Capítulo - XV

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Era uma tarde fria, o céu estava nublado desde a noite anterior, Hueningkai que passará a manhã toda em seu quarto estava nevorso, pois havia recebido uma mensagem dizendo que o rei gostaria de falar consigo.

O menino caminhava pelos corredores com suas mãos trêmulas, sua cabeça criava várias situações e motivos pelos quais o rei gostaria de vê-lo, seu medo apenas se intensificou quando parou em frente a porta de ouro, elas foram abertas sem pressa, e a pessoa do outro lado sorria para ele, esticou seu braço pedindo para que o mesmo entrasse nos aposentos e assim o demônio fez, com hesitação. Agora diante dele, estava uma das presenças que mais lhe amendontrava, sentado em uma poltrona perto de uma enorme janela, com uma xícara em suas mãos, seus cabelos castanhos escuros penteados para trás, seu olhar debochado assim como seu sorriso, sua pose autoritária, o demônio não podia fazer nada a não ser abaixar a cabeça.

__ Por que parece tão assustado, irmãozinho? - o demônio questionou, o que Hueningkai mais odiava em toda sua vida era que seu irmão mais velho era o rei, Hoseok, um dos demônios que mais sentia medo e que mais odiava. 

__ Acontece que eu não esperava que você me chamasse hoje. - respondeu com sua cabeça ainda abaixada. 

__ Hm, bom, imagino que você possa ter uma ideia do porquê de eu ter lhe chamado aqui novamente.

__ Não tenho nenhuma ideia, majestade.

__ Sério?  Nossa, então você é de fato um burrinho irmão. - falou  rindo em seguida e se levantando da poltrona em que estava sentado. - Você sabe como um dos meus melhores soldados se encontra nesse momento?

__ Eu ouvi a respeito, seus ferimentos foram graves e como demoramos para ir atrás dele, sua vida está em risco.

__ Exatamente, que bom que você não é um desinformado. 

__ Sinto muito majestade, mas ainda não entendo o motivo pelo qual me chamou. 

__ Ainda não? Bom, lhe farei mais uma pergunta para que você entenda tudo, além desse soldado, o que mais perdemos? - o demônio questionou arqueando sua sobrancelha. - Você sabe a resposta, não é?

__ Está falando do humano? - perguntou com sua voz falha, o demônio estava com medo do rumo que aquela conversa teria, suas mãos tremiam assim como todo seu corpo e isso não passou despercebido pelo outro demônio. 

__ Meus parabéns irmãozinho, você acertou! - falou escandalosamente se aproximando do mais novo que se afastou ao perceber aquilo. - E é exatamente por isso que te chamei aqui. - Falou segurando o rosto do irmão e o levantando para que o olhasse nos olhos.  - Eu preciso que você recupere o que perdemos, ok?

__ O-o que? 

__ Traga aquele humano! Preciso fazer nele o mesmo que fizeram ao meu soldado, preciso ver a expressão de dor no rosto dele, preciso tortura-lo. - a cada palavra dita, o coração do outro demônio se sentia mais aterrorizado, seu irmão sempre teve uma

aura assustadora, do mesmo jeito que sempre fora muito agressivo, ainda lembrava da dor que sentirá cinco anos atrás, quando o demônio o espancou irritado, não lembrava o motivo, mas lembrava do sangue, do olhar, do sorriso de satisfação do mais velho. - Sabe, se eu não fizer isso no humano, farei em você. 

Os dedos do demônio percorreram um caminho do queixo até o pescoço do demônio mais novo, onde estava uma cicatriz feita por ele, três meses atrás, aquelas palavras fizeram o demônio se desesperar, seus olhos se arregalaram e lágrimas começaram a cair.

