38. Última chance

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Cole Sprouse

3 semanas antes.

O diagnóstico do oftalmologista foi curto e doloroso. Os tecidos regenerados com a cirurgia no meu nervo óptico estavam voltando a ficar inúteis gradativamente. Eu estaria totalmente cego em um mês, talvez menos, mas até que a minha visão suportou um pouco mais que isso, pelo menos até os pesquisadores que realizaram a minha cirurgia me contatarem para uma avaliação, onde eu teria que ir até a clínica deles em Nova York para que tentassem descobrir o que fazer. E cá estava eu novamente correndo para qualquer lugar onde alguém me prometesse um punhado de esperança.

Não contei para a Lili sobre o meu problema porque ela estava muito feliz com a sua turnê e eu não queria estragar isso com a notícia de que talvez eu nunca pudesse ver o rosto do nosso filho. Quando ela retornasse eu a colocaria a par de tudo e esperava que pudesse lhe contar que havia uma chance de reverter isso antes que fosse tarde demais.

Foi difícil, no nosso último jantar, fingir que eu estava vendo-a claramente quando tudo o que eu percebia ao meu lado era um borrão falante. O borrão mais bonito que já vi, mas ainda um borrão. Eu só conseguia vê-la claramente quando ela estava bem perto e isso funcionava com tudo ao meu redor. Estar em ambientes mais claros facilitava as coisas, pois quanto mais luz, melhor eu enxergava.

A cada dia, a escuridão ia aumentando sutilmente, eu via muito mais sombras do que pessoas agora e ficar dentro de casa me deixava totalmente cego, por isso eu passava a maior parte das minhas horas na janela da sala, olhando para o céu, onde o sol brilhava mais forte e eu tinha uma boa visão do azul. Era uma das únicas cores que eu ainda conseguia ver.

Não podia ficar em Los Angeles por enquanto, mas voltaria antes que Lili terminasse a turnê. Um enfermeiro iria me acompanhar no Vôo até Nova York, já que eu poderia me perder no aeroporto se fosse sozinho. Acomodei Kitty em sua caixa de transporte e fui atender a porta assim que a campainha tocou.

— Olá, chegou cedo. — fui dizendo ao abrir a porta. — Eu só preciso buscar uma mochila lá em cima e...

— Cole.

Parei de falar e estreitei os olhos para a silhueta que estava em pé na entrada. Eu ainda usava meus óculos, o que me ajudava às vezes, mas nem sempre. Mas eu não precisava tentar ver quem era, reconhecia aquela voz. Era a minha mãe. Gelei completamente por ela estar ali na casa de Lili, que agora também era a minha casa. Ela havia descoberto tudo?

— O que faz aqui? — perguntei.

— Devo lhe fazer a mesma pergunta. — deu alguns passos na minha direção. — Achei que estaria morando em Malibu.

Fiquei em silêncio. O que eu diria? Não havia nenhuma mentira boa o suficiente para aliviar o meu lado.

— Os pesquisadores ainda têm o meu contato. — suspirou, depois entrou completamente e fechou a porta. — Me ligaram para saber se eu seria a sua acompanhante. A pergunta me deixou confusa porque eu não estava sabendo de nada. Quando eu questionei, eles disseram que você estava voltando a ficar cego.

— Esse é um problema meu. Sempre foi. Se eu não te contei foi porque não queria que você se envolvesse nisso.

— Eu sempre estive ao seu lado na sua fase mais difícil, fui a única a continuar com você. — havia mágoa em sua voz. — Sou sua mãe, Cole. Você deveria ter me contado.

— Eu não deveria nada! — comecei a me irritar. — Você está sempre exigindo coisas, fazendo parecer que é meu dever te colocar dentro de tudo o que diz respeito a mim! Eu não tenho que fazer isso. Sim, você me colocou no mundo, mas eu não pertenço a você! — soltei um suspiro longo. — Estou cansando de sempre ter as mesmas conversas quando sei que você nunca vai ouvir.

Your Skin ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗOnde histórias criam vida. Descubra agora