Tsuki é uma garota normal, entediada com sua escola.
Ela vê tudo ao redor como uma névoa densa, um sono profundo...
Ao pedir para ir até a enfermaria, quando estava se sentindo mal, viu, no final do corredor surgir um elevador de portas metálicas, m...
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O medo tomou conta de todo meu ser, e eu sabia que daquela forma não poderia mais flutuar, estava mais pesada do que uma rocha que cai no mar.
A fera se aproximava lentamente, nos observando, sem tirar os olhos de sua presa, que era nós dois, ali, apavorados, ela fez um semicírculo, estudando as nossas reações, com muito esforço eu retirei a pequena faca que Raven havia me dado. Apontando para ele enquanto meu braço tremulava.
- Sai! Sai! Xô bichano!
O tigre dente-de-sabre parou nos observando, tentando entender o que eu fazia.
- Acho que não está funcionando! Disse o menino, ainda fortemente agarrado em mim.
- Eh... concordei, sem a coragem necessária para enfrenta-lo.
No exato instante em que ele ia dar o bote, apareceu como um raio minha amiga bárbara, com lança em riste, detendo o ataque da fera, sua capa de pele rústica esvoaçou com sua chegada, e ela parou entre nós e o animal feroz, bloqueando seu avanço.
- Kian, Tsuki! Ela nos olhou, talvez sem compreender direito como eu havia chegado ali antes dela – Fujam! Vou proteger vocês.
Senti vergonha de ser tão indefesa, mas ao mesmo tempo aliviada por ela nos proteger, ainda segurava a faquinha na mão, mas vi que minha ajuda não seria de grande valia, então fui recuando levando o menino comigo, enquanto Raven ameaçava o tigre para que ele desistisse da empreitada.
O animal estava com fome, mas como a habilidade da guerreira era surpreendente e não lhe dava brechas, ele acabou desistindo e aos poucos foi recuando para a caverna de onde havia saído.
Mais tarde, já na aldeia, soltei toda minha tensão e percebi que tremia de medo, havia me faltado coragem e havia ficado totalmente apavorada, e com isso havia perdido a força suficiente para me manter flutuando, se tivesse sido mais destemida poderia simplesmente segurar o garoto e o tirar dali em segurança, mas fui contaminada pelo medo e fiquei paralisada, sem saber o que fazer.
- Isso acontece com todos nós, disse um dos velhos anciões, por isto precisamos seguir o caminho da coragem, muitos sobem até o ponto mais alto do Mundo Interior, o santuário das pedras, para resgatá-la.
Enquanto ele falava, me surgiu um desejo enorme de ir até esse lugar, mas precisava ir sozinha, sem a proteção de minha amiga, para que minha coragem aumentasse, e assim poderia novamente voltar a voar; desta forma teria os meios para retornar ao meu mundo, e se possível ensinar Raven para que ela também visse o mundo de luz, o mundo aonde brilhava a luz do sol.
Então resolvi esconder dela a minha real intenção, que era de visitar o tal santuário, o qual sabia a direção pelas indicações do velho intraterreno; e assim que Raven ia sair no dia seguinte para caçar, fingi que estava indisposta para não ir junto com ela, e no momento que vi que ela não estava mais visível sai para me aventurar até o santuário.
- Vou com você!
Me virei, e vi o pequeno menino Kian, com um cara decidida.
- Também preciso de coragem, para me tornar uma pessoa que possa proteger os outros, em vez de somente ter medo.
Hesitei por um momento em aceitar sua companhia, mas ao observar seu olhar confiante estendi minha mão na sua direção e o chamei para a aventura.
- Então vamos!
E seguimos juntos nosso caminho, eu tinha minha faquinha e sabia que se me concentrasse conseguiria ter a liberdade de novo, assim como aprendera após as falas de Selectus, no dia que começara minha viagem, ao descer o elevador e chegar ao ponto de transição.
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