Capítulo 12

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"Eu prometo", "eu prometo", "eu prometo".

Estas palavras ainda ecoavam em minha mente mesmo depois de adormecer. Logo após Kelley deixar o quarto, resolvi seguir a rotina normalmente. Banho, trabalho, escrita. Até arrumei a cama. Talvez seja um bom sinal. Quando a noite começou a cair tive esperança de que Kelley aparecesse para uma visita noturna. Minha esperança durou a noite toda. E quando os primeiros raios de sol começaram a surgir eu sucumbi ao pesado sono já presente.

Meus sonhos foram vazios e não duraram muito, infelizmente. Seria bom ficar ausente por um tempo. Mas não adiantaria, pois aquela situação continuaria ali mesmo em minha ausência.

Levantei-me e fui usar o banheiro. Prendi o cabelo em um rabo de cabo alto e vesti um jeans. Foda-se a camisa do pijama. Neste meio tempo olhei pela janela e vi meu carro no estacionamento. Ainda bem. Precisava agradecer a Phil mais tarde. Desci as escadas, entrei na cozinha e achei torradas, metade de uma jarra de suco, uvas e pão. Saudades do café. Mas suco teria de servir. Pus tudo na mesa, sentei e enquanto comia lembrava das partes da noite do brownie de maconha.

Oh Deus!, pensei. Que completa idiota. Já estava rindo baixinho quando a frequência da presença dele me atingiu.

- O que há de tão engraçado? - Perguntou Kelley.

Me virei e o vi encostado no batente da porta de vidro imensa. O cabelo despenteado. Jaqueta de couro. Sorriso torto e olhos negros profundos. Geralmente meu coração disparava, mas desta vez a única coisa que senti foi um peso no peito. Eu sabia que esta seria a última vez que o veria. Bem, talvez não a última. Mas é uma merda depender de um talvez.

- A pergunta certa seria "o que havia". E a resposta seria brownies benzidos. - Respondi.

Ele deu uma risada baixa. Doce.

- Posso ajudá-lo em alguma coisa?

- Já ajudou. Sua existência é o melhor presente que possa me dar.

A tempestade em meus olhos caiu, e a chuva escorreu pelo meu rosto.

- Eu não quero ir. - Murmurei em seu peito, pois em um segundo Kelley já me segurava em seus braços.

- Nem eu quero que vá. Mas é preciso, amor.

Balancei a cabeça.

- Ninguém disse que se apaixonar seria tão difícil.

- E ninguém disse que seria fácil. - Respondeu. - Mas prometi que iríamos ficar juntos. E vamos. Lhe prometerei mil vezes se quiser, e cumprirei mil vezes.

Não havia outro jeito senão acreditar no homem que amava. Havia coisas em risco e algumas vezes na vida temos de aceitar o que não queremos. Mesmo que isso nos machuque por dentro, e machuque muito. Mas nós ficaríamos juntos no final. Sempre.

- Amo você. - Sussurrei.

- Amo você. - Kelley respondeu. - Amo você mais do que minha própria vida. Você é meu coração. Sempre será.

Com isso, ele se levantou e saiu. Resolvi que se fosse para partir, seria agora. Se deixasse para mais tarde não aguentaria. Então subi e comecei a arrumar as malas.

Os copos de café ainda estavam empilhados no criado-mudo. Uma camiseta de Kelley que ele esqueceu aqui outro dia estava embolada na cama. O caderno com um desenho que ele rabiscou. E seu cheiro presente no quarto inteiro. Sua presença sentida em todo o meu mundo.

Rabisquei um bilhete para Phil agradecendo pelo carro, pelo emprego e bem, por tudo. Me desculpando pelos inúmeros problemas também. Peguei a chave do carro e antes de sair, não consegui deixar um copinho de café para trás. Por mais bobo que possa parecer, eles eram especiais. A camiseta de Kelley também vinha junto. Talvez ele desse falta e viesse atrás de mim.

Depois de escrever um bilhete para cada amigo meu, deixei-os sobre a porta de cada um. Até Dixon. Desci a escada pela última vez, passei pela recepção pela última vez e saí por aquela porta, pela última vez também.

Kelley estava parado junto ao meu carro. Andei o mais lentamente possível até lá.

- Pronta? - Perguntou.

O máximo que consegui foi dar um sorriso.

Então ele me beijou pela última vez. Docemente. Delicadamente. Ternamente. Tudo o que eu podia sentir era aquele momento e suas mãos na minha cintura. Eu não queria parar aquilo. Kelley também não. Se o amor tivesse forma, ele seria o nosso beijo. Mas eu tive que ir.

- Amo você, Anna.

Não esperei para ver a lágrima cair de seu rosto. Liguei o motor e parti. E 15 minutos depois eu desmoronava dentro do carro, partindo sozinha para casa.

TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora