Anna
Era como se eu não existisse agora e vivesse apenas nas minhas recordações. Com Kelley, meus pais, Julia... Eu deveria ter dito que os amava pela última vez. Pois agora não tenho certeza se os verei novamente.
Talvez eu fique aqui para sempre.
Talvez me esqueçam.
Talvez eu apodreça aqui.
Talvez morra.
Lágrimas brotaram em meus olhos, de dor, vergonha, raiva. A maldita porta se abriu e minha visita diária entrou. Fitei-o com ódio. Eu o odiava do fundo da minha alma.
Sentei-me devagar, tossindo um pouco ao contrair o abdômen.
Sorri.
- Bom dia, boa noite. A que devo a honra da visita? - Ironizo. Estou andando em corda bamba.
E estou me fodendo pra isso.
Sua boca repulsiva se contrai em uma expressão de desdém. Seus olhos percorrem meu corpo, me deixando desconfortável, mas me esforço para mostrar indiferença. Eu não iria mais demonstrar fraqueza na frente desse filho da puta.
- Acho que você não está no estado de fazer piadinhas aqui, my sweet.
Meu sorriso se abre ainda mais.
- Tem mais de onde essa veio.
Seu punho voa em minha direção mas um minuto antes eu me jogo para o lado e ele se encontra com a parede.
- Vadia! - Ele urra.
Mas nem ligo.
Porque algo preso no seu cinto me chama a atenção.
Chaves.
Posso estar enganada... Muito enganada...
Mas preciso tentar.
Talvez possa ser minha liberdade. Ou minha morte. Mas de uma coisa eu sei: preciso sair desse inferno, de um jeito ou de outro.
A esperança me dá forças para levantar e lutar.
Coloco-me de pé em um salto, cambaleando um pouco, mas tenho vantagem pois Billy foi pego de surpresa. Depois de dias (ou semanas) sem esboçar uma reação é estranho que eu consiga me pôr em pé, ainda mais depois das várias sessões de espancamento e falta de alimento.
Respiro fundo e me jogo com toda força em cima dele, esperando o derrubar no chão.
Bem, isso foi quase.
Ele tropeça mas não chega a cair.
Meu objetivo é fazer uma cena e tirar suas chaves sem que perceba. Sei que não tenho chances de imobilizá-lo ou algo assim. Mas se eu pudesse fazer cair as chaves ou pegá-las sem que perceba...
Um de seus braços me agarra pela garganta, cortando meu ar. Sem pensar, mordo até sentir o gosto de sangue na boca.
- MERDA!
Ele me solta. E é nesse instante que o empurro contra a parede e no meio de toda a confusão levo a mão até suas chaves e puxo.
O pânico me invade.
Ele vai me matar, vai perceber e me matar. Ele vai perceber.
Mas não.
Billy não percebe que peguei suas chaves e no momento em que recupera o controle e começa a me bater loucamente. Me enrolo em uma bola, com as chaves apertadas em minhas mãos e eu sorrio.
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Tentação
RomanceSexy, romântico, misterioso. O que fazer quando o cara perfeito é a definição do perigo? É possível conciliar amor com proibição? Um bad-boy perfeito, uma paixão arriscada.