2. I like that girl

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Pov: Nicky Bennett

Como eu ainda não tinha me matriculado em nenhum colégio, acordei tarde. 15h começava o treino de karatê no Cobra Kai, então almocei, dei um tempo, e fui direto pra lá. Ainda estava com o kimono emprestado, precisava comprar o meu.

Quando cheguei lá, não tinha ninguém ainda além do sensei, então fui colocar o kimono. Quando estava no banheiro terminando de amarrar minha faixa, ouvi o sino da porta.
-Boa tarde, sensei Kreese, eu deixei meu kimono aqui ontem, você viu? -A menina chamada Tory, cujo kimono perdido eu estava usando, havia chegado.
-Eu vi. -Sai rapidamente do banheiro e apresentei seu kimono vestido em meu corpo. -Foi mal, eu não tenho um ainda.

Pov: Tory Nichols

Vi aquela menina parada com o meu kimono, tentei sentir raiva, mas não obtive êxito, pois olhando para ela, senti como se já fôssemos próximas, mesmo sem nunca tê-la visto antes.
-Hã...Tudo bem, eu trouxe o reserva na mochila, pode ficar com esse enquanto não consegue o seu. -Eu disse.
-Valeu...Sou a Nicky, e você deve ser a Tory, certo? -Ela sorriu sendo receptiva.
-Eu mesma, é um prazer, Nicky. -Eu sorri espontaneamente. -Preciso colocar o kimono, só um instante.

Pov: Nicky Bennett

Tory foi ao banheiro para trocar o kimono e eu fiquei aliviada por ela não ter ficado brava, eu gostei dela, diria que nossas vibes bateram, isso só a partir de uma simples troca de palavras, isso é raro.

Mais alguns alunos chegaram, e a aula começaria em alguns minutos, até que um aluno que me chamou a atenção entrou porta adentro, não por ser atraente ou qualquer coisa do gênero, mas pelo simples (ou complexo) fato de que ele usava um moicano vermelho. Achei muito dahora, ele devia ser um cara legal de ser amiga.

Tory voltou com o seu kimono devidamente amarrado, e colocou o braço ao redor dos meus ombros olhando para o resto dos nossos colegas.
-Aí, pessoal, essa é a Nicky, Nicky, esse é o seu pessoal agora. -Tory disse apontando para eles e depois olhando para mim.
-E aí. -Eu disse mantendo a pose.
-Bem vinda ao Cobra Kai, Nicky, pode me chamar de...Falcão. -O cara do moicano se aproximou, pegou minha mão e deu um beijinho, em seguida me encarando.
-Nem vem, cara, ela não é pro seu bico, nem liga pra ele, Nicky. -Tory, que ainda estava com o braço ao redor do meu ombro, me conduziu para longe do Falcão.
-Qual é, Tory? Deixa ela decidir. -Falcão gritou enquanto íamos pro dojô de trás.
-Você não sabe o quanto eu implorei pra entrar mais uma garota no time, já pensou, só eu e esses manés o dia todo? -Tory deu risada tirando o braço e dedilhando a ponta dos meus dedos.
-Não deve ser fácil, ainda mais lidar com o cheiro depois do treino. -Falei dando risada.
-Você nem imagina. -Disse ela enquanto afastava seus dedos dos meus.
-ALUNOS, POSIÇÃO, a aula já começou. -Sensei Kreese gritou do dojô principal e eu e Tory corremos para chegar a tempo.

Eu não sabia há quanto tempo eu não fazia uma amiga de verdade, a única que eu podia contar era minha irmã, mas ela também não tinha tempo pra ficar me ouvindo, tendo em vista que trabalhava meio período, limpava a casa e cuidava do Logan, se revezando comigo e com o Aiden. Foi bom ter encontrado a Tory.

