62. Carnaval

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CARLA

Ahhh o carnaval!
Como eu amo essa época do ano. Como eu amo fazer parte dessa folia tão maravilhosa, não tem nada melhor do que passar por essa avenida e sentir a vibração da bateria e das pessoas. É a energia que eu preciso pra passar o ano bem.

Esse ano desfilei como madrinha de bateria em São Paulo. Foi emocionante, foi lindo e eu me acabei de dançar, e apesar de estar toda coberta eu brilhava tanto que nem me importei.

E apesar de amar São Paulo e ser muito grata por tudo que tenho e consegui, meu lugar é e sempre vai ser no Rio. Eu amo estar aqui, eu amo essa cidade, amo o ar e as pessoas daqui.

Foi preciso me afastar pra curar minhas feridas mas agora tenho certeza que estou pronta pra voltar pra essa terra que me acolheu com tanto amor por tantos anos.

E tinha a outra parte também... Arthur.

Se eu tinha medo de me encontrar com ele depois de tudo que a gente passou e tudo que aconteceu depois? Eu morria! Mas já tinha chegado o momento de passar por tudo isso e dizer que foi mais um aprendizado na minha vida.

Eu sai daqui praticamente fugindo dele e agora, olhando pra trás, eu entendi que precisava passar por tudo isso pra ficar mais forte e tudo que eu queria era ficar de bem com meu passado.

Eu sabia que ele iria desfilar pela Portela na segunda. Eu sabia que provavelmente nos encontraríamos em algum camarote, ainda mais por que a Carol gostava muito dele.

Cheguei na avenida cedo, queria pegar o primeiro desfile e aproveitar bastante a festa. Passei pelo camarote cumprimentando amigos e conhecidos pelo caminho. Assim que me encontrei com a Carol não resisti e fiz a pergunta que me rondava a cabeça a alguns dias.

Carla: Ele vem?! - sussurrei em seu ouvido.
Carol: Ele quem? - ela me olhou por um momento e depois sorriu. - Ahhh...
Carla: Que foi?! - sorri sem graça.
Carol: Sonsa! - ela gargalhou e eu sorri sem graça. - Você não tava namorando? - ela diz com uma careta me fazendo gargalhar.
Carla: O que isso tem a ver? - ela me olha sorrindo.
Carol: Nada, uai. - alguém chama por ela e me distraio um pouco olhando em volta. - Preciso resolver um probleminha, fica a vontade e aproveita. - me dá um beijinho no rosto e sussurra. - Ele não vai poder vir, ficou muito doente. Acho até que tá precisando de uma enfermeira. - ela sorri e pisca me olhando antes de sair.

Acho que fiquei uns 10 minutos parada olhando o nada. Assim que ela disse que ele estava muito doente alguma coisa despertou um alerta na minha cabeça. Doente?! Ele nunca ficava doente.

Tentei prestar atenção nos desfiles e nas pessoas que vinham conversar comigo mas minha cabeça só pensava no que ela disse: 'Ele não vai poder vir, ficou muito doente. Acho até que tá precisando de uma enfermeira.'

Assim que a Portela passou peguei minhas coisas e sai de fininho pra que ninguém me visse, fui entrando no Uber e a primeira coisa que fiz foi ligar pra alguém que nunca mais imaginei falar.

Xxxx: Alô?! - a voz estava um pouco sonolenta. Por um minuto cogitei desligar a ligação, mas se já tinha ido até aqui não vou amarelar.
Carla: Oi. - silêncio absoluto. - Preciso de uma ajuda.
Xxxx: Quem tá falando? - o tom da voz mudou completamente, certeza que ela me reconheceu.
Carla: Carla. - respondi sem rodeios, se era pra dar errado ia ser agora. Escutei um suspiro e um grunhido e antes que ela desligasse falei. - Não desliga... por favor! - pude ouvir sua exitação e prendi a respiração.
Xxxx- O que você quer? - ela diz com a voz controlada mas percebo sua raiva.
Carla: Preciso ver o... - antes que eu termine ela me corta.
Xxxx: Não! - respiro fundo tentando controlar as lágrimas que já chegam aos olhos.
Carla: Por favor! - suplico. - Eu soube que ele está muito doente.
Xxxx: E você vai fazer o que? - ela se controla mas a raiva está evidente em sua voz. - Vai lá, ilude ele todo e depois vai embora deixando ele mais arrasado que antes? - nossa, soco no estômago agora. - Nem pensar!
Carla: Por favor! - já estou chorando e nem percebi. - Eu só preciso vê-lo. - ela respira fundo antes de me responder.
Xxxx: E por que eu faria isso? Você não é nada minha e que eu saiba nada dele também. - eu estava quase sufocada com as verdades que ela dizia. - Você deixou ele na merda, deixou todo mundo denegrir a imagem dele e agora vem aqui me pedir ajuda?!? Qual teu problema Carla?! - ela quase grita no final.
Carla: Eu... eu... - praticamente não consigo dizer nada.
Xxxx: Nada que você diga vai me fazer mudar de ideia! Nada! - ela diz com a voz firme.
Carla: Eu o amo! - solto antes que me controle e nós duas ficamos em silêncio.

Eu o amo. Simples. Eu achei que poderia me livrar desse sentimento indo morar longe, me desvencilhando de qualquer assunto que me levasse a ele. Tentei me enganar com outra pessoa, me deixei levar pelas opiniões das pessoas e mesmo assim estou eu aqui, chorando como louca dentro de um Uber simplesmente porque me dei conta de que ainda o amo e que isso não vai mudar.

Xxxx: Qual é! - ela responde. - Você nunca amou ele.
Carla: Amo, sempre amei e vou continuar amando. - digo respirando fundo. - Por favor, eu preciso vê-lo. - ela bufa. - Me deixa cuidar dele Abby!
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Eu só queria dizer que odeio minha cabeça muito imaginativa... eu prometi que não ia escrever mais nada. 🥺

Dependendo de como isso daqui ficar eu posso até voltar... mas não prometo nada!

Beijos amores,
Conduru Rafa🦋

One Shots CarthurOnde histórias criam vida. Descubra agora