Capítulo 2

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Enquanto eu corria pela escadaria abaixo, pude ouvir alguém me seguindo. Mas eu não queria falar com ninguém. Entrei na limusine e gritei para que o motorista me levasse pra casa, e rápido.

Temendo ser seguida, eu olhava para trás a cada cinco minutos.

- Tem como o senhor ir mais rápido? - Eu perguntei para o motorista que agora descobri que se chamava Billy.

- Mas moça, você acabou de fugir do seu casamento! - Exclamou ele como se isso fosse a coisa mais absurda que algum ser humano tenha feito.

Revirei os olhos e soltei um suspiro um tanto dramático.

- Tem como ir mais rápido? - Tornei a perguntar.

Billy olhou para mim pelo retrovisor, acelerando mais o veículo. Eu quase podia ouvir seus pensamentos. "Esses jovens de hoje, que não sabem o que querem..."

Chegamos em casa em pouco mais de dez minutos. Corri para dentro, avancei escada acima e tranquei-me no meu quarto.

Respirando rápido, juntei o máximo de roupas que consegui e joguei em uma mochila.

Tirei o vestido e o joguei na cama.

Depois de vestida confortavelmente com jeans, uma camiseta e tênis, joguei a mochila no ombro, peguei alguns documentos, dinheiro e cartão de crédito.

Correndo novamente pelo andar de baixo, rabisquei em um pedaço de papel "DESCULPE, NÃO POSSO FAZER ISSO. AMO VOCÊS."

O deixei na mesa da cozinha, peguei as chaves e saí. Entrei no meu velho Honda e dei a partida.

Para onde eu iria? Não fazia a menor ideia. Apenas dirigi.

Após cruzar a fronteira da cidade, eu relaxei.

Agora estava nas montanhas, vendo tudo abaixo de mim. Tinha poucos carros na estrada. Vi um posto de gasolina com uma lojinha aberta e encostei o carro. Enquanto abastecia, entrei na loja.

Pegando biscoitos e café, me dirigi para uma placa que dizia ''caixa''. Uma mulher rechonchuda jogada em uma cadeira detrás do balcão, registrou minha compra.

Passei-lhe o cartão.

Terminando as compras, fui para o carro e continuei dirigindo, agora, mais devagar.

Puta merda, que loucura eu fiz. Pensei em como minha mãe deve estar agora. A imaginei sentada no sofá, sendo consolada pelo meu pai, enquanto Doreth, nossa empregada, fazia ela tomar um chá. Eu podia imaginar Julia, provavelmente se dando bem o cara a qual ela estava secando na cerimônia. Podia imaginar as fofocas correndo como a peste e Stephen, desolado.

Mas, no fundo, eu sabia que ele não queria isso também. Ele percebera nossa distância. Stephen é um bom rapaz, vai encontrar alguma boa moça, que se apaixone, case e tenha filhos.

Fiquei imaginando o futuro das pessoas durante algumas horas.

Quando dei conta, era de madrugada, eu estava com sono e a estrada completamente deserta estendia-se infinita na minha frente.

Soltando uma mão do volante, tomei outro gole do meu café frio e tentei ligar o rádio. Não ligou. Enquanto eu batia nocâmbio,irritada, lembrei que tinha de ser paciente com o velho Honda.

Ele já era um idoso.

E tinha muitos problemas ultimamente como morrer no meio da rua, entupimentos e problemas mecânicos a qual eu não compreendia. Tomando uma respiração longa e calmante, tentei ligar o rádio novamente. Desta vez consegui e me senti tão feliz por tão pouco. Eu devia estar mesmo com muito sono.

TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora