Epílogo

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Cole Sprouse

Não posso dizer que a vida foi dura comigo em algum momento. Sim, passei por maus bocados, mas todo mundo passa. A maré não vai estar cheia para sempre e tudo bem, precisamos sentir um pouco de dificuldade para valorizarmos as coisas realmente importantes. Por muito tempo eu passei a minha vida pulando de país em país, sempre desejando ver lugares, gravar imagens na minha memória. Mas aí essa coisa que era tão simples para mim me foi tirada e eu vi a importância de outras coisas.

As pessoas não são só o que elas parecem ser. Elas não são só seus sorrisos, suas roupas ou acessórios. Há uma energia única em cada um, uma coisa chamada personalidade. Essa personalidade fica bem acentuada quando não temos o poder de julgar o livro pela capa. Posso dizer que nunca conheci tão profundamente as pessoas como quando eu não podia vê-las. E eu aprecio essa fase, aprecio cada coisa que aprendi, conheci e aceitei. Hoje, tendo a dádiva de poder olhar o mundo novamente, sei que meu sentido mais importante no entanto não é a visão. Ironicamente, ter passado um período da minha vida cego me ajudou a ser um observador melhor.

Eu queria poder ensinar a minha filha a ver o mundo assim também. Nós estamos nesta terra para ingerirmos e digerirmos – em todos os sentidos – as melhores coisas em seus minuciosos detalhes. Quero ensiná-la que antes de amar o rosto de alguém, ela deveria tentar amar o que a pessoa diz, seus gostos, manias e hobbies. Porque você não sabe o quanto é grande o seu amor por uma pessoa até que você não quer simplesmente observá-la ou toca-la, mas quer que ela se mostre pra você, que reaja, que viva tão intensamente que te cause as mais turbulentas borboletas no estômago. Isso é amor de verdade. Um amor que eu conheci com a Lili.

Me desfiz de muitas coisas quando fiquei cego, tanto que atualmente me pergunto se realmente amava alguma delas ou se elas só pareciam merecer atenção. Não poder ver a Lili me fez tentar navegar por entre as entrelinhas de seus demais detalhes. A conheci de um jeito que jamais conheci alguém, talvez porque não pudesse ver o quanto ela era linda e isso não me distraiu de suas palavras doces comigo e grosseiras com o resto do mundo; seu jeito ora carinhoso, ora agressivo; sua voz tão firme, única e sensual e as tantas vezes que Lili só quis me incentivar a viver e não apenas sobreviver.

Me apaixonei pela intensidade de Lili, sua força, sua sinceridade, bondade que poucos sabiam acender e por fim, quando finalmente olhei para ela, me apaixonei por sua beleza. Isso me fazia pensar no quanto eu tinha certeza que era ela, sempre será ela a pessoa que eu vou desejar ter ao meu lado em todas as manhãs, com quem trocarei confidências e poderei buscar apoio quando preciso. E é por ela que eu tentaria sempre ser melhor. Orgulhar aquela mulher era a meta de vida que estava no topo da minha lista. Sentir o amor dela me fazia amá-la mais.

Ressaltei todas essas coisas e tantas outras em meus votos de casamento. O salão de festas que havíamos escolhido estava cheio, mas eu só tinha olhos para ela. Nada merecia mais a minha atenção do que o anjo chorando de emoção em minha frente.

Os votos dela também me fizeram chorar. Claro, não seria a Lili se ela não dissesse que tinha vontade de chutar a minha bunda quando eu fazia alguma piada de cego. Brinquei dizendo que não ficaria surpreso se ela fizesse isso.
Ela ressaltou o quanto aprendeu a ser melhor comigo, como eu a mostrei que deixar suas emoções saltarem para fora não era uma fraqueza, mas uma necessidade humana para se continuar são.

— E tudo bem não conseguir ser forte o tempo todo. — deu continuidade. — Ninguém é, eu não preciso ser. Mas eu sei que quando eu me sentir fraca posso me apoiar em você.

Eu assenti positivamente, continuando a sorrir para ela.

— Eu não sabia o que faltava em mim até conhecer você. — suspirou. — Eu vou te amar até meu último suspiro.

Your Skin ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗOnde histórias criam vida. Descubra agora