Aquela foto só poderia ter sido tirada pela janela, percebo parte do pano da cortina a aparecer. Olho para o retrovisor do carro e não vejo ninguém, olho para a casa onde ainda estava um barulho infernal. Saio do carro e bato a porta, dou a volta na casa avistando as janelas dos quartos e enfim encontrando a do que estávamos. Aqui está tudo um silêncio, esses matos atrás de mim me dão arrepio, procuro manter a calma e vasculhar por ali. O anônimo só poderia ter alcance para a janela subindo em alguma escada, mas não havia nada ali, nem ao menos uma corda. Continuo vasculhando o lugar até que piso em algo macio, olho para o chão e não consigo ver muito bem, estava escuro. Me abaixo e pego o que supostamente eu teria pisado, uma luva, preta.
- o que você faz aqui?- ouço a voz de alguém atrás de mim. Escondo a luva em meu bolso e me viro. Era Érika.
- estava á procura de Claire.
- ela está sentada enfrente a porta da entrada, chorando.- ela diz com um tom fechado, me sinto intimidada.
- obrigada.- agradeço e vou para a entrada, passando por ela.
Vejo Claire sentada com os braços envolta de seus joelhos, ela chorava e esperneava. Já estava ficando constrangida com todos olhando para nós, ela estava realmente bêbada.
- esse desgraçado matou Angel!! ELA NÃO APARECEU, ELA MOR...- tampo a boca dela com a mão e digo "Xiu." Seguro o braço dela e a levo até o carro, que estava do outro lado da rua.
- entre aí.- digo.
Ela enxuga as lágrimas misturadas com seu rímel, em meu casaco que estava no banco de trás.
- você ficou louca? Não grite essas coisas na frente de todos.
- eu estou bêbada babaca, não sei o que faço.- ela continua a chorar, mais calmamente.
Ligo o carro e fomos para o campus.
***São 2:45 da madrugada, deito Claire em sua cama e dou um calmante para ela relaxar e dormir. Me sinto exausta e confusa com tudo o que aconteceu esta noite, sento-me na cadeira da minha escrivaninha e acendo o pequeno abajur, pego a luva preta de meu bolso e tento analisa-lá. Ela estava suja pelo fato de ter sido pisada por mim, e estar no jardim. A reviro e observo sua etiqueta, foi fabricada na empresa AmericanGloves, na Pensilvânia. Porém, essa empresa somente vende produtos de qualidade e diretamente da fábrica, ou seja, anônimo foi para essa fábrica comprar seus "materiais", me arrepio só em pensar que materiais seriam esses, além de uma simples luva. Irei para Pensilvânia hoje, preciso ir atrás de pistas, e deixarei um bilhete para Claire...
Me deitei e não demorou nem um minuto para que eu caísse no sono, eu estava realmente cansada.Acordo ás 7:00 e deixo o bilhete no criado mudo de Claire, e coloco meus tênis. Me olho no espelho, minha calça preta e meu casaco azul estavam ótimos para a minha viajem, pego as chaves do carro e vou.
Enquanto estou na estrada, recebo um sms de Joey; "Poderíamos conversar? Me desculpe Lucy..." Ignoro aquele sms e continuo a dirigir, tenho raiva só de pensar nele com Érika, e seria mesmo a Érika do campus?...
- moça... moça?- ouço alguém me chamando.- Seu pneu está furado.- o homem do posto de gasolina me avisa.
- nossa, sabia que havia algo de errado.
- pode encostar o carro ali, eu o encho para você.- ele diz apontando para o posto.
Agradeço com um sorriso e encosto o carro, aproveito e peço para que o abasteça também. Entro na loja de conveniências e compro um iogurte, espero alguém do caixa chegar para me atender.
- desculpe a demora.- um homem que aparentava ter uns 35 anos chega.
- magina.- digo.
Observo ele tirando os cachecóis e suas luvas pretas... Suas luvas, bem parecidas com a que eu havia encontrado, fico observando-as encima do balcão.
- me desculpe, eu já volto, vou pegar as sacolinhas plásticas.- ele diz e entra pela portinha de novo.
Pego suas luvas e ás viro, não foram fabricadas na mesma fábrica, e outra, por que esse homem poderia ser suspeito?.
- moça?- ele diz olhando para mim e para suas luvas em minhas mãos.
- ah... Me desculpe, é que achei bonitas.- sorrio disfarçadamente.
Pago meu iogurte e a gasolina e volto para meu carro, agradeço o homem que havia me avisado sobre o pneu e sigo minha viajem.
***São 15:00 horas, observo aquela fábrica grande, com a aparência fina e sofisticada, logo entro.
Havia uma recepção, onde uma mulher vestida socialmente sorri ao me ver.
- boa tarde- sorrio.- gostaria de falar com algum vendedor.
- sim, posso ajudá-la?- uma moça morena se aproxima de mim sorrindo.
- bom, eu gostaria de saber quem são seus clientes mais freqüentes.
- e por que eu lhe daria essas informações?- ela pergunta.
- me desculpe, fui direta demais, bom... Algum cliente, tem de costume comprar esses tipos de luvas aqui?- mostro a luva para ela.
Observo sua aparência ficando séria.
- me acompanhe por favor.- ela diz.
Eu a sigo até uma sala, que provavelmente seria a dela.
- sente-se.- ela aponta para a cadeira, enfrente a sua mesa. - essas luvas, somente são compradas por um grande empresário que freqüenta aqui.
- e quem seria ele?- eu pergunto, observo ela me encarando.
- o nome dele é James Marcus, mora na Av collins, e sempre há seguranças enfrente de sua casa. Somente isso que sei, agora pode se retirar.- ela diz meio desesperada.
Observo que ela está me passando informações que não poderia, mas fez a questão de me passar. Agradeço a ela e vou embora, não gastei nem 15 minutos para pegar a informação que eu precisava. Ainda hoje passo na casa de James para saber quem esse homem é... seria ele o anônimo?.
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Anônimo
Mystery / ThrillerLucy começará a sua vida na Universidade de New York, mas ela não esperava que um assassino que se nomeia como Anônimo iria entrar em jogo.