Capítulo 8

5 1 0
                                    

A reunião na empresa durou mais que o esperado, por isso que nos atrasamos para o tal jantar que a minha família planejou com os Borges

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

A reunião na empresa durou mais que o esperado, por isso que nos atrasamos para o tal jantar que a minha família planejou com os Borges. Eu dei graças pelo nosso atraso, torci para que desmarcassem, mas papai achou uma desfeita, por já ter cancelado da primeira vez. Precisei dirigir o mais rápido possível até a nossa imponente cobertura, localizada no centro de Boa Viagem, no prédio a beira mar, considerado o mais lindo da cidade. Assim que cheguei, entrei pela área de serviço e subi discretamente para a minha suíte.

Tomei um banho demorado, vesti uma roupa apresentável e me preparei para descer. Papai chegou logo depois, se arrumou e nos encontramos no corredor. Descemos juntos e cumprimentamos as visitas, olhei em volta e não encontrei a minha suposta noiva.

A nossa governanta nos serviu de mais bebidas, e a mulher que se apresentou como Helena Borges, a matriarca, saiu disfarçadamente até a nossa varanda e voltou com uma moça, toda de preto, parecia que estava num velório. Achei graça, mas tentei disfarçar o riso que surgiu em meus lábios. Não tinha muito o que reparar nela por causa do visual gótico, mas quando se virou para mim e nossos olhares se encontraram, foi como da primeira vez. Chamas irradiaram meu corpo e andei gentilmente até a mesma, estendi a mão e me apresentei. Ao saber seu nome, fiz questão de saudá-la como um cavalheiro, precisava tocar aquela jovem e fazer valer aquele acordo ridículo.

— Podemos ter um tempo a sós? — Perguntei-lhe, assim que nos sentamos e ouvimos as conversas aleatória de nossos pais. Minha irmã nem sabia disfarçar o tanto que estava feliz por me ver naquela situação embaraçosa.

Ela simplesmente balançou a cabeça e seguiu-me até a varanda, sentir o vento gélido bater em meu rosto e respirei fundo, não queria ter sentido nada quando a vi chegar na sala, mas a lembrança de uns dias atrás me deixou totalmente atordoado. Como podia existir tanta coincidência nesse mundo? Eu literalmente não sabia.

— Nos conhecemos? — Perguntei, apenas para tentar puxar assunto. Ela estava tensa, os braços cruzados, as mangas do vestido eram transparentes e o vento balançava demais os seus lindos cabelos ondulados. A tonalidade preta acastanhada combinava demais com a pele morena clara, era única e eu precisei me convencer disso.

— Sim, nos esbarramos na academia dias atrás. — Respondeu, rápido demais, parecia querer encerrar a conversa. Mas não seria tão fácil.

— Eu não esperava que fosse você, confesso que desde aquele dia que meus pensamentos só visualizam a sua aparência.

— Eu não acredito nisso, estamos aqui por conta de um contrato.

— Eu sei, podemos facilitar, aceitamos isso e nos divertimos até o acordo acabar. O que acha? — A proposta estava lançada, eu não aguentaria viver sob o mesmo teto com ela sem nem ao menos toca-la, isso seria um martírio.

— Você não pode estar falando sério, pensa que sou qualquer uma? — Indagou, voltando para a sala, deixando-me só com sua negativa.

Ah, mas se ela pensa que vou desistir, está muito enganada. O jogo está apenas começando. Kiara Borges será minha, e quando o contrato acabar, a deixarei livre para fazer o que quiser.

Estava prestes a ir para sala de jantar, quando minha irmã apareceu na varanda e começou a me dar lição de moral.

— Não precisa deixar a menina desconfortável, já não basta ela está sendo coagida a viver com você. — Disse ela, enquanto caminhávamos para nos juntar aos demais.

O jantar foi servido e comemos em silencio, mas meus olhos sempre encontravam os dela, que comia lentamente, com todo cuidado para não ser notada. Não deveria ser fácil, viver aquela vida. A mãe arrogante, o pai desesperado para manter a construtora e ela se matando de estudar para seguir sua própria carreira sem depender dos pais. Eu a entendia, também não queria viver na sombra de outras pessoas, mas o destino me quis na empresa da família e aceitei. Com o tempo tudo ficou mais fácil e hoje gosto muito do que faço.

O tempo passou, a sobremesa foi servida e continuávamos do mesmo jeito, a negativa de Kiara era notória, mas disfarçada pelos presentes, apenas sua mãe percebia e hora ou outra chamava-lhe atenção. Eu não achava aquilo normal, nunca vi uma mãe agi dessa forma, talvez seja o desespero de ficar pobre.

— Eu nem consigo imaginar o que ela está passando. — Minha irmã falou de repente, olhando diretamente para Kiara, que permanecia de cabeça baixa e degustava sua sobremesa lentamente.

— Os pais estão desesperados com a possível falência, mas quem inventou esse casamento por contrato foi nosso pai. — Fiz questão de responder, porque era a única verdade que eu conhecia.

Papai sempre quis se aposentar e me colocar no cargo de CEO, mas minha má escolha adiou o momento. Cansado de esperar que eu tomasse jeito, resolveu ele mesmo me arrumar uma esposa. Achando que seria uma ótima ideia.

Depois de uma experiência ruim, jamais pensei em casamento. Planejei toda a minha vida para de repente ser passado para trás. E agora estava sendo obrigado a fazer um acordo de casamento apenas por que meu pai não aguenta me ver solteiro.

— A conversa está muito boa, mas precisamos ir. — O patriarca dos Borges diz, levantando-se da mesa.

Eles se despedem de nós, meus pais entram e minha irmã os segue, mas antes de pensar em segui-los tomo uma certa atitude, pois quero tentar desfazer o clima que ficou depois da minha proposta indecente. Não sei o motivo, mas o desconforto dela me afetou de certo modo e não queria manter o clima chato que ficou depois do nosso pequeno contato. Então antes que se afaste, pego em sua mão impedindo a distância que estava impondo entre nós. Não quero que saia daqui pensando que sou um cafajeste ou um aproveitador. Apenas queria ter a certeza de que não era como os pais e quando tive a prova, me recriminei e faltou oportunidade para me redimir. Kiara me olha surpresa, e chocada pelo toque repentino.

— Podemos marcar para conversar a sós qualquer dia desses? — Deixo o convite no ar, e espero que a resposta seja positiva, pois algo em mim está gritando, avisando que preciso dar ouvidos a essa atração que surgiu sem nem ao menos nos conhecermos. 

 

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Coagida a CasarOnde histórias criam vida. Descubra agora