5. Noite de estreia

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Lili Reinhart

A semana passou como um furacão e só porque tudo estava novo ao meu redor. Não era justo que os momentos felizes passassem mais depressa e que os tristes se arrastassem como lesmas, mas era assim que a vida funcionava por alguma razão. Se eu pudesse escolher os momentos que pausaria só para aproveitar mais um pouco, diria que seriam os momentos com Cole. Eu não costumava gostar muito de ficar em casa antes, mas agora sempre que estou na rua me animo ao ter que voltar para casa pois sei que posso vê-lo.

Revezávamos entre o meu apartamento e o dele, mas eu preferia estar em sua casa que ironicamente era bem mais organizada do que a minha, mesmo ele sendo uma pessoa cega. Ouvíamos as minhas playlists e as dele e eu descobri que ele tinha um excelente gosto musical. Ele também tentou me ensinar a jogar xadrez, mas eu não entendi bulhufas e só assisti enquanto ele me vencia em todas as partidas.

Depois de assinar oficialmente o meu contrato com a casa de shows Alpha Center, eu comecei os meus ensaios com a banda para a noite de sábado, que seria a minha grande estreia. Os ensaios aconteceram nas noites de quinta e sexta e eu cheguei tarde em casa nos dois dias, perdendo o jantar com Cole.

Mesmo eu já tendo oficialmente um emprego, tornamos essa refeição uma coisa nossa e eu tive que me desculpar pela minha ausência com uma mensagem de texto. Ele entendeu, disse que aproveitou para fazer um e-mail como Kj e eu sugerimos. Ele me enviou seu novo endereço de e-mail e eu enviei o meu. Talvez fosse útil caso um dia estivéssemos longe demais para mensagens de texto ou ligações, o que eu esperava que não acontecesse.

Tive que insistir muito para convencê-lo de ir ao Alpha na minha noite de estreia. Ele repetiu várias vezes que não frequentava lugares assim desde que perdeu a visão e que isso poderia deixá-lo desconfortável, mas eu me encarregaria de que fosse o contrário. Eu faria um pequeno show de trinta minutos e passaria o resto da noite grudada com ele, não haveria desconforto. Confiando totalmente em mim, ele aceitou fazer aquilo.

Estava acabando de passar o gloss quando ouvi batidas na minha porta. Três batidas, uma pausa, duas batidas. Cole. Ele repetia esse estranho ritual sempre que vinha aqui, percebi após a terceira visita. Era seu jeito incomum de se identificar.

Quando abri a porta e me preparei para dizer um feliz e alto "olá", travei com a boca aberta ao ver que ele trazia um pequeno buquê de rosas vermelhas em mãos.

— Oi, Lili do 4A. Isto é para dar sorte na sua noite de estreia. — ofereceu-me as flores enquanto mantinha um sorriso no rosto.

— Obrigada, Cole. Você é um doce. — levei as flores ao meu nariz e funguei talvez por um hábito humano, pois flores nunca tinham um cheiro bom de verdade.

— São vermelhas, não são? Eu esqueci de especificar a cor na floricultura. — coçou a nuca sem jeito.

— Vermelhas como sangue, do jeito que tem que ser. Eu só vou colocá-las em um vaso com água e a gente já pode ir.

Depois de fazer isso, tranquei a porta de casa, segurei a mão de Cole e nós começamos a descer as escadas. Notei que ele começou a respirar fundo ao meu lado quase como se estivesse fungando.

— Nariz entupido? — perguntei com estranheza.

— Não. É você. — respirou fundo. — O seu cheiro.

Levantei sutilmente o meu braço e cheirei a minha axila. Eu não estava fedendo.

— Eu juro que tomei banho. —garanti.

— Eu quis dizer que você está cheirando bem. — gargalhou.

Chegamos ao térreo e paramos de frente um para o outro.

Your Skin ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗOnde histórias criam vida. Descubra agora