Uma hora depois, por incrível que pareça, nós tínhamos um plano, reforços, e eu sabia atirar. Não tão bem, obviamente, mas dava pro gasto. Ainda assim senti vontade de pegar a metralhadora.
Kelley fez algumas ligações e um ex-agente muito amigo dele estava a caminho. Pelo jeito o cara era muito fodão pois quando perguntei se não deveríamos chamar mais pessoas, Kelley apenas respondeu "ele é todo o reforço que precisamos".
De acordo com o sequestrador deveríamos encontrá-lo em 40 minutos para trocar Phil por Kelley. Bem, não contavam comigo e este ex-agente, Carter, que por muita sorte estava de férias em um cidade próxima. Eles esperavam que Kell aparecesse sozinho, partindo do princípio que a CIA não chegaria a tempo e que se chamássemos a polícia local matariam Phil.
- Que grande enrascada hein parceiro - Saudou Carter ao chegar. Ele era alto, mas não tão alto quanto Kelley, e parecia ter uns 45 anos. Os cabelos já apresentavam alguns fios grisalhos e os olhos exibiam vários pares de rugas. Seu queixo quadrado era intimidade e suas mãos cheias de calos me diziam que Carter não tinha medo de trabalho pesado.
- Pronto pra um esquenta? Parece que não estava curtindo muito a aposentadoria. - Kelley apontou para mim. - Esta é Anna, minha namorada.
Os olhos de Carter se estreitaram minimamente ao olhar para mim.
- Reconheço você... Você não é a escritora daquele livro que vendeu horrores no ano passado?
- Sim, eu mesma. - Respondi meio sem jeito.
Ele arregalou os olhos em reconhecimento.
- Até hoje minha esposa não superou a morte do carinha com topete estranho. - Disse apertando minha mão tão firme que achei que meus ossos quebrariam.
- Temos vinte minutos. - Lembrou Kelley.
Rapidamente repassamos o plano e entramos no Toyota. Nos encontraríamos no estacionamento de um bar de beira de estrada (sério, qual o problema desses caras com estacionamentos?). Kelley irá sozinho em um primeiro momento enquanto o agente Carter e eu nos encondemos dentro do carro. Não fazíamos ideia de quantos caras estariam lá mas Kelley estava certo de que não seriam muitos, já que o esperavam sozinho. E a partir daí tudo seria um belo improviso desde que peguemos Phil. Claro, era um acordo silencioso que seria preciso imobilizar o máximo de homens possível.
- Vocês tem certeza? Não é tarde demais para desistir. Posso fazer isso sozinho. - Disse Kelley.
- Cale a boca. - Respondi, enquanto o outro dava um resmungo de desprezo.
- Isso está sendo refrescante. Não aguentava mais Helena e suas tentativas de "turistar" por aquela cidadezinha de merda.
- Estou falando sério. Todos vocês estão metidos nessa encrenca por minha culpa. Eu deveria me entregar, apenas eu.
- Não seja ingênuo, garoto. Acha mesmo que deixariam teu tio sair livre e saltitando depois de usá-lo como moeda de troca? Você é mais inteligente que isso. Sabe que matariam os dois. E depois viriam atrás dela. - Carter apontou para mim. - Iremos fazer o trabalho sujo até a CIA assumir o controle.
- Tudo bem. - Kelley concordou depois de alguns minutos. - Mas tome cuidado. Se ver que a situação está incontrolável, caia fora. Vocês dois. Arraste-a se for preciso, mas cuidem da sua segurança.
- Pode deixar, parceiro. Já trabalhamos juntos antes.
- E Anna, você fica...
- No carro, já sei Kelley. - Completei revirando os olhos. Ficar no carro, rá! O cacete.Quando o barzinho caindo aos pedaços (é um milagre que não esteja abandonado) surgiu na nossa vista, Carter e eu nos abaixamos em nossos bancos. Eu estava com minha pequena pistola na mão enquanto ele portava umas seis armas que pareciam muito mais bacanas. Mas fazer o que né, infelizmente escolhi a escrita ao invés da carreira na polícia. Arrependimentos momentâneos.
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Tentação
RomanceSexy, romântico, misterioso. O que fazer quando o cara perfeito é a definição do perigo? É possível conciliar amor com proibição? Um bad-boy perfeito, uma paixão arriscada.