Capítulo 04

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[Não revisado]
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O barulho da chave girando na porta fez Raven saltar de cima do sofá e esconder seus seios e seu sexo com almofadas. A morena ao seu lado fez exatamente a mesma coisa, no entanto, Clarke ainda assim foi capaz de ver algo antes do total cobrimento dos corpos.

-- Raven, de novo? -- Clarke reclamou chateada.

-- Eu pensei que você não viria mais, já viu que horas são? Quase oito da manhã. Achei que finalmente tivesse aceitado sair com a Niylah e que dormiria com ela lá.

-- O quê? -- Clarke perguntou inconformada. -- Eu nem vi aquela garota. Onde estão os garotos, afinal?

-- Monty já foi para a faculdade e o Jasper foi fumar maconha com alguma garota que não me lembro o nome. -- Clarke assentiu e coçou os olhos.

-- Certo. Podem continuar então, vou subir, tomar um banho e dormir umas duas horas. -- Ela disse, indo rumo às escadas de madeira invernizada.

-- Onde estava, afinal, se não me estava com a Niylah? -- Octávia perguntou não se aguentando de curiosidade.

-- Aconteceu algo bizarro ontem e por alguma razão uma garota que estava em coma havia quatorze anos respondeu à minha voz.

-- Quatorze anos? Ela está bem? Fala ou anda? Tudo isso de tempo não era para ter comprometido seu cérebro? -- Raven perguntou surpresa.

-- Como chegou a encontrar um caso assim? Pensei que fosse da fisioterapia. -- Octávia concluiu.

-- E sou. -- Clarke respondeu. -- E sobre as perguntas de Raven... Bem, ela fala normalmente, o resto ainda não sabemos. Ela deve passar por uma bateria de exames exaustivos, coitada. -- Clarke disse em um suspiro. -- De qualquer forma, vou sair uns trinta minutos mais cedo para ir visitá-la. -- Disse, dando de ombros. -- Bom sexo para vocês.

-- Obrigada. -- Disseram em uníssono e Clarke subiu as escadas correndo.

Tomou um banho não tão demorado, pois sentia suas pálpebras pesarem, no entanto, quando finalmente se deitou em sua cama seus olhos não se fecharam. Seu cérebro não permitia; ele ficava enviando imagens do sorriso de Lexa e lembranças do elogio sobre os olhos de Clarke.

Ela não fez muita coisa após aquele elogio, pois o médico insistiu que ela saísse da sala junto com Becca, pois precisava realizar uma série de exames. Antes de sair, Becca ouviu o "Mamãe?" E caiu em um choro intenso antes de abraçar sua filha e prometer voltar logo.
Clarke se remexeu na cama e fechou os olhos forçadamente, porém aquele sorriso voltou a invadir seus pensamentos. Clarke bufou irritada e se cobriu, mas, segundos antes de dormir, a rouquidão da voz de Lexa voltou a pronunciar:

"Os seus olhos também são lindos."

Esse era o maldito problema em nunca receber elogios de mulheres tão lindas: Quando recebia não era fácil esquecer. Tentou evitar, mas um sorrisinho bobo enfeitou seus lábios antes de finalmente conseguir pregar os olhos.

[...]

O corpo da garota estava quebrado; ela não deveria sequer ter dormido, pensou, pois se sentia muito pior. Nos olhos havia pingado colirio, já que ardiam intensamente. Seus pés correram o mais depressa possível para dar tempo de visitar Lexa.

Assim que chegou na porta a qual tanto ansiava, deixou três batidas suaves na mesma, que logo foi aberta por Becca. A mulher avançou em Clarke assim que a viu, envolvendo suas mãos ao redor do pescoço da garota e a abraçando forte.

-- Eu jamais serei capaz de agradecer o suficiente, querida. -- Becca disse emocionada, fazendo Clarke sorrir.

-- Não me agradeça, senhora Pramheda, eu não fiz nada. Foi tudo mérito única e exclusivamente de Lexa. -- Clarke disse sentindo a mulher lhe soltar e enxugar uma lágrima solitária. -- Como ela está?

