdão.

— Está tudo bem, não é um assunto tão complicado quanto parece — explico para não deixá-la constrangida — E ela quer muito conhecer vocês, mas está morando nos Estados Unidos.

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