Capítulo dez: Conrado

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Conrado.


Já faziam três meses que a minha vida estava um caos, e há dois dias que ela havia dado um giro de 360° graus.

Me lembro bem a primeira vez que a vi. Ela estava dançando na pista de dança da boate. Alegre, leve, solta. Sem dúvidas aquela mulher chamou minha atenção a primeira vista. Eu era frequentador acido daquele lugar, e já havia saído com quase todas as mulheres que iam ali. Mas aquela era nova, era carne fresca.

Dançamos, flertamos, e então fui surpreendido quando ela me convidou a sair dali. Geralmente eu era quem as convidava, e aquilo chamou minha atenção. Gostei da atitude daquela morena de pele clara e cabelos negros, ela tinha uma certa inocência e atitude em seu olhar que sem dúvidas me deixou caído por ela. Eu a queria.

A levei com meu carro até um dos hotéis onde eu sempre levava as meninas com quem saía. Ela estava ansiosa para ir pra cama comigo, e eu ainda mais. Estávamos bêbados e cheio de energia, e então aconteceu. Tudo foi rápido, intenso e muito bom. Tão bom que repetimos a dose sem nem ao menos eu sair de dentro dela. Eu a queria, a desejava.

E na manhã seguinte, acordei antes dela. Ela estava deitada de bruços, pelada. Seu corpo era perfeito, sua pele macia e quente. E eu não queria ficar apenas naquela vez ao contrário do que eu sempre fazia que era sair antes que elas acordassem. Queria ficar com ela ali o resto do dia.

Mas então, ao olhar para os lençóis da cama, fui surpreendido com uma cena que nunca vi antes. Os lençóis estavam machado de sangue, a bela morena de pele quente era virgem. E eu estava em pânico.

Era a primeira vez que eu tirava a virgindade de uma mulher, era a primeira vez que eu tinha sido tão cafageste assim. Atordoado, saí dali o mais rápido que pude.

Mulheres para mim era o passa tempo mais prazeroso possível. Eu as amava, as desejava e não ficava um dia sequer sem levar uma pra cama. Mas, uma virgem... Até eu tinha meu código de honra.

E então, de ressaca, com sono e atordoado, não prestei atenção na estrada, e um ônibus me acertou em cheio.

Os médicos disseram que eu era um milagre. Nas condições que fui resgatado era pra eu ter ficado paraplégico pra sempre, mas, a minha paraplegia era incompleta, reversível.

Quando acordei, já estava operado. E toda a notícia caiu no meu colo como uma bomba.

Eu não queria voltar a andar. Encarei aquilo como um castigo, uma punição pra o que eu fiz aquela moça. E estava convencido disso. Mas depois de um mês, uma bela fisioterapeuta entrou no meu quarto. Cheia de marra e decidida, se aproximou de mim, quebrou qualquer barreira que eu tinha, e quando dei por mim, agia com ela como agia com minhas amigas, amigas essas que sumiram depois do acidente.

Com Marianna eu me sentia eu mesmo. Leve, brincalhão.

E dois meses tendo a companhia de Marianna, confesso que algo havia mudado em meu coração. Eu não a via como mais uma que eu queria levar pra cama, eu a via como mulher.

E então, há duas noites atrás, tive um sonho.

Sonhei beijando aquela morena, acariciando sua pele, sentindo mais uma vez seu corpo quente em minha mãos. E ao olhar bem para o rosto dela, era Marianna. Claro que acordei assustado, suado. Mas, de repente, o bloqueio que criei em minha mente depois do acidente se desfez. E eu me lembrei. Me lembrei do rosto da morena. Era ela. Sem sombra de dúvidas era.

Tudo começou a fazer sentido.

Marianna estava grávida. E isso me deixou em choque e êxtase. Daquela noite de amor não tinha vindo apenas desgraça, tinha vindo também uma benção. Um presente. Eu seria pai. E não sabia como lidar com tudo aquilo.

Marianna não se lembrava do pai do bebê, também fazia sentido, ela assim como eu, estava bêbada demais na noite de sua concepção. Mas eu havia me lembrado. E não deixaria que Marianna, e nem o bebê, saíssem de minha vida.

Talvez tudo aquilo que aconteceu tenha sido de fato, a vida me dando uma segunda chance como sempre dizia Marianna. E eu pegaria aquela chance e faria o certo.

Só que havia um pequeno detalhe.

Marianna não se lembrava de mim, e eu não sabia como fazer para lhe contar quem eu era. Então, decidi que por enquanto  iria apenas me aproximar, e depois, lhe contaria toda a verdade.

E foi graças a Marianna e ao bebê que encontrei motivação, forças para sair daquela cadeira. Eles precisavam de mim.

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