61.4 Tampão

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CARLA

Assim que as palavras saíram da boca dele meu corpo inteiro ficou tenso. Mesmo não querendo me levantei de seu colo e sentei ao seu lado.

Arthur: O que foi? - ele diz preocupado. - Eu não quis te ofender, juro! Eu sei que você é casada mas achei estranho não ter nada dele aqui... nenhuma foto! - enquanto ele vai dizendo tudo tento me controlar pra não rir, ele continuava o mesmo lento de sempre.
Carla: É sério? Você acha mesmo que sou casada? - pergunto tentando soar o mais séria possível.
Arthur: Bom... ele desvia o olhar para a sala e depois volta a encontrar o meu. - Sei lá... eu não sei da sua vida há muito tempo. - respiro fundo quando ele diz isso.
Carla: Não, não sou casada. - ele me responde com um 'Ah' que até soa engraçado. - Já faz muito tempo inclusive, quase 9 anos. - digo e ele me olha espantado.
Arthur: 9 anos? - ele pergunta num sussurro enquanto parece perdido.

Ficamos em silêncio alguns minutos que me deixaram desesperada. Ele me encarava sem dizer nada, parecendo perdido.

Carla: Fala alguma coisa. - digo tentando chamar sua atenção.
Arthur: Não sei o que dizer! - ele desvia o olhar, respira fundo e me encara novamente. - 9 anos?
Carla: Sim. - acabo sorrindo pois sei exatamente o que ele está pensando. - Eu fui atrás de você, sabia? - e assim que termino de dizer isso ele arregala os olhos. - Eu te queria de volta, achei que ainda podíamos tentar. Mas fiquei sabendo que você tinha fechado contrato pra fora do país. Fiquei tão feliz por você. - enquanto digo tudo isso meus olhos começam a se encher de lágrimas. - Eu não tinha o direito de interferir no seu futuro. Não me perdoaria se te atrapalhasse mais. - quando o encaro vejo o rastro fino de algumas lágrimas em seu rosto.
Arthur: Eu nunca soube... eu... - ele diz enquanto desliza as mãos pelos cabelos. - Você nunca me atrapalharia. Tudo que eu mais queria era te ter de volta.

E ficamos assim, os dois se encarando em silêncio, tentando entender o porque de ter acontecido tudo assim.

Quando ele me puxa pra um abraço me permito chorar todas as lágrimas que vinha guardando esses anos todos.
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ARTHUR

Foram muitas informações jogadas de uma vez que estavam me fazendo ficar com a cabeça atordoada.

Como assim ela foi atrás de mim? Como assim ela não tinha se casado??

Minha cabeça girava com todas as possibilidades que podíamos ter vivido e não aconteceu. Mas apesar de tudo uma pergunta ainda rondava minha cabeça e ela não tinha me respondido.

Se ela não era casada, quem era o pai desse bebê?

Esperei um tempo até ter certeza de que ela tinha se acalmado pra refazer a pergunta.

Arthur: Cá, quem é o pai do Heitor? - ela se afasta lentamente e me encara.
Carla: Ele não tem pai. - diz simplesmente me fazendo ficar confuso.
Arthur: Que? Como assim? - pergunto sem entender.
Carla: Ele não tem pai. - ela respira fundo e se vira sentando de frente pra mim no sofá. - Você mais do que ninguém sabe o quanto eu sempre quis ser mãe. - ela diz com um sorriso melancólico. - Mas as coisas definitivamente não saíram do jeito que eu esperava.
E olha pra mim... - ela abre os braços. - Eu já tenho 40 anos, continuo solteira e cada vez mais as possibilidades de engravidar iam se acabando. - ela me encara e percebo uma luz diferente em seus olhos. - Então eu decidi que fatia isso por mim. Que eu queria e poderia sim ser a mãe que sempre sonhei.
Arthur: O que você fez? - perguntei quase não contendo a curiosidade.
Carla: Iniciei um processo de fertilização em vitro. - eu sabia o que era mas mesmo assim fiquei confuso. - Foi doloroso e longo, mas depois de 3 anos meu sonho vai se realizar. - ela desliza as duas mãos pela barriga sorrindo. - Heitor é o meu presente!