__ Não me obrigue a fazer isso em você,  irmãozinho.

Após terminarem a conversa, Hueningkai saiu dos aposentos do irmão mais velho e começou a caminhar pelos corredores, como se estivesse anastesiado por uma espécie de droga, tropeçava nos próprios pés e perdia o equilíbrio as vezes, antes mesmo que pudesse chegar em seu quarto, o demônio caiu de joelhos no chão, seu corpo ainda tremia, suor escorria de sua testa, e lágrimas ainda caiam de seus olhos em pura angústia, o demônio gritou, sua voz ecoou pelos corredores, mostrando todo seu desespero, seu desejo por salvação, seu pedido de socorro.

Em sua mente, todas as agressões que passará estavam sendo relembradas, nenhum detalhe era esquecido, nenhuma gota de sangue no rosto do irmão que sempre tinha um sorriso assustador. Desde o dia da primeira vez que fora agredido, até agora, nunca havia recebido um pedido de desculpas, não que esperasse que seu irmão se arrependesse disso de verdade algum dia, pois sabia que isso não aconteceria, mas não se importava em receber ao menos um perdido de desculpas falso, não importava para ele se a mentira transbordassem pelas palavras. Ele ao menos queria sentir ao menos uma vez na vida, uma falsa esperança de que seu irmão mudaria. 

Tentando recuperar alguma força, o demônio se levantou e deu meia volta, indo ao caminho oposto do seu quarto, desceu as escadas e seguiu seu caminho em direção a saída. 

O vento frio batia frequentemente no rosto do demônio de olhos verdes, em breve choveria, cansado, o menino apenas jogou seu corpo contra a grama do enorme jardim, fechou seus olhos sentindo o frio acolhedor tomar conta de seu corpo, sua mente ainda fazia questão de mostrar para si todas as lembranças que tinha com seu irmão mais velho, infelizmente, nenhuma delas era feliz, estava preste a chorar novamente, apenas não o fez pois sentiu alguém se deitar ao seu lado na grama, e sua mão acabou recebendo um calor ao ter seus dedos entrelaçados, com cuidado abriu os olhos e virou seu rosto com cuidado, se deparando com o olhar acolhedor de Choi Soobin. 

__ Pensei que não viria hoje, pequeno.  - falou com um sorriso no rosto, de alguma forma, aquele sorriso acabou trazendo uma sensação acolhedora para o de olhos verdes que se permitiu chorar. 

O outro demônio não respondeu nada, apenas puxou o mais novo para mais perto de si e o abraçou, o menino que estava frágil afundou sua cabeça no peito do outro, que levou suas mãos até os cabelos macios do demônio e os acariciou, tentando acalmá-lo, não se deu ao trabalho de perguntar o motivo por trás das lágrimas, só queria que aquele garoto por quem se importava tanto, parasse de chorar e se sentisse bem em seus braços.

Longe dali, o humano observava os dois demônios com seus braços cruzados, seu rosto tinha uma expressão tristonha, de alguma forma, o humano sentia que os próximos dias seriam difíceis para ambos os demônios, um suspiro escapar dos lábios de Beomgyu, que em seguida escutou seu nome sendo chamado, olhou para trás, vendo Yeonjun ali, estava sério.

__ Algum problema? - sua voz ecoou pelos corredores, levando em conta que estava sozinho.

__ Não, nenhum. A não ser que me obrigue a estudar com você de novo hoje. - o menino zombou, arrancando uma risada do demônio.

__ Não se preocupe, não faremos isso hoje. Ao contrário, gostaria de caminhar um pouco pelo bosque, ou quer treinar?

__ Por mais encantador que seja a ideia de te furar com um espada, eu gostaria bastante de caminhar.

O demônio riu mais uma vez, e o humano o acompanhou, correu até ficar ao lado de Yeonjun, que envolveu seu braço em torno dos ombros do mais baixo.

__ Também estava encantado em pensar em te acertar com uma espada.

__ Vá se ferrar. - falou entre risadas.

The Diabolik Moon  [YEONGYU/BEOMJUN]Onde histórias criam vida. Descubra agora