Capítulo 9

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Aquele jantar chegava à beira do ridículo, nunca imaginei que passaria por uma situação dessas, jamais pensei que a ambição dos meus pais chegasse ao ponto de me coagirem a casar com um desconhecido só por causa do dinheiro que eles tinham

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Aquele jantar chegava à beira do ridículo, nunca imaginei que passaria por uma situação dessas, jamais pensei que a ambição dos meus pais chegasse ao ponto de me coagirem a casar com um desconhecido só por causa do dinheiro que eles tinham. O pior foi saber que eu o conhecia, naquele dia na academia havia esbarrado com ele e sentido como se o chão tivesse saído dos meus pés.

Quando deu certa hora, meu pai se despediu e a família nos acompanhou até a porta. Antes que eu me afastasse senti um toque suave em minha mão e olhei para trás, era ele. Bem querendo se redimir pela proposta indecente que me fez na varanda de sua casa. Odiei saber que ele me olhou e pensou que eu era uma qualquer, mas não o culpo, estou aceitando esse casamento por contrato para meus pais não irem à falência.

Deixei que pegasse minha mão mesmo não querendo muito contato íntimo com ele, pois fiquei um pouco chateada por ele pensar que sou fácil e só por estar casada com ele, irei me submeter as suas vontades. O convite que me fez foi tentador, mas eu não aceitaria de imediato. Então me soltei do mesmo e o deixei sem resposta, para aprender a tratar uma mulher com o respeito que ela merece.

Chegamos em casa tarde da noite, pois o bairro onde moravam era um pouco distante do nosso. Ana já estava recolhida, então fui até os fundos da casa e brinquei um pouco com Luna, minha Hyusky Siberiana. Com a carga horaria cheia, mal conseguia tempo para dar atenção a minha cadela. Ficamos por um tempo ali, a alimentei e subi para o meu quarto. Mandei mensagens para meu irmão e me preparei para tomar banho.

— Quem aquele cafajeste pensa que é? — Comecei a falar sozinha, pensando em meu suposto noivo, enchendo a banheira e iniciando meu banho.

Depois que me sequei e coloquei um pijama confortável, deitei-me na cama e comecei a me perder em meus pensamentos. Naquele quarto silencioso, iluminado apenas pela luz suave da lua, pensei: porque estou fazendo isso? Não queria isso para a minha vida.

Um sentimento de inquietação se apodera de mim, deixando-me sem vontade alguma de dormir, sento na beira da cama, tentando vencer a angustia que aquele casamento estava me causando, eu não queria estar pensando nisso agora, precisava dormir amanhã seria um dia cheio e tenho minhas responsabilidades.

— Eles querem que eu me case, o dinheiro sempre vai ser mais importante do que os meus sonhos. — Sussurrei para o nada, meus dedos entrelaçados, sentei-me na beira da cama e comecei a rezar, pedindo sabedoria a deus. — Não posso deixar que a vontade dos outros dite o curso da minha vida, mas infelizmente eu preciso fazer isso, ou estaremos todos na sarjeta.

Eu me casaria sim, mas não seria do jeito que eles queriam e sim do meu jeito. Dei um suspiro profundo, tomando uma decisão, fazendo uma promessa silenciosa a mim mesma. Não seria coagida, como meu irmão mesmo me aconselhou, se for para casar que fosse como eu bem entendesse. Não queria mais interferência deles, mas não agirei com rebeldia ou as coisas se tornariam difíceis. Mas nunca deixarei que minha voz se cale, jamais!

E mesmo com todos os pensamentos perturbados, peguei num sono e só despertei quando a luz do amanhecer clareou o quarto, avisando que o sol estava lindo. Eu não tinha aula naquele dia, mas iria para o estágio a tarde. Aproveitaria para dar uma corrida, aquietar mais o meu coração e a cabeça que ambos estavam em um conflito desesperado.

Eu não deixaria me abater, enfrentaria o novo dia, não como uma folha totalmente levada por uma correnteza, mas sim como uma mulher que se atreve a nadar contra a maré, em busca de sua própria verdade.

— Tem certeza que vai correr? Nunca acorda disposta e nem se alimentou. — Ana questiona, vendo-me pegar a guia de Luna.

— Sim, preciso esfriar a cabeça, não aguento mais ficar aqui remoendo o jantar de ontem.

Dito isso prendi Luna na guia rosa e sai correndo com ela, apenas nós duas, porque desde cedo aprendi que bicho é melhor do que gente e quando eu estava triste ou magoada, ela sempre me acalentava, nunca me abandonou. Ana também sempre foi gentil comigo, mas percebo que esconde algo e quando toco no assunto, a mesma desconversa e nunca revela o motivo dos meus pais terem se distanciado no decorrer dos anos.

Uma hora depois, voltamos para casa e Ana avisou que meus pais estavam me esperando para o café da manhã. Achei estranho, mas resolvi não questionar.

— Bom dia! — Cumprimentei-os assim que sentei na mesa posta, com diversas variedades de comidas, tanto saudáveis quanto gordurosas ao meu ver.

— Acho que precisamos conversar. — Papai iniciou, deixando seu café de lado.

— Esse assunto está encerrado, Avillis. — Mamãe se intrometeu, tentando conter o nervosismo.

Algo havia acontecido no quarto deles ontem à noite. Mas por algum motivo o assunto deve ter sido encerrado e mamãe não esperava que papai queria retomar o assunto novamente e ainda mais comigo presente. Como eu não me aguentaria de curiosidade, instigaria o mesmo a falar, mesmo que isso me custasse uma bronca da senhora Helena.

— Pode falar, papai. Eu quero saber.

— Notei que não se familiarizou muito com o filho de Mark, então creio que esse casamento não vai dar certo. Temos que arrumar um outro jeito de recuperar nossa fortuna. — Disse, parecendo decidido, mas conhecendo mamãe, a mesma deve não ter concordado com a decisão do marido.

— Você sabe muito bem que não temos outro jeito, quem vai querer comprar todos aqueles apartamentos a qualquer preço?

Os dois começaram a discutir, achei que não parariam, mas algo que mamãe falou me fez prestar mais atenção na conversa deles.

— Pensa que tudo se resolve da maneira mais fácil, Helena!

— Não me provoque, você sabe muito bem que não é nenhum santo ou não teria caído no golpe daquela infeliz. — Disse ela, encarando meu pai de uma maneira que nunca vi antes. Parecia ferida.

— Helena, prometemos esquecer esse assunto. Estamos falando do futuro da nossa filha!

— Não temos opções, o Mark quer fazer a compra e casar o filho, então, vamos unir o útil ao agradável.

— Não vou jogar minha filha num casamento que não será feliz.

— Melhor não ser feliz, do que ficar na pobreza. — Disse ela, finalizando o café e nos deixando a sós na sala de jantar.

— Perdoe sua mãe, ela as vezes não sabe o que diz.

— Não se preocupe, eu me acostumei. Sobre o casamento, deixei tudo como está, eu vou me casar.

 Sobre o casamento, deixei tudo como está, eu vou me casar

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Coagida a CasarOnde histórias criam vida. Descubra agora