Capítulo quatro: A massagem

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Bons minutos se passaram, eu continuava sentada sob a poltrona e meu paciente deitado encarando o teto. Eu precisava fazer algo a respeito ou ficaríamos naquela situação para sempre.

- Por que você resiste tanto ao tratamento? - pergunto. Ele continua olhando para o teto. - Sabe Conrado, você teve uma chance linda de recomeçar, de seguir em frente. Muitos queriam essa chance e não tiveram! - digo tentando chamar sua atenção. E deu certo, ele me olha atentamente.

- Eu não mereço uma segunda chance! - diz ele para minha surpresa.

- Se a vida lhe deu essa chance é claro que você merece! - rebato.

- Não doutora! - diz ele com pesar. - Eu não mereço, e disso sei bem. - vejo tristeza em seu olhar, dor em sua voz. Engulo em seco.

- E o que te faz pensar isso? - pergunto. Ele respira profundamente e volta a encarar o teto.

- Tem certeza que é fisioterapeuta? Tá parecendo mais psicóloga. - diz ele com um leve sorriso. Bingo! Consegui algo.

- Bom, - digo ao me levantar e ficar de pé a sua frente. - Isso você só vai saber se me der uma chance de mostrar o que sei! Aí você me diz qual a minha especialidade! - digo com um leve sorriso. Ele me olha atentamente.

- Se eu não estivesse prostrado nessa cama, diria que isso foi uma cantada! - diz ele para minha total surpresa. - E se eu realmente não estivesse assim, eu que lhe mostraria qual é a minha especialidade! - meu Deus! Aquele homem era um doido. Penso.

- Já vi que aprecia as mulheres... Isso é bom. Me deixe ajudá-lo e poderá dar em cima de quantas quiser! - arrisco. Ele sorri.

- Sabe doutora, a única coisa boa que esse acidente me proporcionou, foi descobrir quem realmente estava ao meu lado. E como pode ver, não restou ninguém! - diz ele forçando um sorriso. Ok, aquilo havia me pegado de jeito.

- Restou sim, sua mãe por exemplo. Ela não desistiu de você, e nem vai. E eu também não! Agora, só falta você se decidir se vai mostrar a essas pessoas que te abandonaram se você é um perdedor ou um vitorioso! As vezes, a vida não nos dá uma rasteira, ela nos dá uma voadora, agora cabe a nós nos levantarmos ou continuarmos caído no chão!

Nesse momento, sinto que minhas palavras o tocaram. Ele me olha nos olhos, e um breve arrepio se formar em minha pele.

- Eu acho que você definitivamente é sensitiva! - diz ele ao sorrir. E por incrível que pareça, aquilo aqueceu meu coração.

- Tente descobrir! - digo em resposta sorrindo.

- Tudo bem doutora, mas, ainda não será hoje que você irá me convencer!

- Sem problemas, por hora, me contento se você me deixar lhe fazer uma massagem! - ele ergue uma sobrancelha. - Nas pernas é claro! Faz parte do tratamento. - explico.

- Não tenho escolha tenho? - faço que não. - Está bem então! Mas, já adianto que não sou tocado por uma mulher há quase dois meses! - diz ele ao retirar a coberta de cima de seu quadril. Ele estava de bermuda.

- Nossa, tudo isso? Parece uma eternidade não?! - brinco. Ele sorri.

Me aproximo e sento na cama e começo massageando seus dedos. Começo com uma massagem intensa e profunda, para ver se há alguma percepção dos músculos.

- Está sentindo algo? - pergunto enquanto massageio.

- Estou mais não onde deveria! - brinca ele.

- Não seja idiota! - digo.

- Então você chama seus pacientes de idiota? - pergunta ele.

- Na verdade, você é o meu primeiro paciente! - digo o olhando.

- Meu Deus! Então sou uma cobaia. - diz ele fingindo surpresa. Sorriu em resposta.

E assim seguimos, por algum tempo com a massagem.

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- Então? Como foi? - pergunta dona Carlota assim que chego na sala de estar.

- Posso dizer que foi bem produtivo! - digo com um sorriso. Ela se levanta do sofá e vejo alívio em seu olhar.

- Ele aceitou?

- Digamos que sim, ainda não disse abertamente, mas, consegui fazer uma seção de massagem! - ela sorri.

- Obrigada Marianna! Muito obrigada. - diz ela tentando controlar sua felicidade.

- Não precisa me agradecer, estou fazendo apenas meu trabalho! - digo com um leve sorriso.

O dia havia sido proveitoso, apesar de não deixar claro que havia aceitado o tratamento, Conrado ao menos se soltou na minha presença, se mostrou um homem brincalhão, bem humorado e posso até dizer, galanteador. Voltei para casa naquele dia cheia de esperanças e me sentindo bem comigo mesma.

A Procura De Conrado Onde histórias criam vida. Descubra agora