Depois do treino, ela me convidou pra uma lanchonete, então lá fomos nós.
-Não que eu esteja reclamando, mas...Por que resolveu entrar pro Cobra Kai? -Tory perguntou intrigada.
-Eu...vi a notícia do garoto que caiu da sacada do colégio. -Contei.
-Ah...-Ela olhou pra baixo de repente como se estivesse ficado abalada pelo fato.
-Você era próxima dele, né? Quer dizer, vocês dois são do Cobra Kai e...-Fui interrompida.
-O Miguel me traiu. -Tory soltou a bomba. -Me traiu com a Samantha LaRusso.
-Samantha LaRusso...? -Repeti o nome porque senti que ela o proferiu com muito ódio, instintivamente comecei a sentir ódio também.
-Eu comecei a briga, a briga do noticiário, a briga que fez o Miguel sofrer o acidente, fui eu. -Tory disse alterada.
-Calma, Tory, tá tudo bem. -Segurei as mãos dela e tentei fazê-la se acalmar.
-Nicky, eu odeio o Miguel, ele é um traidor, mas não consigo conviver sem me culpar por ele estar naquele hospital. -Tory disse com uma pontinha de lágrima nos seus olhos.
-Não foi você, Tory...Foi o Robby. O Robby empurrou ele. -Eu disse.
-Eu sei, mas...Você conhece o Robby? -Ela fez uma cara de confusa.
-Desde bebê. Nascemos e crescemos no mesmo prédio, mesmo andar. Ele era meu melhor amigo antes de eu ter que me mudar. -Expliquei brevemente.
-Ok, agora eu tô confusa. -Tory disse.
-Respondendo a pergunta que você me fez...Eu entrei no Cobra Kai pra tentar entender porque o Robby fez aquilo, eu conheço ele, sei que ele não faria aquilo...Bom, pelo menos há um ano atrás eu costumava conhecer. -Ponderei.
-Quer saber, você fez bem em entrar pro Cobra Kai e não pro Myiagi-do. -Tory concluiu.
-Myiagi-do? -Perguntei.
-O dojô do pai da Samantha. Eles são nossos rivais. -Tory disse carregada de ódio em suas palavras.
-Essa Samantha deve ser uma vaca, do jeito que você fala. -Falei dando um riso contido.
-Pode apostar que é. -Ela confirmou.

Passei o resto do dia encucada com essa história. Queria ver a versão desse Miguel dos fatos. Então, antes de escurecer, peguei meu skate e fui direto para o hospital geral do Valley.
-O que você é do paciente, senhorita? -A recepcionista perguntou.
-Amiga, somos do mesmo dojô, olha. -Peguei o kimono da Tory da minha mochila e mostrei o símbolo do Cobra Kai contido nas costas dele.
-Tudo bem, pode entrar, ele precisa de contato com os amigos, está tão pra baixo, coitado. É a segunda porta à direita. -Disse ela me habilitando de passar na catraca de acesso ao hospital.
-Obrigada. -Agradeci e tomei meu caminho.
Quando eu cheguei, parei uns 5 pés antes da porta e observei o garoto, que depois de alguns segundos, percebeu minha presença, e, após nosso contato visual, me deu um pouco de segurança para avançar parando na porta do quarto dele.
-Hã...Oi. -Eu disse sem jeito.
-Oi. -Respondeu ele sem forças.
-Eu...Eu sou a Nicky. -Me apresentei.
-Bom...Oi, Nicky, eu sou o Miguel, eu te daria a minha mão, mas eu estou meio impedido de fazer isso agora. -Miguel disse.
-Ah, é né, dá pra perceber. -Tentei quebrar o gelo. -Miguel, eu queria te perguntar uma coisa, pode me responder?
-Depende, sobre o quê? -Disse ele dando um sorriso amarelo.
-O que levou o Robby a sentir tanto ódio de você e, bom, isso tudo acabar acontecendo? -Perguntei.
-Desculpa...O quê? -Miguel ficou desconcertado.
-Eu falei algo que não devia? -Questionei.
-Pra começar, quem é você? Você conhece o Robby? Por que veio aqui? -Miguel me encheu de perguntas.
-Eu...entrei pro Cobra Kai, pro seu dojô, só queria saber mais sobre...-Fui interrompida.
-Eu não sei se deu pra perceber, mas eu nunca mais vou lutar de novo, e mesmo que fosse, o Cobra Kai não é mais o meu dojô, e tem mais, se eu fosse você, eu sairia daquele manicômio o mais rápido possível, o sensei Kreese é louco, louco. -Ele se exaltou e os aparelhos começaram a apitar, a pressão cardíaca dele estava aumentando rapidamente, então médicos e enfermeiros entraram no quarto para acudir ele, e eu sai correndo antes que desse ruim pra mim.

𝐈𝐍𝐒𝐈𝐃𝐄 𝐂𝐎𝐁𝐑𝐀 | Robby Keene IACWOnde histórias criam vida. Descubra agora