Capítulo quatorze: Menina mulher!

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Debruçada sob o peito de Conrado, me sinto completa e feliz, como nunca fui antes.

- Marianna, me responde uma coisa?! - pergunta ele ao acariciar meu cabelo.

- Sim. - respondo ainda recostada em seu ombro.

- Por que você decidiu entregar sua virgindade a um desconhecido? - nesse momento, me levanto e o olho nos olhos.

- Eu, na verdade eu nunca fiz nenhuma besteira em toda a minha vida Conrado. Nada, nunca fiz nada de errado nem de corajoso da minha parte sabe! Só queria me sentir viva, dona de mim mesma. - digo. Ele me olha atentamente.

- Então, você nunca fez nada fora do comum? Nunca?

- Nunca! Nunca dormi fora de casa, nunca bebi, acredite, aquela foi a primeira vez que bebi na vida! Nunca namorei ninguém, nunca beijei... Nunca cabulei aula, nunca fui reprovada, nunca fiz nada.

- Mas, por que?

- Minha mãe... Minha irmã Marli sempre foi a ovelha negra da família! Sempre foi a rebelde, a respondona que fazia somente o que queria, e eu, como sou quase dez anos mais nova, fui criada sob rédia curta. Eu tinha que ser o exemplo, mostrar exemplo. E sempre foi assim!

- Mas, você gostava disso? De ser assim?

- Ah, ser a certinha tem suas vantagens! Ninguém te perturba, ninguém te nota, ninguém te cobra... Mas, chegou um momento na minha vida em que ser daquele jeito já não me satisfazia. Eu queria mais, provar coisas novas, conhecer, descobrir... E, eu já era maior de idade, podia me dar ao luxo de pisar o pé na jaca as vezes!

- E sua mãe? Sabe disso?

- Não! - respondo com um sorriso nervoso. - Ela não sabe de nada.

- E por que você nunca contou como se sentia?

- Minha mãe é uma pessoa difícil! Temperamental, complicada. Eu era a filha perfeita, não podia simplesmente chegar até ela e mostrar o contrário!

- E como vai ser agora Marianna? Com o bebê, entre nós... Sua mãe precisa saber de tudo. - diz ele me olhando.

- Eu sei! Mas, não sei por onde começar. Eu tenho alguns dias para pensar, só vou voltar para casa depois que a sua mãe voltar. Até lá vejo como fazer! - digo.

- Sabe que eu estou aqui não sabe?! Você não está só, pode contar comigo. Esse bebê é nosso! - diz ele de forma terna.

- Eu sei, e agradeço por isso! Eu antes estava me sentindo perdida, sozinha, sem saber lidar com tudo isso. Mas agora, sei que tenho você! E sei que tudo dará certo. - digo com um leve sorriso.

- Uma menina mulher! - diz Conrado ao acariciar meu rosto. - Você precisa ser forte Marianna, ser capaz de tomar suas próprias decisões e ser responsável por suas ações! Eu sei que parece contraditório essa fala vir por mim, mas, nesses três meses que estou nessa condição, aprendi muito com o que me aconteceu. Eu vejo a vida de outra forma.

- Eu sei! - digo apenas.

Passamos o restante da noite juntinhos, aproveitando cada segundo, até que em um certo momento, dormi nos braços de Conrado.

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- Posso saber para onde vamos? - pergunto ao entrar no carro adaptado para Conrado.

- Vamos ao shopping! - diz ele. O olho atentamente. - Nosso filho precisa de, coisas, não pode vir ao mundo pelado e continuar! - diz ele sorrindo.

- Mas, na minha casa não tem espaço para guardar muita coisa! - digo.

- Não se preocupe, garanto que na minha posso arrumar um cantinho! - diz ele sorrindo.

E assim o motorista segue com o carro.

Aquela seria a primeira vez que Conrado sairia de casa depois do acidente. Aos poucos, noto que ele está se animando, está enxergando a vida com outros olhos, e isso era reconfortante para mim.

Chegamos no shopping de alto padrão e seguimos explorando o lugar. Logo encontramos uma loja de bebê e entramos. Conrado me ajudou a escolher várias roupinhas para o bebê, mesmo sem saber o sexo, escolhemos roupas em tons neutros.

Enquanto andávamos pelo o shopping, pude ver alguns olhares em nossa direção. O preconceito das pessoas ainda era muito grande, e isso era bem  evidente.

- Você está cansada? - pergunta Conrado enquanto andamos.

- Um pouco! Acho melhor deixar para comprar as outras coisas em outro dia. - digo. Mas na verdade eu já estava incomodada com os olhares.

- Tudo bem! - diz ele. - Então vamos. - e assim seguimos em direção a saída.

- Tem muita gente curiosa por aqui! - digo. - E eu estou cansada. Então, você poderia me levar em seu colo. - digo. Conrado para e me olha com ar zombeteiro.

- Te carregar e deixar esse povo todo falando de nós?! Não vejo coisa melhor para se fazer. - diz ele esbanjando um sorriso faceiro.

Então, pego as sacolas de compras que estavam no colo de Conrado e em seguida me sento em seu colo. Coloco as sacolas em meu colo e me apoio em Conrado. Esbanjando um sorriso maravilhoso, Conrado começa a nos fazer se mover em sua cadeira. As pessoas ao redor nos olham espantadas e ver aquela feição em seus rostos era satisfatório.

E então, sorrindo e brincando, saímos do shopping tendo a plena convicção que a opinião de ninguém nos importava.

A Procura De Conrado Onde histórias criam vida. Descubra agora