-- Perfeita. -- A mulher disse, dando espaço para Clarke entrar no quarto. -- O médico disse que ela terá que ficar uns dias em observação e terá que passar por fisioterapia, pois ela está há muito tempo em desuso dos músculos e dos ossos. -- Becca explicou, vendo Clarke sorrir e acenar para Lexa, que sorriu de volta. -- O cérebro dela também é acostumado a carregar um corpo de seis anos, então ele mesmo pregará peças nela até entender que seu corpo já é adulto.

-- Mamãe... -- Lexa chamou, fazendo a mulher se calar e pôr atenção em sua filha. -- Ela voltou mesmo. -- Lexa disse sorrindo e se ajeitando mais na cama.

-- Sim, querida. Eu disse que ela voltaria. -- Becca disse rindo de uma forma calorosa.

-- Olá, Lexa, sabe quem eu sou? -- Clarke perguntou, se aproximando da cama e, consequentemente, de Lexa.

-- A moça dos olhos de oceano. -- Clarke enrubesceu ante ao elogio. -- Eu gosto de azul.

-- Bem, eu te trouxe caramelos, mas eu conversei com seu médico antes de entrar aqui e, infelizmente, ele disse que você terá que passar por uma dieta rigorosa por alguns dias, sinto muito. -- Lexa fez uma careta antes de olhar seriamente para Clarke.

-- Nem escondido? -- Ela sussurrou após tampar sua boca com uma das mãos para sua mãe não ver, fazendo Clarke rir a plenos pulmões.

-- Não seja assim, mocinha. Não é legal trapacear nas regras quando se trata de nossa saúde, tudo bem? -- Clarke disse e Lexa assentiu um pouco contrariada.

-- Clarke, posso aproveitar que está aqui para ir ao banheiro? -- Becca perguntou, vendo a moça assentir. Pobre Becca, deve estar exausta, pensou Clarke. Se ela não tivesse que ir para suas aulas práticas ela ficaria com Lexa para a mulher tirar algumas horas para descansar.

-- Mamãe me disse que eu não sou neném. Que agora eu já tenho vinte anos. -- Lexa disse fitando com atenção as expressões de Clarke.

-- Ela disse isso?

-- Disse também que eu sempre serei o neném dela, mas me explicou o que aconteceu. -- Lexa disse. -- Parece o desenho do jacaré que queria comer o pica-pau.

-- Ah, sim? -- Clarke perguntou rindo. Ela adorava aquele desenho em sua infância.

-- Sim, só que ao invés de dormir por todo o inverno eu dormi por vários. -- Clarke assentiu, orgulhosa por Lexa ter entendido.

-- E suponho que sua fome esteja igual ao do jacaré, hm? -- Clarke perguntou rindo ao ouvir o estômago de Lexa roncar. A maior acenou um pouco envergonhada e Clarke sorriu. -- Já está quase na hora de sua refeição. Vai comer tudo?

-- Siiiiim. -- Lexa disse animada e Clarke riu.

-- Voltei, crianças. -- Becca disse, sorrindo abertamente. Rápida! Pensou Clarke. A garota se permitiu fitá-la: Ainda aparentava cansada, porém aquela grande tristeza e falta de brilho em seus olhos já não existiam.

-- Eu adoraria ficar mais, mas o dever me chama. -- Clarke disse entortando a boca e Lexa cruzou os braços.

-- Ah não! -- Protestou emburrada.

-- Clarke tem coisas para fazer, meu amor. Lembra-se do que conversamos? -- Lexa assentiu ainda emburrada.

-- No meu intervalo eu prometo passar aqui, tudo bem?

-- Falta muito para isso? -- Lexa perguntou.

-- Umas quatro horas. -- Clarke informou.

-- Mamãe, quanto é isso? -- Becca entortou a boca, como explicaria isso?

-- São o mesmo que dois filmes da Disney, mais ou menos. -- Clarke se apressou em dizer.

-- Jura que vem?

-- Juro. -- Clarke respondeu.

-- De dedinho? -- Lexa questionou, esticando seu dedo mindinho. Clarke o olhou e sorriu genuinamente.

-- De dedinho.
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🏍------- vrum vrum

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