E AGORA O QUE FAÇO?

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A tentação
Levou – lhe a perfídia
De um inocente coração.

Meus paços traiçoeiros
Em paços de rebelião
Conduzem – me ao quimbandeiro.

Na escuridão
O sabedor – de – tudo
Segredos levou a revelação:
A tua mulher trai – te com outro...

Ouvia vezes sem conta assim
Aquela melodia no interior de mim
Meu peito agitado minha boca silenciou
Enxergando respostas minha rotina me culpou.

Num completo estado
De vida e morte me encontrava
Perdi os sentidos
Minh’alma rastejava
Na verificação dos factos todos
Que amorosamente a vizinhança contava.

E o que faço agora?
Sem acção por uma hora
Arquitectando uma reacção
Que meu bom nome não pusesse no chão.

De madrugada
Meus sentidos cumprimentavam
Numa linda voz:
– Gustavo, tenha calma!
Já eu calmo, acalmei – me só.

Cheguei a porta de casa e lá estava ela,
A minha Bela Cinderela
A espera de mim
De baixo para cima olhando – me
De cima para baixo
Num receber de nada de abraços.

Como quem perguntasse
Aonde esse Cabrito passou a noite
Ciente da realidade não disse nada
Se fizesse, fecharia ali mesmo o conto de fadas.

Fui morrer por um bocado
Dar paz ao meu corpo exausto
Quando prematura a guerra chega
E uma donzela
Acusando – me de traição
Com a aliança já retirada de sua mão.

E que conversa
Sem presença
Vem a ser essa?

A paciência tem
Um limite
Me parece
Que a minha também.

Agarrei - lhe os cabelos e contei verdades:
Tu traís - me com outro, admite!
Admitiu, esp'rando eu que negasse:
É, e estou farta de ti!

Suas coisas arrumou
Teu filho não é teu filho
Segredos me contou
É do vizinho Tiago,
Teu amigo,
A ele sim eu amo.

O Sol havia deixado de alegrar os meus olhos
E não era mais eu
O gestor das acções do meu corpo
Uma tragédia aconteceu.

No revólver peguei
E dois tiros aos céus dei
Matei dois pombinhos
E à atirar minha vida ao chão caminho.

AUSÊNCIAOnde histórias criam vida. Descubra agora