Ela diz ainda concentrada na barriga e percebo a ternura com que ela fala do filho. Desde que conheço Carla ela fala sobre o sonho de ser mãe, de cuidar e criar um filho. Era lindo de ver esse sonho tão bonito se realizando.

Eu só queria poder fazer parte dele também. Por tantos anos sonhei em como seria um bebê nosso, em como seria tê-la grávida e fazer suas vontades. Em cuidar e proteger ela. Mas quando mais o tempo passava mais esse sonho era enterrado.

Eu nunca imaginei que ela voltaria pra minha vida, ainda mais grávida.

Arthur: E você está feliz agora? - pergunto quando ela me olha novamente.
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CARLA

Eu queria dizer que ainda faltava um pedaço pra fazer minha felicidade completa, queria dizer que em todos os momentos do processo só pensava nele ao meu lado, mas meu medo de afastá-lo falou mais e decidi que era melhor me calar.

Carla: Muito! - sou o mais sincera que consigo.
Arthur: Bom, isso que importa. - ele diz com um sorriso que não chega ao seus olhos. - Fico feliz que esteja realizando o seu maior sonho. - e sinto ali toda a sinceridade dele, o que faz meu coração aquecer.

Passamos a noite conversando sobre o processo todo. Sobre como foi doloroso passar por todas as etapas e no final o resultado não ser o esperado e de como fiquei radiante quando finalmente deu certo. Eu percebia sua alegria com a minha felicidade, mas alguma coisa me dizia que não era 100% completa.

Ele também me contou sobre como foi trabalhar fora e poder realizar tantos sonhos que nunca imaginou, e claro que a cada conquista que ele me contava meu peito se inflava de orgulho do homem maravilhoso que ele tinha se tornado.

Os dias foram passando e cada vez estávamos mais juntos. Sempre que eu precisava sair pra ir a qualquer lugar ele se oferecia pra me fazer companhia, pelo menos uma vez por semana jantávamos juntos, fora as milhões de mensagens que trocávamos durante o dia.

Eu estava experimentando o gostinho de me apaixonar por ele novamente e era uma sensação maravilhosa.

Hoje era quinta e ele tinha me chamado pra lanchar mais tarde em sua casa. Eu tinha acabado de sair do banho e estava me arrumando pra subir ao seu apartamento quando o que menos esperava aconteceu.

Senti um líquido escorrer por minhas pernas e quando olhei pra baixo vi meu tampão no chão. Tentei me acalmar ao máximo, afinal ainda não tinha chegado nem na 38° semana.

Pensei em ligar pra minha mãe e pedir ajuda, mas até ela chegar aqui eu já teria surtado. Então liguei para a minha opção mais próxima e que tenho certeza me ajudaria mais rápido.

O telefone tocou e caiu na caixa umas 3 vezes antes dele atender.

Arthur: Oi... desculpa. Estava no banho... - ele começa a divagar.
Carla: Preciso de ajuda! - tento controlar a voz para não assusta-lo.
Arthur: O que aconteceu? Já estou descendo. Não sai do lugar, estou colocando uma bermuda e chego aí em 2 segundos.

E antes que eu pudesse falar qualquer coisa ele desliga o telefone, e apesar de tudo não consigo controlar o sorriso que brota em meu rosto.
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Oiiie gente bonita!

Esse ficou grandinho pra compensar que sumi o dia todo.

Então, eu já chorei de rir das ideias mirabolantes de vcs. Ele não é pai do Heitor... ainda! Ou não... vai saber... 😂😂😂😂
Mas não foi por falta de querer do dois, olha lá.
Vamos ver o que vem mais pra frente. O que vcs acham?

Comentem bastanteeee... estou amando ler tudo!

Beijinhooos💋
Rafa🦋

One Shots CarthurOnde histórias criam vida. Descubra agora