amor de carnaval - parte III: domingo

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Embora que as histórias sejam diferentes, o início desta parece um pouco familiar para a narradora - e para quem seja bom de referências. Olivia admirava o bonito vestido que estava pendurado em frente a janela do seu quarto. Bonito era pouco para aquele vestido. Honrando a mensagem silenciosa que queria passar para o governador, o vestido que tinha um generoso decote na frente e uma fenda na perna direita que iria até o início de sua coxa. Mas não era essa a mensagem. Era a do vermelho impactante e cintilante que Olívia havia pedido para Isadora fazer. E lá estava ele.

Um pouco mais distante daquele quarto, havia outra pessoa inquietante com o baile de carnaval daquele domingo. E ele estava tão desesperado, que recorreu a última pessoa que pessoas calmas fariam nesse momento.

- Você quer que eu te deixe irreconhecível? Tenório, eu sou mágico, não a fada madrinha da Cinderela, homem - Davi respondeu diante da proposta que ele teria feito.

- Eu sei lá, você faz tanta coisa que eu achei que isso não seria nada demais! - afirmou o sacerdote, querendo achar alguma brecha naquilo. - Escute-me, Davi. Você fez essa vida inteira acreditar que era Rafael. Preciso falar com a Olivia... Preciso - deixou a frase morrer enquanto massageava a sua têmpora.

- Padre, com todo respeito... Não acho que precise disso tudo para Olivia falar com você. Quero dizer, ela... Ela... - gaguejou Davi sem saber como que terminaria aquela frase.

- Está apaixonada por mim - completou Tenório com um enorme peso nas suas costas. - Ela me disse. Ontem. Quando eu falei que estava de partida para o Rio, Davi.

- Puta que pariu - chamou Davi, agora surpreso e entendendo o porquê daquilo tudo. Se for como está achando que foi, Olivia não iria querer ver Tenório nem pintado de vermelho usando a estrela branca na testa e fazendo o L. - Teremos que convocar a cavalaria, meu amigo.

***
Olivia estava checando alguns documentos da fábrica que havia levado para casa no seu tempo livre dentro do seu quarto, antes do horário de arrumação local e somente ousou parar quando Augusta apareceu lhe avisando que tinha alguém na sala principal da casa querendo a ver. Cogitou por um instante em ser Tenório que, embora morasse naquela parte da Fazenda, jamais iria até o quarto dela como um homem normal, mas tirou logo esse pensamento da cabeça. Ele nunca teria essa coragem.

Quase que ao mesmo momento, Olívia desceu apenas com uma calça moletom e um top preto, achando ser Arminda ou qualquer outro conhecido. Os cabelos soltos e volumosos se iam com o impacto da sua pisada na escada, enquanto um certo sacerdote aparecia na cozinha avistando a visita surpresa - sem ser avistado.

Ao mesmo tempo que o sacerdote conseguiu esconder-se do político mais cobiçado do país, tudo que Olívia queria fazer era esconder-se deste também quando o viu. Sempre bem trajado, com uma camisa polo preta e toda aquela áurea de príncipe encantado que poderia encher os olhos de qualquer garota. Exceto claro, da nossa menina.

- Governador! - soltou Olívia surpresa com a presença dele. - Peço perdão já pelas minhas vestimenta, achei que fosse uma amiga minha e de Dorinha.

- Não precisa, Olívia. Você está na sua casa, é perfeitamente normal estar confortável...

Lombardi desconfiou que Olívia era uma espécie de feiticeira no momento em que pôs os olhos nela. A forma como ela o olhava, que não era nem um pouco em duplo sentido, o deixava mais nervoso que muitos debates eleitorais. Séria, com um olho castanho penetrante e uma pose de poder, era o necessário para que Daniel a quisesse por perto sempre que desse.

- Tio Eugênio não está, mas posso deixar recado...

- Queria falar com você mesmo, Olívia - soltou surpreendendo a garota por alguns instantes e confusa. - Disseram-me que você vai contra a minha política e que tem seus próprios ideais imbatíveis... Eu... Você não sai da minha cabeça desde que vi seu rosto na minha frente.

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