Capítulo 7

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— Você não vai com esse vestido! — Minha mãe exclamou, taxativa

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— Você não vai com esse vestido! — Minha mãe exclamou, taxativa. Vistoriando o look que separei para o tedioso encontro na mansão dos Carvalhos.

Semanas se passaram e o dia do encontro foi remarcado, pois o dia em que fomos visita-los, o patriarca teve uma urgência e precisou viajar a negócios. Eu não estava animada e nem queria fazer compras, então dei uma olhada no meu closet e encontrei alguns vestidos, mas o que achei bem confortável e apresentável foi um preto curto tomara que caia de mangas longas soltinhas e saia rodada. Era perfeito para aquela ocasião e eu me sentia muito bem usando a peça. A última vez que tinha usado o vestido foi em uma social que a galera da faculdade fez no Sabores Tropicais, um famoso restaurante que fica no centro de Boa Viagem. Nós sempre fazíamos festinhas por lá, até a galera se desaminar e eu não ter mais tempo para fazer nada, porque depois que consegui um estágio por recomendação de uma professora, não tive mais tempo de pensar em mim e sim nos animais que eu tratava na Pet Dream.

— Porque não? Ele é maravilhoso. — Argumentei, querendo demais usá-lo, pois além de ser a minha cor favorita, era um modelo exclusivo de uma estilista americana, feito sob medida.

— Você quer chegar na casa dos outros desse jeito? Parecendo que vai a um velório.

Ah, sim. Aquele dia certamente parecia um velório, pois eu estava sendo obrigada a casar e ninguém estava se importando muito com isso, apenas visavam o dinheiro que iriam lucrar com esse contrato que acabaria de vez com a minha vida. Meu pai pelo menos se dignou a conversar comigo, me informando as coisas e até deixou que eu lesse o documento que lhe foi imposto. Confesso que não esperava que o novo comprador dos milhares de apartamentos estivesse tão desesperado para arrumar uma esposa decente para o seu filho, pelo menos foi isso que papai me confidenciou. Mamãe estava animadíssima para encontra-los e conhecer a mansão, mas a cara que estava fazendo agora era certamente, impagável, pois eu estava arruinando seus planos de me apresentar como uma patricinha mimada e interesseira que aceitou numa boa a proposta do casamento visando apenas o dinheiro.

O tempo passou e a discussão foi encerrada, consegui vestir o que queria, fiz uma maquiagem leve, peguei a bolsa preta e calcei saltos finos. Eu não queria impressiona-los, mas estava ansiosa para conhecer aquela família e principalmente o meu suposto noivo.

Ao adentrarmos o condomínio de Boa Viagem, reconheci o porteiro e quando subimos o elevador, o Hall de entrada era igual ao da minha amiga e aquilo só me fez ter a certeza de que estávamos no mesmo prédio onde morava, ou seja, a família Carvalho se residia aqui e aquilo sinceramente me surpreendeu. Mas essa lembrança acabou me trazendo outra, semanas atrás quando cruzei com aquela parede de músculos que me causou uma tremenda confusão de sentimentos. Tratei de balançar a cabeça para afastar os pensamentos e mantive a postura quando uma mulher na casa dos 50 anos abriu a porta e nos recebeu com simpatia. Nos acompanhou até a sala e fomos recebidos por Natália e Jeane Carvalho, mãe e filha nos esperavam na sala de estar com uma garrafa de vinho branco aberta.

— Oh, querida, é um prazer finalmente conhece-la. Sua mãe falou muito de você. — Disse Jeane, me dando um abraço e beijinhos na bochecha. Ela vestia um longo azul escuro com pedrarias na parte do colo e cintura.

— Ela também falou muito de vocês. — Falei, um pouco sem jeito, não queria estar ali e muito menos noiva de um desconhecido.

— Estou muito feliz de poder finalmente conhecer a minha futura cunhada! — Natália exclamou, me abraçando apertado. Mas o fato dela ter citado o nosso futuro parentesco me deixou intrigada. Ela sabia que tudo aquilo era uma farsa? Ou o acordo ficou em segredo para o restante da família.

Queria deixar bem claro ali que não estava de acordo com o casamento forçado, mas infelizmente ninguém me ouviria e eu estava ciente de que o escândalo iria prejudicar a minha família. Então me mantive quieta e esperei o resto da família se apresentar. Minutos se passaram, mais vinho foi servido e a conversa estava boa, mas o assunto era entediante e a vontade que eu tinha naquele momento era sair dali e tomar um ar na varanda, tanto que não esperei aprovação de ninguém e andei disfarçadamente até o local. A noite estava fria e o vento batia forte nas belas janelas de vidros. Tudo aparentava estar calmo até que ouvi mais vozes na sala e decidi que era hora de voltar.

— Filha, onde estava? — Mamãe me surpreendeu com a pergunta, enquanto andávamos de volta para a sala de estar, pois a mesma sentiu a minha falta e decidiu me procurar sem que suspeitassem da minha fuga.

— Eu só fui tomar um ar!

— Seu noivo acabou de chegar, seja simpática!

Precisei engolir a vontade de gritar e dizer que não era obrigada a aguentar aquilo, mas eu dependia deles e precisava fazer o que me pediam. Gael tinha razão, eu não tinha voz própria, sempre fazia o que agradasse os meus pais. Foi por isso que não demos certo. Enquanto ele pensava no futuro, eu me preocupava no que minha mãe pensaria se por acaso eu levasse aquele relacionamento adiante. Até hoje não me conformo de ter o perdido, mas sei que todo mal traz um bem. Não seria bom tê-lo convivendo com minha família, ela era toxica e por anos tentei lutar contra isso, mas eu já tinha sido contaminada a muito tempo e não tinha como escapar disso. Voltamos para sala e cumprimentei o senhor Mark, o patriarca que atrasou por conta de uma reunião de negócios. Passamos um tempo ali conversando e nada do meu suposto noivo aparecer, estava ficando cansada, os pés doendo pelos saltos que eu não tinha costume de usar. Era quase 22:00 quando anunciaram sua chegada. Virei-me de frente para um dos corredores e notei que uma figura alta andava tranquilamente em direção aquela sala onde estávamos. O meu coração acelerou quando o mesmo atravessou a sala e cumprimentou meus pais, parando assim que ficamos de frente um para o outro. Eu lembrava dele, era o mesmo rapaz que esbarrei naquele dia na academia, onde senti uma confusão de sentimentos que me nocautearam, deixando-me zonza com a avalanche de coisas que senti de repente. Naquele momento estávamos frente a frente, sendo obrigados a aceitar um contrato que nos uniria. Ali eu não tive mais certeza se aquilo seria ruim, se aquele acordo era péssimo ou se o destino estava brincando comigo.

— Prazer, sou Noah Carvalho! — Disse ele, estendendo a mão para mim.

Fiquei um tempo parada, sem saber como agir, senti olhos sobre mim e reagir rápido.

— Prazer, Kiara Borges!

— Prazer, Kiara Borges!

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Coagida a CasarOnde histórias criam vida. Descubra agora